O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Marcus Vinícius Polignano, participou, na manhã de ontem (18/10), da exposição de experiências realizada dentro da programação do ‘Áreas de Restrição de Uso de Recursos Hídricos’, que acontece até hoje (19/10) no Centro de Inovação e Tecnologia SENAI FIEMG.

Durante a apresentação, Polignano falou sobre o atual modelo econômico que impacta diretamente os recursos ambientais. “Estamos entrando em um modelo de exploração econômica que avançou tanto na questão ambiental, especialmente na questão das águas, que hoje esse bem se mostra limitante até para o próprio modelo”, disse.

Para exemplificar, o presidente apresentou o cenário atual do Rio das Velhas e dos rios de Minas, como o Verde, o São Mateus, o São Francisco, o Paracatu e o Paraobepa. “Estamos em uma crise hídrica que atinge a aproximadamente 2 milhões de pessoas no Estado, já são mais de 150 municípios em estado de emergência pela falta d’água e atualmente a Copasa [Companhia de Saneamento de Minas Gerais] está fazendo rodízio no abastecimento em quase 70 cidades”, alertou.

Sobre o Rio das Velhas, Polignano falou que o curso d’água está sofrendo com uma vazão de 9 m3/s para abastecer a região metropolitana. Assim, para ele, a discussão sobre a restrição é um debate desafiador, mas necessário. “Precisamos fazer uma gestão de bacia hidrográfica, o que é muito diferente do que pensar em quantidade e disponibilidade, como se o rio fosse uma matemática de vazões. Temos que entender a discussão de território que é alimentada por terras, que formam afluentes e a calha principal, e, assim, teremos quantidade e disponibilidade o tempo todo”, refletiu o presidente.

Degradação do Rio das Velhas nos trechos de Raposos (essquerda) e de Sabará (direita). Crédito: CBH Rio das Velhas – TantoExpresso: Ohana Padilha

Sobre a discussão da restrição hídrica, Polignano alertou sobre o licenciamento ambiental, que não obedece ao que está nos planos diretores de bacia. Ele ressaltou ainda a importância das unidades de proteção e das áreas prioritárias para a conservação e produção de água, bem como das restrições pela disponibilidade hídrica e capacidade de entrega.

III Encontro Internacional de Revitalização de Rios e o I Encontro das Bacias Hidrográficas – Ao finalizar, o presidente do CBH Rio das Velhas convidou a todos para o evento que acontecerá entre os dias 28 e 30 de novembro, em Belo Horizonte. O objetivo do III Encontro Internacional de Revitalização de Rios e o I Encontro das Bacias Hidrográficas é apresentar as melhores experiências sobre a preservação e revitalização de rios no mundo, dentro da concepção sistêmica de bacia hidrográfica. Saiba mais: https://cbhvelhas.org.br/encontrointernacional/

Veja as fotos do evento:

Exposição de experiências – Os debates sobre a restrição de uso de recursos hídricos também contou com a apresentação sobre a região Semiárido Mineiro com o doutor e professor Flávio Pimenta de Figueiredo, do Instituto de Ciências Agrárias/ UFMG, que alertou sobre o processo de desertificação avançado na região norte do Estado de Minas Gerais. Para ele, a origem dos problemas se dá pela falta de chuvas, desmatamento, monocultura e agropecuária intensiva, plantação de eucaliptos em nascentes dos cursos d’água locais, abertura de poços tubulares, barramentos irregulares e desperdício de água.

Na exposição, também foram abordados os temas Rios de Preservação Permanentes, com o doutor e professor Paulo dos Santos Pompeu, da UFLA, e o Panorama dos Conflitos por Água em Minas Gerais, com a analista ambiental do IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas), Joselaine Filgueiras.

Seminário ‘Áreas de Restrição de Uso de Recursos Hídricos’ – O evento é uma realização do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), por meio de sua Câmara Técnica de Planos (CTPLAN) e IGAM. O evento tem o objetivo de fomentar o debate sobre a criação e determinação de critérios para as áreas de restrição de recursos hídricos.