Na última quarta-feira (16 de agosto), a Câmara Municipal de Vereadores de Curvelo foi palco do Seminário ‘Uso Sustentável dos Ribeirões Santo Antônio e Maquiné: desafios e soluções’, promovido pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e Subcomitê Santo Antônio-Maquiné. O evento contou com diversas palestras que abordaram a problemática da disponibilidade e qualidade das águas da região.
A abertura do encontro foi promovida pelo presidente do Comitê, Marcus Vinícius Polignano, que destacou o histórico de luta e mobilização da cidade na preservação dos seus recursos hídricos. “A nossa história com Curvelo é muito antiga. Antes mesmo da formatação do CBH e Subcomitê, por aqui passamos por muito tempo pelo Projeto Manuelzão da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Aqui estabelecemos fortes laços de parceria e luta, justamente para defender o Córrego Santo Antônio”, disse.
Polignano aproveitou o momento para cobrar apoio do Executivo e Legislativo municipal para a assinatura do Programa ‘Revitaliza Rio das Velhas’, pacto firmado entre o CBH Rio das Velhas, a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), prefeituras integrantes da bacia e o Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da SEMAD (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) e IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas), em prol da conservação e revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas.
Rodada de palestras
A primeira palestra da noite foi proferida pelo coordenador-geral do Subcomitê Santo Antônio-Maquiné, Carlos José Brandão. Ele apresentou a definição e funções de um Subcomitê, sua importância para a comunidade, objetivos e projetos em andamento. “Nossa função maior é mobilizar as pessoas e o maior número de entidades possível de Curvelo e região para se engajarem no Subcomitê. Um grande desafio nosso atual, por exemplo, é trazer para mais perto o município vizinho de Inimutaba, para que os atores de lá também possam contribuir no nosso trabalho”, afirmou.
Confira a apresentação utilizada na palestra:
Brandão ainda repassou aos presentes o status da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Copasa, que avalia os problemas relacionadas ao lançamento de efluentes da ETE (Estação de Tratamento de Esgotos) da cidade no Córrego Santo Antônio, cuja vazão está extremamente reduzida, sem a devida capacidade de diluição do que é lançado. O Gerente do Distrito Regional de Curvelo da Copasa, Daniel de Lima Aguiar, também comentou o fato. “Essa é uma discussão que deve envolver toda a sociedade de Curvelo e região. Fato é que, em razão da crise de disponibilidade hídrica que vivemos, o Córrego Santo Antônio praticamente já não tem vazão e, com isso, não consegue diluir o que é eliminado da ETE – que, cabe destacar, está dentro dos parâmetros legais. De toda forma, a Copasa assume o compromisso de melhorar cada vez mais o seu efluente tratado, não somente para atender o que a lei determina, mas para contribuir efetivamente na recuperação do Córrego Santo Antônio”, disse o representante da companhia.
Na sequência, Rogério Sepúlveda, ex-presidente do CBH Rio das Velhas e hoje assessor da Diretoria de Operação Metropolitana da Copasa, apresentou o Programa Pró-Mananciais, cujo objetivo é proteger e recuperar microbacias e áreas de recarga que são utilizados para o abastecimento público, por meio de ações e estabelecimento de parcerias. “É um programa com recursos assegurados exclusivamente para a proteção de mananciais, o que é uma inovação. O recurso virá da arrecadação das tarifas, referente a 0,5%, e o que não for gasto pela Copasa na proteção de mananciais terá que ser devolvido. Esse também é um fator que contribui para a sustentabilidade do projeto”, contou.
O Pró-Mananciais fundamenta-se especialmente no Programa “Cultivando Água Boa” do Governo do Estado de Minas Gerais, que por sua vez é inspirado em projeto desenvolvido pela Itaipu Binacional, no Paraná. O programa tem em sua concepção o desenvolvimento de ações de sensibilização, mobilização e de educação ambiental; a construção coletiva do sentimento de pertencimento à microbacia hidrográfica; o estímulo à mudança de hábitos e costumes; a valorização dos saberes e crenças das comunidades; e a responsabilidade compartilhada.
Confira a apresentação sobre o Programa Pró-Mananciais:
Finalizando o evento, o coordenador-geral do Subcomitê Ribeirão Arrudas, Rodrigo Lemos, apresentou a palestra ‘A agonia de um rio: causas e crise hídrica’. Fazendo comparações entre a realidade local de Curvelo e a vivenciada em muitos outros centros urbanos, ele destacou a crise de gestão que culmina na problemática de disponibilidade e qualidade de água. “Se o [Córrego] Santo Antônio hoje está cheio de problemas, cheio de esgotos, o que não é diferente do que acontece em Belo Horizonte e muitos outros municípios, é também por uma estrutura que define como nós consolidamos a nossa sociedade. Quer dizer que vai ser assim amanhã? Não. Quer dizer que o amanhã depende daquilo que a gente escolhe fazer hoje”, afirmou.
Veja a apresentação da palestra ‘A agonia de um rio’:
UTE Santo Antônio-Maquiné
A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Santo Antônio-Maquiné localiza-se no Médio Baixo Rio das Velhas e é composta pelos municípios de Curvelo e Inimutaba, numa área de 1.336,82 km². Os principais cursos d’água da região são o Ribeirão Maquiné, com extensão de 90,45 km, Córrego Santo Antônio, com aproximadamente 25 km passando pela cidade de Curvelo, e o Córrego Riacho Fundo.
Confira as fotos do Seminário:
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Mais informações:
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
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