Revista Rio das Velhas: Degradação dos cursos d’água

08/11/2016 - 13:31

Ponto 3: É inadmissível a degradação e poluição dos rios, nascentes e lagos, bem como danos e morte da biota aquática e da biodiversidade.

Ribeirão Arrudas

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O Ribeirão Arrudas localiza-se no Alto Rio das Velhas e é composto pelos municípios de Belo Horizonte, Contagem e Sabará. O Ribeirão nasce à jusante do encontro do Córrego Barreiro de Cima e Córrego Jatobá.

Em questões de impactos o Ribeirão Arrudas sofre com a ocupação desordenada, com o lançamento de esgoto doméstico e de efluentes industriais, com a construção de avenidas e bulevares que impermeabilizam o leito do curso d’água e que alteram a paisagem da cidade.

Na contramão das ações que prejudicam a qualidade do Ribeirão e, consequentemente, o Rio das Velhas há no Ribeirão Arrudas trecho de curso d´água que está enquadrado em Classe Especial. Nesse trecho a água pode ser utilizada para consumo humano passando por um simples processo de tratamento, esse trecho corresponde ao Córrego Barreiro, situado no Parque das Águas.

Outro ponto positivo da Bacia é o Córrego Cercadinho, afluente do Ribeirão Arrudas. Nesse Córrego grande parte do esgoto é tratado e, atualmente, há peixes em suas águas. “É a realização de um sonho ver peixes num afluente do Arrudas. Dá a esperança de ver um Arrudas revitalizado com a sua biota aquática”, afirma a coordenadora-geral do Subcomitê Ribeirão Arrudas, Cecília Rute.

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Bacia do Ribeirão Arrudas. Crédito: Bianca Aun e Luiza Baggio

Ribeirão Onça

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A aproximadamente 10 km do centro da capital mineira, o Ribeirão Onça nasce no córrego Lajinha e é o principal curso d’água das partes Norte e Nordeste da cidade. O Ribeirão pertence a região do Alto Rio das Velhas e é composto pelos municípios de Belo Horizonte e Contagem. Além disso, é a região com a maior população da Bacia.

No território do Ribeirão Onça é possível encontrar propriedades rurais, complexos industriais, grandes investimentos imobiliários e ocupações de comunidades tradicionais como o Quilombo de Mangueiras, ocupação Cigana e ocupação Dandara. Assim, a região se caracteriza por uma grande diversidade social, ocupacional e ambiental.

Integrando a Bacia do Ribeirão Onça corre o Ribeirão Pampulha, represado para formar o reservatório de igual nome, que é um dos recantos de turismo e lazer da cidade.

Em questões de saneamento básico, a Bacia do Ribeirão Onça sofre com o lançamento de esgotos domésticos e de efluentes industriais em seu curso. Além disso, é prejudicado pela diminuição das áreas de drenagem e ocupação desordenada de encostas e fundos de vale, problemas causados pela intensa ocupação das áreas dessa sub-bacia.

Para o coordenador-geral do Subcomitê Ribeirão Onça, Márcio Lima, há questões que ainda devem ser levadas em conta. “A região possui áreas bonitas, que poderiam ser melhor aproveitadas para o turismo e lazer, mas que são prejudicadas em função do esgoto, sujeira e resíduo”, explica.
Associando com a questão da campanha Água como Direito Humano, Márcio afirma que a água do Ribeirão Onça precisa de um melhor tratamento para ser entendida como Direito Humano.

Nesse contexto de ocupação desordenada e de poluição das águas do Ribeirão, há a discussão da implementação do Parque do Onça. De acordo com dados da prefeitura municipal de Belo Horizonte, o Parque do Onça poderá ser um dos maiores da capital mineira, com extensão aproximada de 5,5 km, passando por diversos bairros: São Gabriel, Vila São Gabriel, Ouro Minas, Vila Fazendinha, Novo Aarão Reis, Belmonte, Ribeiro de Abreu, Conjunto CBTU (Novo Tupi), Conjunto Ribeiro de Abreu, Casas Populares (Ribeiro de Abreu) e Monte Azul.

A ideia do parque é a de promover a melhoria ambiental e da qualidade de vida da população, ao converter as áreas situadas às margens do Ribeirão do Onça em espaços públicos voltados ao lazer, prática de esportes e educação ambiental. Também irá proteger áreas críticas vulneráveis às inundações do Ribeirão e recuperar a mata ciliar com o plantio de árvores.

É importante ressaltar que, o parque é uma reivindicação que representa as várias conquistas sociais da comunidade local que são: a relocalização das famílias que estão em áreas de risco, interceptação de 100% dos esgotos da região, construção do novo acesso ao Ribeiro de Abreu e municipalização da rodovia MG-20.

Na região há uma forte liderança comunitária, o Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu (COMUPRA) que tem como objetivo criar soluções compartilhadas para a degradação do Onça, por meio de debates, apresentações culturais, atividades artísticas e recreativas. Aliadas ao COMUPRA estão o Subcomitê Ribeirão Onça, Copasa, Prefeitura de Belo Horizonte, Projeto Manuelzão, PUC Minas, Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas, dentre outros.

Com esses parceiros, acontece anualmente na região, o evento Deixem o Onça Beber Água Limpa. Na atividade que ocorreu nesse ano, no dia 11 de junho, a Copasa e os parceiros assinaram o Termo de Cessão de Uso de Espaço, cedendo um espaço – Fazenda Capitão Eduardo – para a realização de atividades socioambientais junto a todos os parceiros e comunidade. Segundo o diretor de Operação Metropoliatana, Rômulo Thomaz Perilli, a Copasa quer estar junto da população no sentido de despoluir o Ribeirão Onça e os rios de Minas Gerais.

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Bacia do Ribeirão Onça. Crédito: Bianca Aun e Michelle Parron.

Ribeirão da Mata

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Descendo a Bacia do Rio das Velhas, está o Ribeirão da Mata, localizado no trecho do Médio Alto. As nascentes do Ribeirão encontram-se no município de Matozinhos e a sub-bacia também percorre outros oito municípios: Capim Branco, Confins, Esmeraldas, Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, São José da Lapa e Vespasiano.

Na área da Bacia do Ribeirão da Mata há a presença de atividades agrícolas, mineradoras, industriais, extrativistas e a urbanização vêm causando problemas ambientais na Bacia, como a erosão do solo. Assim, como nos Ribeirões Onça e Arrudas, o da Mata também sofre com o lançamento de esgotos domésticos e efluentes industriais, e essa fatalidade é responsável por poluir significativamente as águas do Rio das Velhas.

Segundo o coordenador-geral do Subcomitê Ribeirão da Mata, Procópio de Castro, o Ribeirão é considerando, atualmente, como o terceiro maior poluidor do Rio das Velhas. “Temos a expectativa que os planos municipais e projetos de saneamento sejam consolidados”, afirma.

Procópio explica que a região do Ribeirão da Mata sofre com falhas de cobertura do sistema de tratamento de água em todos os municípios da bacia e que os mesmos padecem com a falta de investimentos nesse setor. Mesmo diante dessa realidade, o coordenador acredita que é possível despoluir o Ribeirão, e assim colaborar com o Rio das Velhas com uma água de melhor qualidade.

montagem3Bacia Ribeirão da Mata. Crédito: Bianca Aun

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