Sônia Maria Correia Oliveira é natural de Belo Horizonte e, há quase cinco anos, compõe a equipe técnica da Associação Amanu – Educação, Ecologia e Solidariedade, uma instituição sem fins lucrativos que atua com o propósito de mobilizar e apoiar ações populares comprometidas com uma sociedade mais justa e ecológica, na região da Serra do Cipó. Formada por agricultores familiares, artesãos, produtores artesanais, moradores do campo, técnicos, povos e comunidades tradicionais, a associação – como não poderia deixar de ser – integra o Subcomitê de Bacia Hidrográfica (SCBH) do Rio Cipó.

Foi justamente nesse espaço de debates e articulações em torno da gestão das águas da região que Sônia aprendeu o ofício, se destacou e hoje coordena o subcomitê de uma das UTEs (Unidades Territoriais Estratégicas) mais importantes para a qualidade ambiental da Bacia do Rio das Velhas. “Tem sido uma experiência muito gratificante. Temos conseguido levantar assuntos difíceis e polêmicos e atuar na sua resolução, sem ficar só na discussão. Os demais conselheiros têm me apoiado bastante na condução também”, conta Sônia.

Um dos principais desafios atuais do Subcomitê Rio Cipó é o de liderar as articulações em torno da alternativa de esgotamento sanitário que será adotada no distrito da Serra do Cipó, em Santana do Riacho. Foi a entidade que provocou a criação de um Grupo Multisetorial de Trabalho estritamente para pensar e solucionar a questão, abarcando também atores sociais como a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), ARSAE-MG (Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Agua e de Esgotamento Sanitário de Minas Gerais), ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), associações e ONGs locais.

Na Amanu as demandas não são menos desafiadoras. Presente em quatro municípios e 14 comunidades rurais de Jaboticatubas, a instituição desenvolve ações nas áreas da agroecologia, permacultura, economia popular solidária, educação popular, agricultura urbana e ações socioambientais, sejam voltadas à infância, adolescência, juventude, idade adulta ou pessoa idosa.

E toda essa paixão pelas pessoas e pela natureza, Sônia conta, vem desde a infância. “Fui criada rodeada de nascentes, rios e matas. Quando cheguei aqui [Jaboticatubas] vi o mesmo ambiente da minha infância e decidi lutar por ele, para que as próximas gerações ainda possam crescer no mesmo ambiente em que eu cresci. Percebi que teríamos que lutar muito para conseguir manter o cerrado em pé e, como não fujo de luta, esta passou a ser a minha meta”, diz.

Para Sônia, ser mulher e ativista pelo meio ambiente é um desafio constante pela continuidade da vida. “É um ato de rebeldia no atual sistema. É driblar todos os dias os preconceitos, as más intenções e as forças contrárias”.

Com vistas ao futuro, ela diz o que espera para a UTE Rio Cipó e Bacia do Rio das Velhas como um todo. “Torço para que tenhamos uma bacia preservada, voltando com o potencial de navegação, alimentação e lazer. Para a região do Cipó, espero que ela continue alimentando outras bacias e mantendo a sua beleza exuberante e tão admirada por todos”, conclui.

Veja fotos de Sônia em ação na bacia do Rio Cipó:

Na luta pelo território

08 de março é o Dia Internacional da Mulher. A data remete a uma série de fatos, lutas e reivindicações das mulheres em todo o mundo – especialmente entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX – por direitos sociais e políticos e melhores condições de trabalho.

Com um propósito maior do que meramente comemorar a data, e, sim, de discutir o papel da mulher na sociedade atual, o CBH Rio das Velhas irá apresentar, ao longo dessa semana, o perfil de cinco personagens mulheres que, em meio a tantas outras por essa Bacia Hidrográfica, trabalham e batalham por um território melhor.

Tratam-se de personagens aleatórios, do Alto ao Baixo Rio das Velhas, mas que simbolizam e representam o todo na luta feminina por um ambiente justo e equilibrado.