A chegada das chuvas trouxe alívio para as queimadas, no entanto a estação seca e uma combinação de calor com baixa umidade do ar tornaram o último período de estiagem um dos mais alarmantes da história em relação às queimadas na Bacia do Rio das Velhas e em todo o estado de Minas Gerais. No mês de setembro, Minas chegou à marca de 4.300 hectares (ha) de área queimada no interior das unidades de conservação sob gestão do estado. Em 2020, são 258 ocorrências de incêndios dentro dessas unidades e mais 138 no entorno, o que resulta em mais 6.416 ha atingidos pelo fogo também no entorno, nas chamadas zonas de amortecimento, de acordo com dados divulgados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad).
Os incêndios afetaram também ecossistemas importantes na bacia do Velhas. A Serra do Cipó e o Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato, ambos na região Central de Minas Gerais, entraram outubro ardendo em chamas. A Gruta do Rei do Mato registrou um incêndio que durou quase 10 dias incêndio, começando no dia 28 de setembro. Por lá o fogo consumiu mais de 270 hectares e foi colocado por um andarilho com problemas mentais. A região é um importante sítio arqueológico e de ecossistemas cársticos.
Considerada por muitos como o jardim botânico do Brasil, a Serra do Cipó também sofreu com um incêndio iniciado em 28 de setembro. No local, segundo o Corpo de Bombeiros, pelo menos cerca de 1.800 hectares da área de preservação já foram destruídos pelo fogo. No combate aos incêndios atuam os bombeiros, brigadistas do Instituto Estadual de Florestas (IEF), brigadistas voluntários e de empresas.
Na mesma região, um incêndio também atingiu a Lapinha da Serra, em Santana do Riacho. De acordo com o Corpo de Bombeiros, as chamas, que tiveram início no dia 07 de outubro, foram totalmente extintas após três dias de trabalho de rescaldo e o auxílio de uma chuva fraca que caiu na região. A estimativa é que a área queimada, calculada em sobrevoo realizado no dia 10 de outubro, é de aproximadamente 2,8 mil hectares.
O Monumento Natural da Serra da Moeda, na região metropolitana, foi outra unidade de conservação de Minas que sofreu. No mês de setembro, o fogo queimou por cinco dias deixando 4.200 hectares destruídos.
Desafio
A ausência de dados sobre as causas das queimadas e as dificuldades nas investigações são fatores que mostram como ainda estamos longe de resolver esse problema. Ainda pouco se sabe sobre a origem e a motivação desses incêndios. A estimativa do Corpo de Bombeiros é que 90% dos ocorram por motivação criminosa – mas não há levantamentos oficiais do governo acerca de ocorrências de delitos dessa natureza.
O capitão Warley de Paula Vieira Barbosa, do Batalhão de Emergências Ambientais e Respostas a Desastres, do Corpo de Bombeiros, comenta que as ações antrópicas são o problema. “Existem vários fatores climáticos, como baixa umidade do ar, aumento da incidência de ventos, longos períodos sem chuva, que fazem com que a vegetação fique mais seca e mais suscetível aos incêndios. Não seriam problemas tão preocupantes se não fosse o fator humano, que faz com que esse número passe a ser mais volumoso a cada ano”.
A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, destacou a importância da atuação articulada entre os diversos órgãos de Estado na prevenção e combate aos incêndios nas unidades de conservação estaduais. “Hoje, nós temos uma ação muito bem coordenada do Governo do Estado para que os incêndios florestais tenham o menor impacto a nossa biodiversidade, a nossa qualidade ambiental e a nossa população”, disse.
Neste ano, além do quadro de 265 brigadistas contratados pelo IEF para atuar durante o período crítico de incêndios, mais 145 profissionais foram recrutados para a instalação de sete novas unidades operacionais da Força-Tarefa Previncêndio, com brigadistas, equipamentos e veículos, em regiões onde estão localizadas unidades de conservação de proteção integral das bacias dos Rios Doce e São Francisco. O Estado também possui uma frota aérea com helicópteros e aviões airtractor, estes últimos usados para o lançamento de água nas ações de combate.
A secretária de Meio Ambiente lembrou, ainda, do custo aos cofres públicos das ações de combate aos incêndios nas unidades de conservação sob gestão do Estado, estimado em cerca de R$ 25 milhões anuais. “Precisamos do comprometimento de toda sociedade nas ações de prevenção, pois além dos inúmeros danos socioambientais, a contenção dos incêndios é uma atividade altamente dispendiosa. E se custa muito ao Estado de Minas Gerais, custa muito a todos nós mineiros”, acrescentou.
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio
*Fotos: Corpo de Bombeiros