Como era o Rio das Velhas antes da ocupação portuguesa? Qual era a relação dos povos que aqui viviam como ele? Nesta edição da Revista Velhas, discutiremos o sentido de ancestralidade – segundo o dicionário, particularidade ou estado do que é ancestral, que se refere aos antepassados
ou antecessores.
Falar sobre isso é falar especialmente sobre os Goianás, os Guarachués e os Cataguás, que habitavam essa região do Vale do Rio das Velhas, e fundamentalmente sobre o Uaimií (como o rio era tido e reconhecido por eles).
O pontapé para essa conversa é o artigo do professor Ricardo Moebus que aponta como a tradução portuguesa de Uaimií [Uaimi era equivalente a “velho”, “velha”, e o –í/-y final significava “rio, água”] cunhou literalmente Rio das Velhas, em detrimento a algo como Avó Água, desconsiderando essa perspectiva indígena que reconhece a familiaridade que unifica os seres.
Os Krenak, da mesma maneira, reconhecem o Watu (Rio Doce) como um avô. Nada melhor, nesse contexto, do que uma conversa com um dos pensadores mais influentes da atualidade: o líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor Ailton Krenak. Em entrevista exclusiva à Revista Velhas, ele fala sobre ancestralidade, relação com os rios, preconceito, pandemia e das ameaças que sofremos enquanto espécie.
O Baixo Velhas – porta para o sertão e os Gerais – também se faz especialmente presente nesta edição. Contaremos como cuidadores voluntários estão transformando a paisagem às margens de um curso d’água em Buenópolis, assim como as belezas e a história da Unidade Territorial Estratégica (UTE) Guaicuí, berço da confluência entre os Rios das Velhas e São Francisco.
É lá também, precisamente no distrito de Barra do Guaicuí, que um grupo de dança cria um espetáculo que irá flutuar pelas águas do Velhas. Pelas lentes do fotógrafo Léo Boi, dançaremos juntos e acompanharemos a estética e o processo criativo do grupo Camaleão e o projeto Veias Abertas de Minas Gerais.
Mostraremos também como essa mesma foz do Rio das Velhas e outras porções da bacia hidrográfica estão ameaçadas por projetos hidroelétricos, que podem causar sérios impactos socioambientais e à biodiversidade no território.
Já na outra ponta da bacia, no Alto Velhas, o que preocupa e motiva ações de recuperação pelo Comitê é o alto grau de degradação da Bacia do Rio Maracujá, que nasce em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto. O assoreamento causado pelas voçorocas, uma das maiores do Brasil, praticamente inviabiliza um dos poucos e estratégicos barramentos de água na região: a represa da PCH (Pequena Central Hidrelétrica) Rio de Pedras, em Acuruí, Itabirito.
Com um balanço das queimadas de 2020, discutiremos quais sequelas os incêndios mais severos em 10 anos deixam no ecossistema e na prestação de serviços ambientais.
Da região Norte de Belo Horizonte, na divisa com o município de Santa Luzia, mostraremos como a Ocupação Izidora – formada pelas comunidades Vitória, Rosa Leão, Esperança e Helena Greco – vê nascer um projeto capaz de solucionar
o problema de famílias que não têm tratamento de esgoto.
Tem também a história de como uma iniciativa une pessoas para olhar, sentir, imaginar e resistir pela bacia do Cercadinho, na capital.
O universo pictórico dos naturalistas Jean-Baptiste Debret (Paris, França 1768 – idem 1848) e Johann Moritz Rugendas (Augsburg, Alemanha, 1802 – Weilheim, Alemanha, 1858) – em suas viagens pitorescas pelo Brasil e Minas Gerais – nos ajudarão a contar toda essa história. Através de fusões artísticas do designer e ilustrador Clermont Cintra, unimos a narrativa desses dois importantes artistas viajantes do Brasil oitocentista.
Viajemos juntos nessa!
Confira a revista em seu formato digital:
Imagem de Capa: Montagem gráfica de Clermont Cintra produzida a partir das seguintes obras artísticas e cartográficas de época: Campos sur les bords du rio das Velhas dans la province de Minas Geraës – Johann Moritz Rugendas (entre 1827 e 1835); Habitans de Minas – Johann Moritz Rugendas (1835); Aldea de Cabocles à Canta-Gallo – Jean-Baptiste Debret (1834); Coiffures, et suite de têtes de différentes castes sauvages – Jean-Baptiste Debret (1834); Carta Geral do Brasil – Albernaz (1666); Imagem do editorial: Cabocle Indien Civilisé – Jean-Baptiste Debret (1834)
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
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