O que conecta desigualdade de gênero à ausência de saneamento básico? Qual a causa e qual a consequência? A relação direta entre água e a mulher atravessa necessariamente a discussão sobre estereótipos entre os gêneros – e sobre isso a Revista Velhas nº 14, publicação semestral do CBH Rio das Velhas, irá se debruçar nesta edição.
Dado o papel social concebido à mulher, historicamente são elas que, à beira do córrego, lavam trouxas de roupas para sustentar a família, que se responsabilizam e assumem os cuidados com a higiene doméstica e pessoal dos filhos, que se necessário carregam latas d’água na cabeça por longas distâncias até suas casas, que cuidam dos membros da família que padecem de doenças de veiculação hídrica.
São elas, portanto, as que mais sofrem com a falta de água e de saneamento. Nem por isso – ou exatamente por isso, colegiados que promovem a gestão dos recursos hídricos ou mesmo decisões políticas e a elaboração de leis que versam sobre água, esgoto e higiene, não têm a participação expressiva e efetiva das mulheres. Por quê?
Essa reflexão e questionamento se estende a nós mesmos. Como é a participação feminina nas instâncias que compõem o CBH Rio das Velhas? Plenário, Câmaras Técnicas, Subcomitês e Agência de Bacia têm uma composição minimamente paritária? Essa inspiração na força e potência feminina também se faz presente na edição nº 14 da Revista Velhas na entrevista com a ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Ela fala sobreas crises hídrica e energética, do desmonte da governança ambiental brasileira e da admiração pelo engajamento em torno da revitalização do Rio das Velhas.
A arte aqui também se debruça sobre o tema pelo trabalho de Julia Panadés. ‘Mulher Canoa’ e ‘Mulheres Geológicas’, séries da artista, atravessam questões ligadas à ancestralidade e ao feminino, tangenciando o conceito das montanhas mineiras e o fluxo dos rios nas formas e na cor.
No ano da pior seca no Brasil em 91 anos, traremos também um retrato da estiagem. Responsável pelo abastecimento de metade da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o Rio das Velhas entrou em estado de alerta – o último estágio antes da necessidade obrigatória de restrição de uso da água – ainda no mês de julho de 2021, apenas no início do período seco.
O símbolo dessa crise na Bacia Hidrográfica continua sendo o Rio Bicudo, no Baixo Rio das Velhas. A superexploração e a degradação do território têm feito com que de modo cada vez mais frequente o rio fique “cortado” em determinados trechos, sem ligação de água.
O entendimento de que a crise é sistêmica vem nas palavras do físico e professor da USP, Paulo Artaxo. Na matéria ‘Por que está chovendo menos?’, ele esclarece como o desmatamento na Amazônia e o aquecimento global explicam a redução de precipitação nos últimos anos no Brasil Central como um todo.
Em meio a todo esse contexto de crise, o Comitê ouve especialistas e aponta quais alternativas seriam viáveis de ser implementadas na região do Alto Rio das Velhas para garantir a segurança hídrica da Região Metropolitana de Belo Horizonte, fruto do Acordo do Governo de Minas Gerais com a Vale, como reparação pela tragédia de Brumadinho, em 2019.
Tem também a relação entre o boêmio bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, e um importante afluente do Rio das Velhas, os percursos do Córrego Santo Antônio e do Ribeirão Maquiné na terra de João Guimarães Rosa e um perfil especial com o poeta das barrancas do Rio Cipó, José Geraldo Silvério, o Zezinho.
Se aprochegue.
Confira a revista em seu formato digital:
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social