Poliana Aparecida Valgas Carvalho foi eleita presidenta do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) na última Plenária realizada em setembro. Na gestão anterior do Comitê atuou como secretária-adjunta. Formada em engenharia ambiental pelo Centro Universitário de Sete Lagoas, está finalizando a especialização em Gestão dos Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG) e, atualmente, é secretária de Meio Ambiente e Saneamento do município de Jequitibá.
Com a chapa “Renovação e Experiência”, Poliana Valgas se torna a primeira presidenta mulher do CBH Rio das Velhas. Com o empoderamento feminino pretende construir uma bacia do Rio das Velhas mais forte, inclusiva e sustentável, de forma descentralizada, ao lado de todos os membros do Comitê.
Entrevistamos a nova presidenta para saber um pouco mais de sua trajetória na luta ambiental e o que pretende à frente do CBH Rio das Velhas:
1) O que despertou a sua atenção para a luta em prol do Rio das Velhas?
Meu primeiro contato com o Rio das Velhas foi quando eu tinha 30 dias de vida e meus pais foram me levar para conhecer meus avós e, como não tínhamos carro nessa época, atravessávamos o rio à canoa. De lá para cá a minha relação com o Velhas só cresceu e se fortaleceu.
Ao longo da minha vida vi o Velhas caudaloso e imponente. Vi a pesca do Surubim e do Dourado. Porém, vi também o rio definhar, mudar de cor, virar um mar de cianobactérias e muitos episódios de mortandade. Isso tudo me impactou muito e me fez escolher cursar engenharia ambiental e depois me especializar em gestão de recursos hídricos, porque eu queria fazer a diferença.
Nessa época, o nosso companheiro Zezinho, o poeta, me apresentou o CBH Rio das Velhas, por meio do Subcomitê Rio Cipó, o qual é membro. Quando participei de uma reunião, fiquei extremamente encantada e motivada com o trabalho das pessoas que estavam ali. Foi tudo isso que me conduziu a chegar hoje até a presidência do CBH Rio das Velhas.
2) Quais os desafios à frente do Comitê?
Sigo com o DNA da gestão anterior a qual fui secretária-adjunta. Nossa ideia é propor uma agenda positiva para os municípios da bacia e ampliar a parceria com os mesmos na luta pela preservação do Rio das Velhas com uma participação efetiva nos programas e atividades do Comitê, em especial o ‘Revitaliza Rio das Velhas’. A nossa principal pauta é o saneamento básico, especialmente no Alto Rio das Velhas, importante região produtora de água.
A nova gestão do CBH Rio das Velhas terá um olhar mais inclusivo e será compartilhada e democrática. Todos os membros da nova diretoria terão papéis importantes, o que mostra a maturidade do Comitê em trabalhar de forma descentralizada assim como prega a Política de Gestão dos Recursos Hídricos.
3) O plano de trabalho da nova diretoria traz quatro principais eixos de atuação. Quais ações pretende colocar em prática para avançar nesses eixos?
Montamos um plano de trabalho que traz quatro eixos principais que são: Água em qualidade; Água em quantidade; Gestão de Recursos Hídricos; Participação Social e Institucional. Para alcançar esse objetivos predefinimos algumas ações e o nosso diferencial será a aproximação do CBH Rio das Velhas com os municípios. Sabemos que o uso e a ocupação do solo é um grande impacto na bacia, por isso não dá mais para pensarmos nesses assuntos de formas desassociadas. Os gestores municipais precisam começar a visualizar e entender a bacia. Para isso vamos compatibilizar a questão hídrica com o território dos municípios.
4) Alguma ação prevista para a produção de água?
Pretendemos avançar no Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Acreditamos que não adiantar tratar o rio e não produzir água. O incentivo à produção ainda é muito maior que o incentivo à proteção dos recursos naturais, mas o Brasil começa a engatinhar para tentar encontrar um equilíbrio entre eles. O Pagamento por Serviços Ambientais é um instrumento que tenta estimular a proteção dos serviços ecossistêmicos. Com certeza é uma pauta que vai integrar toda a bacia, desde o Alto Velhas até a região do Baixo.
5) Como será a participação social no CBH Rio das Velhas em sua gestão?
A nova gestão continua firme nos propósitos do CBH Rio das Velhas. Apesar de representar um município, vamos ampliar ainda mais a participação social, que
é o cerne do Comitê.
6) Como é se tornar a primeira mulher a presidir o CBH Rio das Velhas?
O Comitê é para todos e, com uma caminhada árdua, consegui adentrar em um ambiente dominado por atuações masculinas ao assumir a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santana de Pirapama e, posteriormente, do município de Jequitibá. Fui também a primeira mulher a compor a diretoria do CBH Rio das Velhas, como secretária-adjunta, e agora a primeira a assumir a presidência. Sinto-me honrada de representar as mulheres que podem e devem ocupar os espaços nas estruturas sociais e políticas de um país. A participação das mulheres é indispensável na construção de uma sociedade mais justa, inclusiva, democrática, igualitária e sustentável. E esses serão o meu norte no CBH Rio das Velhas.
7) Algo a acrescentar?
O CBH Rio das Velhas tem mais de 20 anos de atuação. Foram muitas conquistas até aqui. A última gestão realizou trabalhos importantes e agora temos outros tantos pela frente. Conto com a parceria e apoio de todos para avançar nas pautas ambientais!
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Entrevista: Luiza Baggio
*Foto: Ohana Padilha