Visando a melhoria da qualidade de vida da população e a proteção dos ecossistemas regionais e dos mananciais hídricos, a bacia do Córrego do Machado, situada na cabeceira do Ribeirão Jequitibá, no município de Sete Lagoas, recebe um projeto que realizará o diagnóstico da bacia com a proposição de ações de proteção e conservação dos recursos hídricos. Financiado com recursos da cobrança pelo uso da água e executado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), por meio do Subcomitê Ribeirão Jequitibá e a Agência Peixe Vivo, o projeto tem o nome de “Estudo para Proteção e Conservação do Córrego do Machado”.
Segundo relatos dos moradores da região o manancial tem sofrido. “O avanço da urbanização de Sete Lagoas tem gerado fortes pressões e prejudicado a qualidade das águas do córrego e seus tributários, com a crescente implantação de empreendimentos imobiliários na bacia do Córrego do Machado. A degradação ambiental é iminente, tendo o córrego como destino do esgotamento sanitário. Atualmente, o grande problema que enfrentamos é a degradação do solo causada pela pecuária com o pisoteio do gado e o uso de fossas negras. Lutamos para a criação da APA [Área de Preservação Ambiental] do Córrego do Machado, que teve a lei aprovada em 2019, para preservar a região. Temos um patrimônio que será muito importante para as gerações futuras. A demanda por água é crescente em nosso município e é nossa obrigação preservar esse manancial”, ressaltou Ângelo Pacelli, membro do Subcomitê Ribeirão Jequitibá e um dos criadores da Associação dos Produtores Rurais do Vale do Córrego Machado (Aprovacom), que defende e luta pela sua preservação.
O córrego Machado é atualmente o principal afluente do Ribeirão Matadouro e sua topografia é privilegiada, está na cabeceira do município, em uma conformação das encostas, que são íngremes. Segundo Ângelo Pacellipara que esse manancial seja preservado é fundamental que a ocupação das suas margens seja planejada. “Nestas áreas se localizam a maioria das nascentes. O que se vê atualmente é que os interesses econômicos sobressaem sobre o ambiental, por isso temos que nos mobilizar para que estas áreas sejam protegidas”, disse ao defender que a conscientização tem que acontecer a partir da comunidade.
Desde sua nascente até a foz, o córrego do Machado apresenta uma extensão de aproximadamente 9,7 km, com predominância do bioma Cerrado. A área mais urbanizada da bacia localiza-se na porção norte, próxima a foz, no bairro Padre
Teodoro, enquanto as áreas mais florestadas estão dispersas na porção centro sul da bacia. O córrego tem potencial para no futuro tornar-se um manancial de abastecimento para o município de Sete Lagoas.
A coordenadora-geral do Subcomitê Ribeirão Jequitibá, Marley Beatriz de Assiz Lima, destacou a importância do projeto em meio a esse contexto. “A contratação deste estudo se justifica pela necessidade de manter preservada a bacia do córrego do Machado. O cadastro de propriedades se configura como uma importante ferramenta de planejamento de uso e ocupação do solo, na medida em que é capaz de oferecer subsídios que vão indicar as melhores práticas de uso visando a manutenção da qualidade da água e da disponibilidade hídrica adequada. Será realizado o cadastramento de nascentes em 65 propriedades rurais na APA do Córrego Machado. É o início dos trabalhos para o plano de manejo. Outra ação importante é a de mobilização social com a comunidade local, visando a preservação”, disse.
Marley complementou esclarecendo sobre a importância do córrego para Sete Lagoas. “O Machado é um contribuinte do Jequitibá e não podemos permitir a sua degradação. Caso contrário vamos eliminar um aporte de água de qualidade. Suas nascentes precisam ser preservadas, pois abastecem o Jequitibá e, consequentemente, o Rio das Velhas com águas de boa qualidade”, esclareceu.
Responsável pela elaboração do estudo, a empresa Detzel Gestão Ambiental informou que os trabalhos já foram iniciados. “O projeto envolve a elaboração de pesquisas bibliográficas e visitas de campo para construção de diagnóstico socioambiental que irá basear a avaliação ambiental e proposição de ações específicas de conservação para o Córrego do Machado, em apoio ao Plano Diretor de Recursos Hídricos do Rio das Velhas e ao Programa Revitaliza Rio das Velhas. Iniciamos os trabalhos em dezembro de 2020 e já apresentamos o Plano de Trabalho para a Agência Peixe Vivo e para o Subcomitê Ribeirão Jequitibá”, afirmou Valmir Augusto Detzel, responsável pela empresa executora.
A Detzel vai elaborar o diagnóstico da bacia do Córrego do Machado com o levantamento georreferenciado e caracterização de nascentes, áreas degradadas e focos erosivos, incluindo o cadastramento de propriedades urbanas e rurais e propor um plano de ações com vistas à proteção e recuperação de nascentes e áreas degradadas.
O projeto “Estudo para Proteção e Conservação do Córrego do Machado” terá a duração de 12 meses e um investimento de R$ 259.962.99. O seminário inicial será realizado no dia 13 de abril, a princípio on-line devido à pandemia, para apresentar à comunidade local e poder público as ações que serão executadas e os objetivos esperados.
Confira a área de abrangência do projeto:
A UTE Ribeirão Jequitibá
A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Ribeirão Jequitibá localiza-se no Médio Rio das Velhas, sendo composta pelos municípios de Capim Branco, Funilândia, Jequitibá, Prudente de Morais e Sete Lagoas. Ocupa uma área de 624,08 km2 e detém uma população de 145.729 habitantes, segundo dados do PDRH do Rio das Velhas. Os principais cursos d’água da UTE são o Ribeirão Paiol, Ribeirão Jequitibá, Córrego Cambaúba, Córrego Saco da Vida e Ribeirão do Matadouro.
Na área da referida UTE, os principais agentes de degradação dos cursos d’água são: efluentes domésticos e industriais, e poluição difusa. No que tange ao balanço hídrico, a situação da UTE Ribeirão Jequitibá é considerada crítica. Nesse cenário, o Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (PDRH Rio das Velhas) direciona investimentos para programas de recuperação e conservação do sistema ambiental, bem como para a implantação de tecnologias na área de saneamento.
Veja as fotos da região:
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio
*Fotos: Bianca Aun, Celso Martinelli, Lucas Nishimoto e Ohana Padilha