Em entrevista, Marcus Vinícius Polignano se despede da presidência do Comitê

24/09/2020 - 10:14

Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) por sete anos, Marcus Vinícius Polignano encerra sua gestão (2013-2020) com saldo positivo e importantes conquistas para a revitalização do Rio das Velhas e avanços no Comitê como instituição.

Polignano é médico sanitarista, mestre em Epidemiologia e doutor em Pediatria Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente, é professor associado do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, coordenador do Projeto Manuelzão e presidente do Fórum Mineiro de Comitês de Bacia Hidrográfica (FMCBH).

Entrevistamos Polignano– que será o secretário na gestão 2020-2022, que terá Poliana Valgas como presidente – para fazer um balanço de sua gestão:

1) Foram sete anos como presidente do CBH Rio das Velhas. Qual é o balanço de sua gestão?

A nossa gestão teve uma estratégia clara que foi a de construir um plano de metas que possibilitasse nadar, pescar e navegar no Rio das Velhas. Obviamente essa é a grande meta que vem desde o Projeto Manuelzão, o qual também faço parte. Construímos dentro do Comitê a Meta 2010, a 2014, e, mais recentemente, o Revitaliza Rio das Velhas.

Foram muitos os avanços e podemos citar a construção do novo Plano Diretor de Recursos Hídricos e a recuperação da bacia na Região Metropolitana como pontos de destaque. Conseguimos vitórias importantes na política de saneamento básico com a construção das ETES [Estação de Tratamento de Esgoto] de Sabará e de Santa Luzia e com a elaboração de Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) para 28 municípios da bacia, o que dá condições aos mesmos de conseguir recursos para melhorar o saneamento. Destaco também a realização de 34 projetos hidroambientais voltados para a melhoria da qualidade e quantidade de água.

Além disso, avançamos com a mobilização social e a comunicação o que nos ajudou a consolidar os Subcomitês em nossa estrutura. Fizemos várias campanhas, como por exemplo, “Água como Direito Humano” em 2016, “Revitaliza Rio das Velhas, em 2017, “Ação pelas Águas” em 2018, “Que Rio Queremos” em 2019 e “A Cidade e as Águas” agora em 2020. Todas com o objetivo de chamar a atenção do poder público, sociedade e usuários para a importância dos recursos hídricos e a necessidade de revitalização e preservação para termos água em quantidade e qualidade.

2) O que mais te deixou orgulhoso nessa gestão?

Alcançar a posição de destaque que o CBH Rio das Velhas tem hoje. Conseguimos fortalecer o Comitê com a produção de políticas públicas. Conquistamos um papel importante na política de Recursos Hídricos do Estado. O modelo de ocupação transformou os nossos rios e temos trabalhado pela manutenção da gestão do território por bacias hidrográficas.

Além disso, apesar das divergências dos três seguimentos que compõem o CBH Rio das Velhas [usuários de água, poder público e sociedade civil] conseguimos ter um Comitê convergente, respeitado por seus membros e pelos de fora. Conquistamos visibilidade e alinhamento, o que nos fortaleceu institucionalmente.

3) Qual foi o maior desafio?

Os principais desafios são dois pontos. O primeiro são os licenciamentos ambientais que passam por cima do território das águas. Não tem como ter um modelo de desenvolvimento que desconsidera o território das águas, as áreas de recarga e de produção de água. Falta uma visão estratégica da produção de água e, por isso, a Região Metropolitana de Belo Horizonte está sempre no limite da vazão do Rio das Velhas.

O segundo ponto é que falta uma agenda política de proteção dos recursos hídricos. Para isso, é preciso criar uma agenda ambiental e de proteção da água que seja efetivamente uma política de Estado.

4) Como será sua atuação como secretário do CBH Rio das Velhas na gestão 2020/2022?

A diretoria na qual fui presidente foi muito coesa. Procuramos sempre trabalhar de forma coletiva para alcançar os objetivos traçados. Na nova gestão seguimos nessa linha e vamos continuar a atuar de forma compartilhada. Sigo acompanhando as questões minerárias e vou auxiliar a presidente Poliana no que for necessário. Passo o meu bastão para ela com muito orgulho!

5) Uma mensagem para a presidente Poliana Valgas.

A responsabilidade dessa diretoria é enorme e procuramos harmonizar várias questões entre os diversos setores do Comitê. A Poliana tem três componentes importantes de representatividade: é a primeira mulher a presidir o Comitê, representa um município no colegiado, além de ser jovem. Acredito na força das pessoas e sei que ela tem uma capacidade intelectual e política muito grande, o que acredito que trará grandes conquistas e nos ajudará a criar uma agenda propositiva para a bacia do Rio das Velhas.

 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Entrevista: Luiza Baggio
*Foto: Bianca Aun