Manifesto em defesa da área da Floresta Uaimii é enviado ao Ministério Público

05/05/2021 - 10:00

Responsável pela proteção e conservação de centenas de nascentes que abastecem pequenos afluentes que se encontram com o Rio das Velhas, a Floresta Estadual Uaimii, localizada no distrito de São Bartolomeu, pertencente ao município de Ouro Preto, no Alto Rio das Velhas, tem sua área limite ameaçada e necessita de gestão. Em vista disso, o Instituto Guaicuy, com o apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) encaminhou ao Ministério Público de Minas Gerais, um manifesto em defesa da Floresta Uaimii, no dia 30 de abril.

O responsável pelo manifesto, o representante do Instituto Guaicuy e membro do CBH Rio das Velhas e Subcomitê Nascentes, Ronald Guerra, esclarece que o documento tem o objetivo de tornar pública a mudança na área limite da Floresta. “Parte da Fazenda Ajuda foi abduzida da delimitação da Floresta Uaimii, o que implica em uma diminuição ilegítima com reflexos na preservação ambiental. A área de aproximadamente 400 hectares atualmente é de posse da mineradora Vale”, afirmou.

O processo de criação da Floresta Uaimii foi concluído em 2003, com a publicação do Decreto Estadual s/nº, de 21/10/2003 com uma área de 4.398,16 hectares, compreendendo, em sua totalidade, as Fazendas da Ajuda, Mata-Pau, Paiol e Tapera. Na época foi acordada com a Câmara de Proteção da Biodiversidade (CPB) a Compensação Ambiental pela implantação da Mina de Fábrica Nova da Vale, pertencente ao complexo de Mariana, com recursos destinados à compra, em sua integralidade, das Fazendas Ajuda, Mata-Pau, Paiol e Tapera, visando à implantação da Floresta Estadual do Uaimii.

O CBH Rio das Velhas defende que seja respeitado o rito de criação da Floresta Uaimii e revisto o Decreto Estadual s/no de 21/10/03 mantendo a área da Fazenda da Ajuda de propriedade da Horizonte Têxtil, dentro dos limites da Unidade de Conservação. Em abril, o Comitê enviou ofício à gestora da APA Estadual Cachoeira das Andorinhas informado sobre a situação.

“A área retirada da Floresta Uaimii em seu processo de criação é de extrema relevância para a conservação da biodiversidade. Corresponde a uma das partes mais íntegras do seu território, formada por campo rupestre de altitude, onde estão as principais nascentes que justificaram a criação da UC, como por exemplo a proteção dos mananciais que contribuem para o abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O processo de compra, venda e de transferência das fazendas da Ajuda, Mata-Pau, Paiol e Tapera deve ser investigado para esclarecimento sobre a delimitação da Floresta”, acrescentou Ronald Guerra.

Outro problema apresentado por Ronald Guerra é a falta de gestão. “A Floresta Uaimii sofre constante depredação e vandalismo. Desde 2017, a guarita de entrada se encontra completamente destruída e, em torno da construção, sacolas plásticas, embalagem de carvão e vários sachês de maionese e catchup, caixas, garrafas de sucos e refrigerantes, latas, papel”, acrescentou.

Sem vigilância constante, a unidade de conservação fica à mercê de novos ataques e usos irregulares. O grande fluxo de visitação, aliado à falta de conscientização dos usuários, está causando um acúmulo de lixo na região.

Assinam o manifesto em defesa da Floresta Uaimii o Instituto Guaicuy, Projeto Manuelzão, Associação Quadrilátero das Águas (AQUA), Associação dos Doceiros e Agricultores Familiares de São Bartolomeu (ADAF), Frente Mineira de Luta das Atingidas e Atingidos pela Mineração em Minas Gerais (FLAMA/MG), Associação Comunitária do Engenho D’Água; Federação das Associações Comunitárias de Ouro Preto (FAMOP), ONGs Lagoa Viva de Pedro Leopoldo e AMAR de Lagoa Santa; Associação Comunitária dos Artesãos e Agricultores do Maciel (ACAAM), Associação de Desenvolvimento Comunitário de São Bartolomeu (ADECOSB), Associação de Proteção Ambiental de Ouro Preto (APAOP) e Instituto Dervixe de Ouro Preto.

APA Cachoeira das Andorinhas

A Floresta Uaimii pertence à Área de Preservação Ambiental (APA) Cachoeira das Andorinhas, região de encontro da Mata Atlântica com o Cerrado. A unidade de conservação também abriga a nascente do Rio das Velhas e o Parque Natural Municipal das Andorinhas.

Tanto a APA Cachoeira das Andorinhas quanto a Floresta Uaimii são classificadas como unidades de conservação de uso sustentável de Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE).

O CBH Rio das Velhas elaborou o Plano de Manejo do Parque, no ano de 2017, financiado com recursos da cobrança pelo uso da água na Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas. A execução do Plano de Manejo representa a garantia de proteção e preservação desta região estratégica não apenas para o município de Ouro Preto, mas para toda a bacia hidrográfica do rio das Velhas.


Veja as fotos da APA Cachoeira das Andorinhas: 


Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio
*Fotos: Bianca Aun e Lucas Nishimoto