Quarentena não é férias: Serra do Cabral

30/04/2020 - 10:06

A Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas é repleta de belos lugares. Cachoeiras de todos os tipos, vilas aconchegantes, serras com lindas vistas e uma culinária pra lá de reconhecida. Mas vivemos tempos em que o isolamento social é a principal medida para se combater a pandemia do Coronavírus (COVID-19). Definitivamente, a quarentena não é férias e não é o momento para se viajar e aumentar as chances de transmissão do vírus, especialmente a localidades pequenas, com uma população idosa mais significativa e com uma estrutura pública de saúde mais limitada.

Enquanto vivenciamos esse momento, você pode conhecer alguns desses belos lugares da Bacia do Rio das Velhas por meio da série ‘Conheça e Preserve’. Nesta edição, apresentaremos a Serra do Cabral e o Parque Estadual criado para proteger o seu ecossistema.

A Serra do Cabral, na região Norte de Minas, faz parte da Cordilheira do Espinhaço e é um divisor das UTEs (Unidades Territoriais Estratégicas) Guaicuí e Rio Curimataí, além de dividir as bacias dos Rios das Velhas e Jequitaí, ambos afluentes da margem direita do rio São Francisco. A região apresenta incontáveis nascentes, cachoeiras e veredas, além de uma fauna e flora exuberantes, com algumas espécies endêmicas.

Na Serra do Cabral viveram povos indígenas nômades até aproximadamente 350 anos atrás, o que reforça a sua importância arqueológica e histórica. Eram conhecidos como Cabralinos e deixaram muitas pinturas rupestres.

O Parque Estadual da Serra do Cabral compreende os municípios de Buenópolis e Joaquim Felício em uma área de mais de 22 mil hectares, de acordo com Instituto Estadual de Floresta (IEF). A unidade possui grande número de sítios arqueológicos pré-históricos.

Sua importância se deve também como ponto de referência entre viajantes do período colonial e ao longo do século XX, assim como pela literatura. Algumas obras do escritor mineiro João Guimarães Rosa têm como cenário a região Norte do Estado, onde encontra-se a Serra do Cabral e suas características naturais que conferem singularidade regional.


Conheça a Serra do Cabral em fotos:


Parques Estaduais fechados para visitação em MG

Desde o dia 18 de março, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) suspendeu a visitação em todas as unidades de conservação gerenciadas pelo órgão em Minas Gerais – o IEF gerência 21 unidades de conservação no Estado abertas ao uso público. O objetivo da suspensão das visitas é evitar que aglomerações de pessoas possam favorecer a transmissão do vírus e piorar a situação de Minas Gerais.

Chefe do Parque Estadual da Serra do Cabral e conselheiro do Subcomitê Rio Curimataí, vinculado ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Jarbas de Alcântara é totalmente favorável à medida. “A decisão de fechamento das unidades de conservação do Estado neste momento foi bem acertada pela Diretoria, já visualizando o problema que pode vir a ocorrer futuramente”.

Ele explicou também como a gestão do Parque Estadual da Serra do Cabral se mantém no atual contexto. “Com o posicionamento da Diretoria de segurança para os servidores, adotamos no parque o posicionamento de trabalhos de campo, com o monitoramento das áreas internas da unidade, sabendo que com este momento de confinamento, e a região ter proprietários que têm ranchos em áreas que dividem com o parque, poderia estar ocorrendo ações que venha causar danos à unidade.Neste caso, optamos em dividir a equipe para realizar os trabalhos de monitoramento. Como esta atividade não tem como ser feita em home-office, optamos pelo trabalho das equipes em campo, sendo que os mesmos não farão contato direto com proprietários de áreas dentro e no entorno da unidade. Identificando alguma situação em que venha causar danos à unidade, ele farão relatório que será enviado a Polícia Ambiental para que tome as devidas providências.Estamos também aproveitando o momento para algumas manutenções em trilhas e sinalizações para que, futuramente, quando regularizar a situação, possamos receber os visitantes sem qualquer dificuldade”, explicou.

Quando tudo isso passar, e vai passar, não deixe de conhecer a Serra do Cabral.

O território

A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Rio Curimataí localiza-se no Médio Baixo Rio das Velhas e é composta pelos municípios Augusto de Lima, Buenópolis e Joaquim Felício. A Unidade ocupa uma área de 2.235,13 km² e detém uma população de 6.830 habitantes. A região é caracterizada por sua beleza natural, serras, cachoeiras e rios preservados, atraindo um número crescente de turistas e sendo responsável por uma recarga de vida e águas limpas para o maltratado Rio das Velhas. Os rios principais da Unidade são Rio Curimataí, Rio Curimataizinho, Córrego de Pedras e Córrego Riachão.

Já a UTE Guaicuí também se localiza no Baixo Rio das Velhas e é composta pelos municípios de Corinto, Lassance, Pirapora e Várzea da Palma. A Unidade ocupa uma área de 4.136,93 km² e detém uma população de 31.581 habitantes. Esta UTE envolve a foz do Rio das Velhas com o Rio São Francisco, onde o Rio das Velhas possui 153,66 quilômetros de extensão dentro da unidade territorial. Outros cursos d’água relevantes são o Ribeirão Bananal, Ribeirão do Corrente, Ribeirão do Cotovelo e Córrego do Vinho.

Em 2016, o CBH Rio das Velhas promoveu a Expedição Serra do Cabral, com o objetivo de mapear, classificar e fazer o diagnóstico das nascentes dos principais contribuintes do rio Curimataí. Na ocasião, pôde-se identificar e concluir que as queimadas e a presença de gado são os dois principais e mais recorrentes focos de pressão ambiental na região. Das 25 nascentes visitadas, 22 apresentavam vestígios de queimadas e 20 de presença de gado. Diversas nascentes ainda se mostraram secas e migraram, às vezes centenas de metros, a jusante.


Assista ao vídeo sobre a expedição:


 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiz Ribeiro
*Fotos: Michelle Parron e Ohana Padilha