Rodoanel é tema de debate entre Secretaria de Infraestrutura e Subcomitês Poderoso Vermelho, Ribeirão da Mata e Carste

15/04/2021 - 15:15

Preocupados com os impactos ambientais do traçado da alça Norte do Rodoanel, os membros dos Subcomitês Poderoso Vermelho, Ribeirão da Mata e Carste se reuniram com o secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais, Fernando Marcato, no dia 14 de abril, por videoconferência. O atual traçado da nova malha viária atravessará vários municípios da bacia do Rio das Velhas e o objetivo do encontro foi discutir os impactos ambientais do projeto.

O Rodoanel na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) será financiado em parte com recursos da indenização de R$ R$ 37,68 bilhões acordada entre a mineradora Vale e o Governo de Minas em virtude do rompimento da barragem em Brumadinho, no ano de 2019. O projeto é de responsabilidade da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (SEINFRA) que prevê o início das primeiras obras para 2023 e promete retirar o tráfego de veículos pesados do Anel Rodoviário.

O secretário de Estado explicou que o Rodoanel visa fazer frente aos problemas de segurança e saturação do Anel Rodoviário, criando infraestrutura para deslocamentos mais ágeis, com mais segurança e gerando qualidade de vida à RMBH. “Ele permitirá a redução de cerca de um mil acidentes por ano, com potencial de minimizar emissões de CO2 em quase 10%, além de benefícios no contexto social como aumento do PIB entre 7% e 13% na RMBH, em 10 anos; redução de deslocamento e tempo de viagem entre 30 e 50 minutos; geração de mais de 10 mil empregos; aumento de programas de apoio social; diminuição do fluxo de caminhões nas regiões marginais e urbanas de BH entre 4 mil e 5 mil veículos comerciais; entre outros”, afirmou.

Questionado sobre a segurança hídrica, o secretário Fernando Marcato, esclareceu que foram buscadas alternativas para evitar o corte de bacias hidrográficas. “É necessário o aprofundamento do projeto executivo e dos estudos ambientais, mas nos locais onde há presença de manancial o traçado trará dispositivos de drenagem que permitam controlar poluentes. Nesses trechos, em destaque os trechos Sul e Vargem das Flores, unidades de pronto atendimento ambiental estarão de prontidão para atuar de forma ágil para evitar desabastecimento. Além disso, a obra contará com as últimas tecnologias de sistemas de drenagem que impedem o escoamento de águas contaminadas para mananciais”, explicou.

Sobre a revisão do traçado do Rodoanel, Fernando Marcato afirmou que várias instituições como a Associação Mineira em Defesa do Meio Ambiente (AMDA) e a Prefeitura de Betim já realizaram solicitações de alterações. “Após finalizarmos o período de consulta pública e coletadas as contribuições da sociedade e órgãos competentes, as revisões pertinentes no projeto serão realizadas. No entanto, é impossível atender todas as demandas”, acrescentou.

O representante do Subcomitê Carste, Rogério Tavares, apresentou as sugestões dos Subcomitês para a construção do Rodoanel. “Como medida necessária e urgente sugerimos a criação de um Fundo de Conservação e Financiamento de PSA [Pagamento por Serviços Ambientais] financiado pelas operações dos empreendimentos concedidos pelo Estado, como o Rodoanel. Além disso, é preciso compatibilizar o traçado da alça Norte do Rodoanel com a manutenção dos corredores verdes e a integridade das Unidades de Conservação”, disse.

Os Subcomitês encaminharão para a SEINFRA um documento com todas as sugestões relativas ao projeto do Rodoanel.

O traçado

O rodoanel compreenderá, segundo a proposta do governo, uma alça Norte (ligando a BR-381 na saída para Governador Valadares a LMG-806, em Ribeirão das Neves), uma alça Oeste (que conecta a LMG-806 a BR-381, na saída para São Paulo), uma alça Sudoeste (da BR-381, saída para São Paulo, a MG-040 na região próxima de Ibirité) e uma alça Sul (ligando a MG-040 na região de Ibirité à BR-040, na saída para o Rio de Janeiro).

A alça Norte do Rodoanel é motivo de preocupação nos territórios dos Subcomitês Poderoso Vermelho, Ribeirão da Mata e Carste, visto que será construída no Vetor Norte, região onde estão situados a Linha Verde, o Centro Administrativo, o Aeroporto Internacional Tancredo Neves e os municípios de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Santa Luzia e Vespasiano, além de dezenas de unidades de conservação, grutas e mananciais para o abastecimento de água desses municípios.

A região do Vetor Norte tem características ambientais peculiares. Possui grande quantidade de cavernas, grutas, cursos d’água subterrâneos e calcário devido à sua formação geológica, denominada Carste. As rochas carbonásticas são como um queijo suíço, tornando o ambiente extremamente vulnerável, principalmente em relação à proteção dos lençóis freáticos.

“Não somos contra o desenvolvimento e muito menos contra o Rodoanel. No entanto, todo e qualquer desenvolvimento precisa ser sustentável de acordo com os três pilares estabelecidos pela ONU [Organização das Nações Unidas] para o desenvolvimento sustentável dos países: econômico, social e ambiental”, ressaltou a representante do Subcomitê Ribeirão da Mata, Márcia Lopes.

O projeto está em fase de consulta pública até o dia 28 de abril.

 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio
*Fotos: Fernando Piancastelli e Michelle Parron