No último sábado (8), foi realizada a 16ª edição do Deixem o Onça Beber Água Limpa, no campinho do CPTU, no bairro Ribeiro de Abreu, em Belo Horizonte. O encontro é uma iniciativa do Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu (Comupra) e do movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa, em parceria com diversas entidades mobilizadoras.

O evento contou com uma programação de atividades culturais diversa e gratuita que incluía roda de capoeira, apresentação de dança e música, atividades esportivas, oficina de passinho de funk de BH e oficina de forró. Os alunos das escolas do entorno do ribeirão realizaram uma exposição de arte com trabalhos manuais feitos a partir de reciclagem, pinturas e maquetes que pautavam a conscientização ambiental e a proteção ao Ribeirão Onça. Além disso, o evento também contou com uma pequena feira de mudas da Horta Comunitária e artesanato, promovendo a economia local e interação com a comunidade.

Mais uma vez, o Deixem o Onça teve uma presença ativa dos profissionais das escolas e seus alunos, trazendo uma forte inspiração para a pauta da educação ambiental e também para o potencial da sociedade civil organizada em defesa da proteção das águas. Alguns dos movimentos parceiros que somaram forças no dia foram o Projeto Manuelzão, o CBH Rio das Velhas e o Subcomitê Ribeirão Onça.

O idealizador do Deixem o Onça Beber Água Limpa e membro do Comupra, Itamar de Paula, morador do bairro Ribeiro Abreu há 30 anos, enfatizou que a proteção das águas é uma responsabilidade de todos. “A luta por um rio não é uma obrigação do Comupra, nem do Itamar, nem do movimento. Ela é obrigação de todos, de todas as pessoas do planeta. E o que a gente tá vendo aí é justamente o contrário. É a terra pedindo socorro, todo mundo num clima de ódio danado. E um orgulho que eu tenho de participar da questão do Comupra e dessa luta é que desde o início a gente tá na contramão disso tudo que tá rolando.”

Itamar diz que aprendeu a nadar e pescar nas águas do ribeirão, vivência que se conecta com a Meta 2025 do movimento que é: nadar, pescar e brincar no Ribeirão Onça. O representante e liderança ainda comentou sobre a frase temática escolhida para o encontro deste ano: Regenerando: Recuperando e conquistando. “O negócio é exatamente isso: tentar regenerar. Teve um momento em que a gente sabia que lá estava o equilíbrio e que a vida era melhor do que é hoje. Então, a gente não acha que tem que inventar a roda, não tem que inventar nada de novo. Tem que simplesmente voltar ao que era. Voltar ao que era não quer dizer voltar no tempo não, tô falando da gente. Mudar a gente.”

Confira mais fotos do evento:

Parque Ciliar Comunitário do Ribeirão Onça

O evento marcou a celebração de conquistas do movimento Deixem o Onça, Comupra e parceiros. Mas a principal é a implementação do Parque Ciliar Comunitário do Ribeirão Onça, um desejo de mais de 17 anos dos moradores do entorno do ribeirão que agora faz parte da agenda ambiental da Prefeitura de Belo Horizonte.

Marcio Lima, assessor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Contagem, conselheiro fiscal do Instituto Guaicuy e membro do CBH Rio das Velhas, enfatizou a importância do movimento Deixem o Onça trazer o debate entre a sociedade civil e o Poder Público. “Esse é um resgate bacana que o movimento faz de trazer as pessoas, botar as pessoas pra fora e de fazer uma discussão clara com a sociedade civil. Uma discussão séria e clara com o Poder Público conscientizando. Trazer o Poder Público para fazer as coisas que ele tem que fazer aqui, seja cuidar das pessoas que moram nos cursos desse rio ou criar áreas desse rio para fazer isso.”

Roneide Aparecida Dutra é educadora e professora aposentada, integrante do Comupra, do Deixem o Onça Beber Água Limpa e do movimento Parque Isidoro. Para ela, 2024 foi o ano de festejar os resultados dos esforços coletivos dos movimentos e da criação do parque. “Vai ser um grande ganho para a região. Vai ser um espaço, um parque onde haverá mirante, trilhas, pistas de caminhada, brinquedos para crianças, parquinhos, anfiteatro que também está previsto. Então, olha pra você ver, nós temos que comemorar isso tudo.”

O Parque Ciliar do Onça é um sonho antigo da população do Ribeirão Onça que, mesmo com o cotidiano difícil, ansiava por uma qualidade de vida melhor e começou a realizar mutirões para construir os espaços coletivos. A necessidade por mais segurança e qualidade de vida na região levou os moradores a pressionarem a prefeitura de Belo Horizonte para retirada das famílias às margens do ribeirão e pela implantação de um parque no lugar. Mais de 700 famílias foram realocadas e, em 2015, os moradores elaboraram uma proposta de parque, com o apoio do Comupra e do movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa.

Roneide ainda compartilhou que “Isso aqui é a síntese de todo o trabalho que a gente vem fazendo nesses 16 anos de evento. E hoje a gente tá assim, festejando e comemorando.”

Com extensão de 5,5 quilômetros, o parque deve ser um dos maiores da cidade, passando pelos bairros São Gabriel, Vila São Gabriel, Ouro Minas, Vila Fazendinha, Novo Aarão Reis, Belmonte, Ribeiro de Abreu, Conjunto CBTU (Novo Tupi), Conjunto Ribeiro de Abreu, Casas Populares (Ribeiro de Abreu) e Monte Azul.

Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Yasmim Paulino
*Fotos: Yasmim Paulino