Biomonitoramento da Bacia do Velhas envolve escolas, professores e comunidade de forma participativa

28/10/2022 - 12:15

Foi apresentada, na última terça-feira (25), na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) – no Campo Experimental de Santa Rita, em Prudente de Morais – o projeto de Biomonitoramento da Ictiofauna e Monitoramento Ambiental Participativo na Bacia do Rio das Velhas. Viabilizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) com a verba da cobrança pelo uso da água, a iniciativa tem como objetivo melhor compreender os ecossistemas aquáticos através do biomonitoramento da Bacia Hidrográfica, a partir do uso sistemático de respostas de organismos vivos frente às adversidades ambientais para determinar a qualidade da água.


A ideia é capacitar alunos, professores e comunidades de pelo menos 23 escolas localizadas nas Unidades Territoriais Estratégicas (UTE´s) da Bacia do Rio das Velhas. De acordo com a Bióloga Juliana França, colaboradora do Programa de Monitoramento Ambiental Participativo, organismos vivos invertebrados presentes nos rios são excelentes indicadores da qualidade da água. “Em nascentes, onde a água brota livre de lixo e esgotos, vivem pequenos animais muito sensíveis à poluição. Esses organismos são considerados indicadores de águas limpas, de boa qualidade. Se os encontramos em um rio, isso indica que, provavelmente, não há poluição e ali podemos tomar banho sem medo. É o caso do Plecoptera, que para viver depende de rios com águas limpas e bastante oxigênio. Pode ser muito encontrado debaixo de pedras e troncos no fundo de rios e córregos”, explica.

Já em outros rios, nitidamente poluídos e sujos, vivem, em geral, apenas animais resistentes ou tolerantes à poluição. É o caso do Oligochaeta, popularmente conhecido como minhoca d´água. “Trata-se de um dos poucos organismos que sobrevivem em ambientes poluídos. Quando a água está tão suja a ponto de provocar a morte de outros animais, principalmente de peixes, a turma do Oligochaeta faz a festa. Afinal, pode crescer bastante, com o rio, córrego ou lago só para si. É um bioindicador de má qualidade da água e um animal resistente à poluição”, completa.

Há vários outros bioindicadores, que estão sendo apresentados nas diversas oficinas realizadas pela equipe do projeto. “As perspectivas para a aplicação desta metodologia são viáveis e apresentam benefícios para todos os lados envolvidos, uma vez que as comunidades afetadas terão maior acesso às informações e participação dos programas de gestão; as agências ambientais poderão contar com a comunidade informal como recurso humano capacitado a monitorar uma considerável parcela da extensão aquática do Velhas, tornando a avaliação ambiental mais eficiente; e o poder público também será beneficiado, à medida que poderá contar com dados atualizados e confiáveis para nortear seus planos de gestão dos recursos”, finaliza a bióloga Juliana França.


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Para Marley Beatriz de Assiz Lima, coordenadora do Subcomitê Ribeirão Jequitibá, a proposta de realização de oficinas de Biomonitoramento é excelente, visto que vai disseminar conhecimento e instrumentalizar mais pessoas para esta atividade. As mesmas poderão contemplar os corpos d’água com uma visão mais crítica das condições do ambiente. “Dessa forma as ações se tornarão mais objetivas e efetivas, assim como as propostas de intervenções e tomadas de decisões. A articulação com escolas e associações de bairros, bem como a parceria com os usuários de água através dos seus programas de educação ambiental, e também com órgãos do poder público, é uma boa estratégia para estruturar a realização destas oficinas e formar multiplicadores”, considera.

Questionada sobre os cursos d´água de Sete Lagoas e região, ela afirma que a UTE Ribeirão Jequitibá – onde se encontra o município – possui muitos corpos d’água e nascentes pouco conhecidas, mas de fundamental importância para a manutenção e melhoria das condições de quantidade e qualidade das águas nos corpos d’água maiores e mais conhecidos da população em geral. “Mais pessoas atuando no monitoramento, não só de forma corretiva, mas, principalmente, de forma preventiva, é desejável, pois amplia as possibilidades de mobilização, conscientização e intervenções benéficas. A população fica mais esclarecida e se torna mais atuante”, completa.

Para Marley Beatriz, o biomonitoramento proposto é totalmente exequível, sem a necessidade do aporte de recursos financeiros elevados e nem mesmo a aquisição de equipamentos e instrumentos específicos. “A equipe de Biomonitoramento do Manuelzão/CBH Rio das Velhas está sempre disponível para desenvolver as oficinas, é só fazer contato e solicitar”, finaliza.

Conheça mais sobre o trabalho e solicite uma oficina do Programa de Monitoramento Ambiental Participativo pelo e-mail mapriodasbelhas@gmail.com, ou também via Instagram no endereço @mapriodasvelhas.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Celso Martinelli
*Fotos: Celso Martinelli