Comitê aprova Plano de Educação Ambiental com método e estratégia para elevar consciência de preservação

16/07/2024 - 16:35

Programa Velhas Vivo: esse é o nome guarda-chuva que abriga uma profusão de atividades componentes do Plano de Educação Ambiental (PEA) do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas).


Aprovado pelo Plenário do CBH em 28 de junho na Deliberação Normativa nº 52/2024, o PEA tem o objetivo de “sensibilizar a comunidade inserida na Bacia Hidrográfica sobre questões que envolvem os principais fatores de pressão que impactam a qualidade ambiental do território e a necessidade premente de preservá-lo, visando a adoção de posturas socioambientalmente responsáveis em favor dos recursos naturais locais”.

Karen Castelli, coordenadora-geral do Programa de Mobilização Social e Educação Ambiental do CBH Rio das Velhas, dá mais detalhes. “O Comitê já realizava práticas de Educação Ambiental de forma espontânea, atendendo a solicitações das comunidades locais. A falta de um Plano estruturado e coeso era, no entanto, um gargalo na organização das ações. Assim, o PEA terá, a partir de agora, a importante função de nortear esse trabalho”.

Pertencimento e sensibilização

Um dos muitos objetivos do PEA é criar e fortalecer o sentimento de pertencimento da população dos 51 municípios da bacia sobre o Rio das Velhas e seus múltiplos afluentes.

O motor que pode impulsionar esse movimento está no engajamento dos setores da indústria, da agropecuária, dos poderes públicos municipais e estadual e da sociedade civil organizada nos diversos colegiados do CBH Rio das Velhas, como o Plenário, os Subcomitês e as Câmaras Técnicas.

Outra meta é sensibilizar os atores desses segmentos, palavra que tem, entre suas acepções, os sentidos de “impressionar vivamente, chamar a atenção” e o de “comover, tocar emocionalmente”.

É vital, para a proteção do meio ambiente e dos recursos hídricos, acender a consciência para a necessidade de implantação de uma gestão ambiental ecoeficiente no ramo industrial, assim como da adoção de práticas e tecnologias que visem à redução do consumo de água no campo e de medidas de regularização de passivos ambientais nas propriedades rurais, para citar algumas ações essenciais.

Para custear intervenções de proteção e revitalização das águas, cujos benefícios revertem para todas as pessoas e atividades econômicas, é preciso, ainda, fortalecer a adesão dos usuários empresariais ao pagamento pelo uso do nosso patrimônio hídrico.

Amplo diagnóstico

A elaboração do PEA foi precedida de um vasto reconhecimento dos projetos, ações e atores e do levantamento das melhores práticas implementadas, bem como da identificação das principais demandas nas 23 Unidades Territoriais Estratégicas (UTE) que integram a bacia.

Foram quase 300 iniciativas de Educação Ambiental mapeadas e diagnosticadas no território até a conclusão do diagnóstico, em setembro do ano passado. “Este é outro fator interessante: a realização de um mapeamento das ações que já vêm sendo realizadas. Isso contribui de forma definitiva para a construção de pontes e parcerias entre o Comitê e os entes que já encampam ações de Educação Ambiental”, destaca Castelli.

Com um horizonte de planejamento de quatro anos (2024/2027), o PEA se propõe a indicar como o CBH Rio das Velhas pode inserir e potencializar iniciativas de Educação Ambiental de alto impacto já em andamento na bacia, bem como caminhos para a execução direta de ações educativas ao longo do território.

O conceito participativo presidiu o processo, ouvindo conselheiros e Subcomitês do CBH Rio das Velhas num longo percurso que passou também pela Câmara Técnica de Educação, Mobilização e Comunicação (CTECOM) e pela Diretoria Ampliada antes de ser aprovada em Plenário.

No minucioso mapeamento, foram destacadas iniciativas de alta capilaridade como o Projeto Manuelzão, concebido na Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) ainda nos anos 1990, o Programa Chuá de Educação Sanitária e Ambiental, da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), e os projetos de Educação Ambiental dos órgãos que compõem o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), como a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam).

“Eu vejo esses peixes e vou de coração”

O verso da famosa canção de Fernando Brant e Milton Nascimento (“O milagre dos peixes”) exprime bem uma das principais linhas de ação do PEA, que confere protagonismo pedagógico ao Piraju, nome-fantasia do peixe dourado (Salminus franciscanus), eleito símbolo da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas e das ações de revitalização do território.

Ajudando a transmitir conceitos e valores relacionados à preservação e conservação do ambiente, especialmente em relação ao público infanto-juvenil, o Piraju vai estrelar eventos, campanhas e outras iniciativas de Educação Ambiental.

O ponto alto dessa linha será a Caravana Piraju dá a letra: navegando e aprendendo sobre o Rio das Velhas, ação itinerante que deverá percorrer 22 localidades da bacia e levar informações sobre a importância do mais comprido afluente do Velho Chico e sobre a necessidade de preservá-lo.


Piraju já está presente em produtos e ações de educação ambiental ao longo da bacia do Rio das Velhas


Muitas águas e muita ponte

O rol de frentes de atuação do PEA é caudaloso: realização de campanhas e eventos vinculados a ações contínuas e temáticas já em desenvolvimento no território; aperfeiçoamento dos projetos internos e itens específicos já contratados e em desenvolvimento pelo Comitê; direcionar funções e responsabilidades a cada ator estratégico do contexto interno do CBH Rio das Velhas, de modo a garantir governança e unidade de gestão sobre as ações; aquisição de novos recursos pedagógicos a fim de complementar as ações desenvolvidas; e desenvolvimento de módulos estruturados de Educação Ambiental para os diversos públicos (usuários, produtores rurais, servidores públicos e sociedade civil).

O PEA destaca, em suas proposições, a importância de se realizar, no médio prazo, uma nova expedição pelo Rio das Velhas de modo a amplificar os resultados de todo esse esforço.

Para a presidenta do Comitê, Poliana Valgas, a Educação Ambiental é um caminho estratégico na gestão dos recursos hídricos do território. “O PEA representará um novo momento para o Comitê e a bacia. Com este Plano, poderemos coordenar, de forma estratégica e bem direcionada, o desenvolvimento de ações e o apoio a tantas outras. Acreditamos na Educação Ambiental como ferramenta transformadora, capaz de fomentar o interesse pela preservação e pelo cuidado do nosso rio nos quatro cantos da bacia”, completou.


Poliana Valgas destacou a importância das ações previstas no PEA para a bacia


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Paulo Barcala
*Fotos: João Alves; Leo Boi