No último sábado (17), o Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu (COMUPRA) e diversas entidades mobilizadoras realizaram, na Escola Municipal Secretário Humberto Almeida, a 15ª edição do evento ‘Deixem o Onça Beber Água Limpa’ para compartilhar as conquistas e ações do movimento. O Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e o Subcomitê Ribeirão Onça marcaram presença e prestigiaram a iniciativa que busca a recuperação de um dos principais afluentes do Velhas.

A conselheira do CBH Rio das Velhas e do Subcomitê Ribeirão Onça, Maria Luiza Lelis Moreira, a Malu, afirma estar feliz com a realização de mais uma edição e ressaltou a importância da comunidade e os apoiadores abraçarem a causa, para assim, visualizar as conquistas adquiridas. “Essa união faz toda diferença, já que temos a meta de que, em 2025, seja possível nadar, pescar e brincar no Ribeirão Onça, e consideramos que parte dessa meta já atingimos, já que, parte do Parque Ciliar Comunitário do Ribeirão Onça está sendo construída pela própria comunidade. (…) Então, por meio de mutirões, nós construímos pista de caminhada, quadra de peteca e de futebol, horta comunitária e agrofloresta”, afirma.

Ainda sobre as conquistas, Malu explica que o projeto foi contemplado recentemente com uma premiação da Organizações das Nações Unidas (ONU), e tal recurso está sendo direcionado para o parque. Contudo, ainda há obstáculos a serem vencidos. “O desafio mais urgente que temos hoje é o 100% de coleta, interceptação e tratamento de esgoto de todos os cursos d’águas que alimentam o Ribeirão Onça. Este é o grande desafio”, explica a conselheira.

Para celebrar todas as conquistas, estudantes das escolas do entorno do ribeirão estiveram presentes no local e apresentaram danças, realizaram desfile com roupas feitas a partir de materiais recicláveis, recitaram poemas e histórias. A diretora da Escola Municipal Secretário Humberto Almeida, Maria Diana de Oliveira, explica que já é tradição essa atenção e cuidado com o rio, já que eles desenvolvem trabalhos de conscientização com os alunos. “Existem dois projetos muito importantes na escola, o primeiro que é ambiental e um segundo étnico racial. (…) Então, ao longo do ano desenvolvemos atividades diferentes, sempre envolvendo os alunos, tanto do ensino regular como do integrado, para que haja esse trabalho de conservação e conscientização.”

Roseli Correia da Silva, do Núcleo Capão e também conselheira do Subcomitê Ribeirão Onça, afirma que o movimento ‘Deixem o Onça Beber Água Limpa’ é uma referência para todos, já que as ações que estão sendo feitas no Baixo Onça estão refletindo em outros lugares. “A gente vê que essas ações estão subindo a bacia. Então, nós pegamos muitas dessas experiências e as replicamos em outras partes da bacia. Ter o 15º evento (…) é uma referência importantíssima, pois mostra para a sociedade civil a importância dela no envolvimento nessas questões. A própria comunidade vai se apropriando desses novos termos e pensando qual lugar que queremos para a gente”, explica Roseli.

Falas como a da conselheira Malu Moreira, a diretora Diana de Oliveira e a ambientalista Roseli Correia corroboram com o tema do evento neste ano: ‘O Encontro das Águas: Caminhos Diversos…’. Com este lema, o evento busca mostrar que durante o caminho não há fronteiras e que é preciso nos adaptar aos desvios e coletivizar toda nossa experiência nos banhando nos afluentes.

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Ribeirão Onça recebe mudas de Araçá Roxo

Adalgisa Laura Correa, moradora do bairro Ribeiro de Abreu e oficineira da Escola Municipal Professor Paulo Freire, desenvolve com os alunos um projeto de recuperação e manutenção do Araçá Roxo, espécie em extinção, às margens do Ribeirão Onça. A iniciativa, que surgiu em 2021, busca alinhar o reflorestamento da mata ciliar do ribeirão com a preservação da espécie. “Ele é de muita importância e a gente vem há anos batalhando para recuperar esse ribeirão. Então, enquanto escola e como educador, somos aliados para ajudar na recuperação desse rio, e como essa planta está em extinção, nada melhor do que a gente produzir essas plantinhas e plantar na orla no rio”, explica Adalgisa. Ela e outros alunos do projeto produzem, cuidam e plantam as mudas de araçá roxo.

Ryan Carlos, aluno de 12 anos da Escola Municipal Professor Paulo Freire, conta que o interesse em participar do projeto das mudas nasceu em casa. “Eu cresci em lote que o meu avô e a minha mãe cultivaram muitas plantas, então sempre gostei de horta. (…) E, quando pude participar, eu fui correndo, porque eu tenho um interesse muito grande, porque a plantação está comigo desde muito pequeno. Se não fossem eles, [o avô e a mãe] eu não teria esse conhecimento tão grande pelo ensinamento das plantas.”

Adalgisa e Ryan, junto aos demais participantes do projeto, apresentaram experiências e resultados da iniciativa e distribuíram mudas para os presentes do 15º Deixem o Onça Beber Água Limpa.

Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Foto: João Alves