Em 13 de outubro de 2014, o Parque Nacional da Serra do Gandarela foi criado com o objetivo de garantir a preservação do patrimônio biológico, geológico, espeleológico e hidrológico desta importante região situada na porção meridional da Serra do Espinhaço, especificamente no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais.
O Parque compreende os municípios de Raposos, Caeté, Santa Bárbara, Mariana, Ouro Preto, Itabirito, Rio Acima e Nova Lima, em uma área total de 31.270,83 hectares. Por se tratar de uma Unidade de Conservação criada recentemente, o Parque ainda não possui Plano de Manejo e Zona de Amortecimento formalmente estabelecida. “Trata-se do nosso principal objetivo para 2019, assim como a estruturação do turismo e a implantação da Trilha de Longo Percurso [TransEspinhaço, entre Ouro Preto e Diamantina, e que passará pelo Parque]”, afirmou o Chefe do Parque Nacional da Serra do Gandarela, Tarcisio Nunes, que também é membro do Subcomitê Águas do Gandarela.
Como principais pontos de visitação da unidade estão a bacia do Ribeirão do Prata, o Poço Azul, Poço das Moças e a Cachoeira Santo Antônio – todas de grande beleza cênica.
Um dos principais alvos da conservação do Parque são os remanescentes de “cangas”, tipo de formação de aspecto semelhante a uma carapaça rígida e porosa, que abriga vegetação singular, adaptada a altíssimos teores de metais e que contém porcentagens excepcionalmente altas de espécies endêmicas e raras. Além disso, as cangas favorecem a formação de tipo peculiar de cavernas, que abrigam fauna troglomórfica inteiramente diversa da encontrada em cavernas de outros tipos de rochas. Ademais, as cangas são áreas de recarga de aquíferos de extrema eficiência, necessárias à garantia de abastecimento seguro de água, em quantidade e qualidade, para os municípios que compõem o Parque e também da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Veja as fotos do Parque:
No último chamamento de demandas espontâneas do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), o Subcomitê Águas do Gandarela, em consonância ao próprio Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, que considera a região de Raposos e Rio Acima prioritárias para preservação, propôs como projeto hidroambiental a estruturação das entradas da unidade de conservação. “A ideia é criarmos mecanismos para que o uso já consolidado desses potenciais ecoturísticos seja feito de maneira consciente e que eles contribuam para a preservação desse nosso território”, revelou o conselheiro do Subcomitê, Glauco Gonçalves Dias.
O Parque Nacional do Gandarela está totalmente inserido no Bioma Mata Atlântica. No entanto, localmente trata-se de um ecótone entre Cerrado e Mata Atlântica. Desta forma, o Parque é marcado pela heterogeneidade de paisagens, variações da topografia, litologia, solos, clima e altitude.
Este mosaico vegetacional assume um valor ecológico muito alto para a manutenção da fauna da região. Serve de abrigo, local de reprodução e alimentação de vários grupos como aves, mamíferos e anfíbios. No Parque ocorrem matas de galeria, capões de altitude, brejos, campo cerrado, cerrado sensu strictu, campos rupestres quartzíticos e ferruginosos (campos rupestres sobre canga) e floresta estacional semidecidual (a segunda maior mancha de remanescentes de Mata Atlântica no Estado de Minas Gerais), sendo que a maior parte destas se encontra nos estágios médio e avançado de regeneração.
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