O estudo para mapeamento e criação de áreas de conectividade na bacia do Rio Taquaraçu, no Médio Alto Rio das Velhas, foi finalizado e apresentado à população em um seminário de encerramento do projeto, realizado de forma virtual, na última quarta-feira (18). Há cerca de um ano, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) contratou o mapeamento dos corredores ecológicos que tem como objetivo preservar faixas de vegetação para ligar unidades de conservação separadas pela atividade humana nos municípios envolvidos. A iniciativa possibilitará o deslocamento de fauna e a dispersão de sementes da flora entre as áreas isoladas e, consequentemente, a troca genética entre espécies.
Trata-se do primeiro estudo dessa natureza finalizado pelo CBH Rio das Velhas. A ação foi uma demanda do Subcomitê Rio Taquaraçu com base na sugestão do Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Rio das Velhas que destaca a conservação ambiental como prioritária para a Unidade Territorial Estratégica (UTE) Rio Taquaraçu.
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O encerramento desse projeto é um momento de celebrar, não só para a bacia do Taquaraçu como para toda a bacia do Rio das Velhas. É uma ação que envolve o fortalecimento, a expansão e a conexão de áreas protegidas dentro do corredor, fomentando usos de baixo impacto e criando incentivos para envolver os diferentes setores da produção e da conservação. O próximo passo será buscar referendar esses corredores ecológicos. Daí a importância de integração com os diversos atores envolvidos”,
afirmou a presidenta do CBH Rio das Velhas, Poliana Valgas, explicando que essa é uma das principais estratégias utilizadas para a conservação da biodiversidade.
O estudo propôs a formalização de três corredores ecológicos na bacia do Rio Taquaraçu:
- Corredor Ecológico 1: vai ligar as Áreas de Preservação Ambiental (APAs) do Monumento Natural Estadual Serra da Piedade ao Parque Nacional da Serra do Cipó. O traçado integra a porção Sul que abrange as APAs Ribeiro Bonito e Água Limpa.
- Corredor Ecológico 2: vai conectar o Monumento Natural Estadual Serra da Piedade ao Refúgio de Vidas Silvestres Estadual Macaúbas.
- Corredor Ecológico 3: vai unir o Refúgio de Vidas Silvestres Estadual Macaúbas ao Parque Nacional da Serra do Cipó.
O coordenador técnico do estudo, o pesquisador Marcelo Vasconcelos, explicou que de forma geral, todo território da UTE Rio Taquaraçu apresenta um padrão de mosaico. “Em campo, foi possível constatar que estes mosaicos, entremeados com a presença de florestas nativas, é oportuno para o trânsito de muitas espécies da fauna, bem como para a potencial dispersão da flora. Os corredores ecológicos apresentados não se trata de uma faixa única e contínua de vegetação natural, e sim de um mosaico de paisagens que pode favorecer a conservação e manutenção da biodiversidade local”, esclareceu.
No seminário de encerramento foi mostrado que para a implantação dos corredores ecológicos será fundamental a continuidade do projeto com ações de mobilização, sensibilização, difusão de boas práticas, incentivos aos produtores rurais, entre outros que visem a manutenção das áreas naturais, restauração das paisagens degradas, incentivo a boas práticas agrícolas e planejamento urbano que favoreça a conservação da biodiversidade em toda a área.
O coordenador-geral do Subcomitê Rio Taquaraçu, Jânio de Lima Marques, participou da concepção do projeto para mapear os corredores ecológicos. “É com satisfação que vejo esse projeto ser finalizado. Os corredores ecológicos da bacia do Rio Taquaraçu darão continuidade aos corredores ecológicos que também estão sendo mapeados na região das UTEs Ribeirão da Mata e Carste, outro estudo contratado pelo CBH Rio das Velhas”, lembrou.
A UTE Rio Taquaraçu
A UTE Rio Taquaraçu engloba os municípios de Caeté, Nova União, Taquaraçu de Minas, Santa Luzia e Jaboticatubas, abrangendo uma área de 795,50 km2.
A bacia do Rio Taquaraçu está localizada na porção sul da Serra do Espinhaço e ao norte do Quadrilátero Ferrífero, regiões reconhecidas pela alta riqueza de biodiversidade e tratadas como áreas prioritárias para conservação, embora sujeitas à elevada pressão antrópica. A área é caracterizada como de tensão ecológica, ou seja, está localizada entre os domínios da Mata Atlântica e do Cerrado, reconhecidos como hotspots para a conservação da biodiversidade.
Foram identificadas na região quase 1.400 espécies de flora, sendo muitas delas raras, endêmicas e ameaçadas. Também foram detectadas 118 espécies de peixes com potencial ocorrência na bacia, 66 anfíbios e 64 répteis, quase 400 aves, com 14 espécies delas ameaçadas de extinção e 78 mamíferos, sendo 13 ameaçados de extinção.
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiza Baggio