Em visita técnica realizada na terça-feira (09) ao Sistema Rio das Velhas, Estação de Tratamento de Água da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) localizada no distrito de Bela Fama, em Nova Lima, a Comissão Parlamentar de Inquerito (CPI) das Barragens da Câmara Municipal de Belo Horizonte constatou que o abastecimento de água da região metropolitana e da capital correm o risco de ser duramente impactado, caso ocorra um novo rompimento de barragem que atinja o Rio das Velhas.
A estação de tratamento da Copasa está localizada no Alto Rio das Velhas e é responsável pelo abastecimento de 60% a 70% de Belo Horizonte e de, aproximadamente, 50% da Região Metropolitana. Porém, está na mira de algumas barragens de rejeito consideradas de grande perigo – especialmente as barragens 1 e 2 da Mina Engenho, da empresa Mundo Novo Mineração, que estão abandonadas desde 2011, e a bacia de rejeito da Minas Mineração Aredes Ltda.
Em matéria publicada na última edição da Revista Rio das Velhas é possível entender qual é a atual situação das barragens em Minas Gerais, inclusive das três mencionadas anteriormente.
Veja o mapa das barragens de rejeitos no Alto Rio das Velhas:
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“Estamos saindo daqui muito mais preocupados”
Apreensivos um novo rompimento de barragem que pudesse provocar o desabastecimento na capital e na Região Metropolitana de BH, após desastre com barragem da Mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, os vereadores Bella Gonçalves (Psol), Edmar Branco (Avante), Irlan Melo (PR) e Wesley Autoescola (PRP), que integram a CPI das Barragens, questionaram a Copasa para entender quais os riscos de faltar água para população, provocando uma crise hídrica nos municípios.
“O objetivo dessa visita aqui [na Copasa] é comprovar o risco que a gente tem de faltar água. A gente está falando de dois rios [rio Paraopeba e rio das Velhas] que são fundamentais para Belo Horizonte. A primeira visita técnica foi no rio Paraopeba e nós saímos de lá muito preocupados. Mas nós estamos saindo daqui muito mais preocupados, porque se romper qualquer barragem que tá dentro do Sistema do Rio das Velhas, nós vamos ter um problema sério”, aponta o vereador e presidente da CPI das Barragens, Edmar Branco.
Veja as fotos da visita:
Copasa propõe medidas emergenciais à Vale
Para proteger o Sistema Rio das Velhas, a Copasa propôs medidas emergenciais e compensatórias que foram apresentadas diretamente à Vale, mas que ainda não tiveram retorno da mineradora.
Algumas dessas medidas são “a proteção da captação, fazendo uma barreira física para proteger tanto a estação de bombeamento, quanto a subestação elétrica e, paralelamente, a construção de uma adutora que interligasse o sistema da bacia do rio Paraopeba do rio das Velhas, de modo a aumentar a capacidade de transferência entre esses sistemas”, explica o Superintendente de Tratamento e Operação da Região Metropolitana da Copasa, Sérgio Neves Pacheco. E completa que uma outra ação é a substituição na captação no rio Paraopeba, hoje paralizada após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, realizando uma nova captação à montante do Córrego do Feijão. Tais medidas, segundo a empresa, proporcionariam mais flexibilidade operacional, caso acontecesse um novo rompimento de barragem na área de captação da Copasa no Rio das Velhas.
O Sistema Rio das Velhas é responsável pelo abastecimento de água de 60% a 70% de Belo Horizonte
e aproximadamente 50% da Região Metropolitana
Pressão no poder público
Os próximos passos da CPI das Barragens são realização de reuniões com o atual governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, para apresentarem a situação grave de abastecimento pelo qual o Estado e a capital mineira podem passar, com o objetivo de que tomem as providências necessárias para proteger o abastecimento e responsabilizar os culpados. Também será realizada reunião com Ministério Público Federal.
CPI das Barragens
Criada em fevereiro de 2019 pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, após o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale na Mina Córrego do Feijão, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Barragens tem o papel de apurar os impactos do desastre no abastecimento de água da capital e da região metropolitana. É composta pela vereadora Bella Gonçalves (Psol) e pelos vereadores Bim da Ambulância (PSDB), Edmar Branco (Avante), Gabriel Azevedo (PHS), Irlan Melo (PR), Wesley Autoescola (PRP) e Pedrão do Depósito (PPS). A CPI terá até agosto de 2019 para entregar o relatório final para que as autoridades tomem providência.
Confira o vídeo com depoimentos dos moradores vizinhos às barragens do Alto Rio das Velhas e a situação do abastecimento de água de Belo Horizonte:
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Michelle Parron
Fotos: Michelle Parron