O auditório do anfiteatro da Universidade de Brasília (UnB) parou, na tarde deste domingo (18), para acompanhar a explanação da educadora ambiental Maria Teresa Corujo, durante a mesa ‘SOS São Francisco’, atividade promovida pelo Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama) 2018 – evento que acontece, em Brasília, entre os dias 17 e 22 de março, em contraposição ao Fórum Mundial da Água. Teca, como é conhecida, falou como representante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e do Projeto Manuelzão.
Ela expôs problemas enfrentados para a preservação e manutenção do Rio das Velhas, bem como seus afluentes. Teca relacionou os impactos provocados pela mineração na referida bacia hidrográfica. Segundo ela, os problemas provocados por essa atividade são evidentes, mas há uma “blindagem” midiática para impedir a divulgação.
De acordo com ela, os problemas se refletem em água de má qualidade fornecida para abastecimento humano. “Há contaminação de componentes como cianeto e isso irá se refletir em outras bacias, a exemplo do Paracatu e chegará ao São Francisco”, vaticinou. “A chamada Lei das Águas estabelece como prioridade o abastecimento humano e muitas vezes isso não é cumprido”, criticou Teca.
Para a educadora ambiental, falta integração da gestão ambiental com a de recursos hídricos. Segundo sua explanação, a escassez é hídrica, mas a crise vai além disso. Como alternativas, ela propõe a criação de um amplo movimento da sociedade pela revitalização dos rios; a criação de políticas públicas de estado comprometidas com a gestão de bacias hidrográficas e não somente de recursos hídricos; de políticas duradouras e continuadas de revitalização centrada nos planos diretores e nos comitês de bacias; manutenção de fluxo contínuo de recursos financeiros sem contingenciamento; repensar modelos de desenvolvimento de acordo com os limites do ecossistema, entre outros. “A água é bem essencial à vida, um direito transgeracional e não uma mercadoria”, disse Teca.
Ainda em sua apresentação, ela aproveitou para chamar a atenção para o grave problema que atingiu o Rio Doce, cuja barragem da Samarco, empresa instalada nos limites do manancial, praticamente destruiu o rio após o seu rompimento. Ela lembrou que, mesmo diante do maior acidente ambiental dos últimos anos no país, ninguém foi preso e praticamente não houve responsabilização.
Veja as fotos do evento:
Fama 2018
O Fórum Alternativo Mundial da Água acontece entre os dias 17 e 22 de março, em Brasília, questionando a legitimidade do Fórum Mundial da Água como espaço político para promoção da discussão sobre os problemas relacionados ao tema em escala global, envolvendo governos e sociedade civil. O evento aponta falta de independência, representatividade e legitimidade do conselho organizador da versão tida oficial, por estar comprometida com empresas que têm como objetivo a mercantilização da água.
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