Celebramos hoje, 22 de março, o Dia Mundial da Água. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1922, com o propósito de alertar a população do mundo sobre a necessidade de preservar esta que é fonte de vida essencial para pessoas, ambiente, economias e países. A preocupação com os recursos hídricos é evidenciada neste dia simbólico e de comemoração, porém, não podemos nos esquecer do trágico rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro deste ano.
Arrasado pela lama de rejeitos que vazou após o rompimento da barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, o Rio Paraopeba, um dos importantes afluentes do Rio São Francisco e que garante o abastecimento de 2,3 milhões de pessoas, incluindo habitantes da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), tornou-se um “rio morto”, “sem condição de vida aquática e do uso da água pela população”, de acordo com relatório da Fundação SOS Mata Atlântica.
Impactos do rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho. Crédito: Robson Oliveira
“Água é mais que líquido da vida, é a base fundamental da existência planetária. Há uma necessidade imprescindível para as atividades humanas, da natureza e econômicas, seja para o consumo humano, indústria ou produção agrícola. Águas contaminadas significam perdas de vida ou inviabilidade econômica. Então, é inteligente preservar nascentes e cursos d’água com qualidade, sendo inaceitável que façam rios e córregos locais de dejetos, sejam humanos ou industriais”, fala José Procópio de Castro, membro da Diretoria Ampliada do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas).
O Comitê tem clareza do valor da água para o mundo. Por conta disso, nas suas ações socioambientais, prioriza a preservação, a revitalização e a busca pela conscientização da população da bacia sobre a importância deste curso d’água.
Para a representante do Serviço Autônomo de Saneamento Básico (SAAE) Itabirito, Heloísa França, o dia mundial da água deve ser lembrado como um momento de repensar nossas atitudes para com os recursos hídricos. “É o momento de intensificar campanhas com todas as faixas etárias e escolaridades. O uso sustentável da água, a preservação dos rios e das matas ciliares e o tratamento dos esgotos são ações que devem estar presentes no cotidiano de cada comunidade, de cada município e de cada um de nós. Saber respeitar os limites do meio ambiente é pensar sustentavelmente, é ter consciência das necessidades dos ecossistemas. O tema “A água é uma só”, publicado pela ANA [Agência Nacional de Águas] para a campanha de 2019, trás ainda uma maior responsabilidade de todos quando pensamos em bacias hidrográficas. O limite municipal é muito pouco para se pensar em preservação. Devemos pensar no todo, no ciclo da água, na qualidade e no volume disponível”, afirma.
A grande extensão percorrida pelo Rio das Velhas desde sua nascente, em Ouro Preto, até a foz, no Rio São Francisco, em Várzea da Palma, o expõe a diferentes realidades, do extremo urbanismo a extensas áreas vazias.
No entanto, o Rio das Velhas sofre com a degradação, mesmo após algumas medidas de prevenção. A devastação que sofre o Rio das Velhas com desmatamento, invasões, lixo e esgoto é um resumo da grande dificuldade que se tem em regenerar as áreas de preservação em regiões metropolitanas, mesmo sendo esse o mais importante manancial de abastecimento local.
O Rio das Velhas foi alvo de inúmeras ações de revitalização e despoluição, como a Meta 2010 e a Meta 2014, que deveriam garantir o retorno dos peixes e possibilitar nadar e navegar em suas águas. Contudo, tal objetivo não foi atingido, mesmo com a construção de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) nos tributários mais poluídos, que são os ribeirões do Onça e Arrudas, na Grande BH.
Em 2017, o CBH Rio das Velhas, em parceria com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e outros atores iniciou o Programa ‘Revitaliza Rio das Velhas’, que com ações coordenadas entre diversos parceiros da bacia tem avançado e apresentado resultados.
Programa Revitaliza Rio das Velhas avança com a retirada de pontos de esgoto que eram lançados no córrego Tamboril. Crédito: Fernando Piancastelli
O ‘Revitaliza Rio das Velhas’ tem como objetivo mobilizar e sensibilizar a indústria mineira e os agentes públicos quanto à necessidade da implantação de uma gestão ambiental com foco em ecoeficiência.
“Onde as pessoas estão mobilizadas existe uma grande diferença. As pessoas que integram e cuidam dos territórios hidrográficos são os alicerces de sustentação das ações executivas de restauração ambiental e o principal elo entre planejamento, efetividade e permanência das áreas restauradas por meio de ações descentralizadas e participativas. Quando conseguimos mobilizar uma pessoa para as ações de conservação e de recuperação conseguimos de fato executar o que é preciso. Caminhando todos de mão dadas conseguimos fortalecer as ações na bacia”, comenta Mariana Morales, coordenadora-geral do Subcomitê Rio Taquaraçu.
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiza Baggio
Fotos: Leonardo Ramos/Robson Oliveira