Livro ‘Mar de Lama da Samarco na Bacia do Rio Doce: em busca de respostas’ é resultado de colaboração entre Observatório de Saúde do Trabalhador e Projeto Manuelzão.
Tendo como organizadores personagens historicamente ligados à defesa do Rio das Velhas, o livro ‘Mar de Lama da Samarco na Bacia do Rio Doce: em busca de respostas’ (Instituto Guaicuy, 2019) analisa os desastres ambientais e humanos decorrentes do rompimento das barragens de mineração em Mariana, em 2015, e Brumadinho, em 2019.
Um dos principais objetivos do livro é fazer um registro histórico da tragédia provocada pela mineradora Samarco e de como isso se repetiu, pouco mais de três anos depois, em Brumadinho, pela Vale. “Com uma abordagem transdisciplinar e transetorial, o livro mostra os vários olhares sobre o mesmo problema, desde os atingidos, aquela população que sofre os impactos diretos, até a academia e setores como o Ministério Público. Ali está uma série de atitudes que deveriam ter sido tomadas, e que não foram, e que precisam ainda ser implementadas como política da Mineração”, revela José de Castro Procópio, presidente do Instituto Guaicuy, conselheiro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e um dos organizadores da obra.
Além dele, Marcus Vinícius Polignano (coordenador do Projeto Manuelzão e presidente do Comitê), Eugênio Marcos Andrade Goulart (professor da Faculdade de Medicina da UFMG e pesquisador do Rio das Velhas) e Tarcísio Márcio Magalhães Pinheiro (professor da Faculdade de Medicina da UFMG e coordenador do Observatório de Saúde do Trabalhador – OSAT) organizam o trabalho de um total de 33 autores.
Nos 19 capítulos da obra são abordados temas como a estruturação do setor mineral no Brasil, o conceito de acidente de trabalho, os danos ambientais sistêmicos, os danos e os impactos à saúde dos trabalhadores e das populações atingidas pela lama e pela tragédia, a questão da saúde mental, as lutas dos atingidos, as ações e contradições do andamento do processo judiciário, além de uma etnografia fotográfica que documenta o desastre.
O contexto em que foi produzida e publicada a obra assusta e chama a atenção. “Coincidentemente, o livro foi editado no momento logo após o acontecimento de Brumadinho, que é, na realidade, uma consequência do que já tinha sido visto lá em Mariana. Se houvesse um mínimo de cuidado, um mínimo de ações necessárias, se a lei Mar de Lama Nunca Mais [PL 3.676/16, que torna mais rígida a regulamentação e fiscalização de barragens no estado] tivesse sido aprovada como foi proposta desde o início, [a tragédia de] Brumadinho talvez tivesse sido evitada”, conclui Procópio.
Confira o livro na versão online:
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiz Ribeiro