Na última quinta-feira (30), foi realizada reunião virtual para debater uma série de demandas do Subcomitê Águas da Moeda. Em destaque, uma solicitação à Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) para atualizações a respeito do esgotamento sanitário do bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, que segue gerando preocupação aos moradores.
As problemáticas relativas ao esgotamento sanitário têm se arrastado há anos neste bairro que passou por um boom populacional, para a qual a ETE (Estação de Tratamento de Esgotos) atual não foi dimensionada. Ademais, ali existem diferentes empreendimentos cujos efluentes de esgoto não doméstico demandariam um tratamento primário antes de seu lançamento na rede de esgoto, o que, em muitos casos, não ocorre e sobrecarrega a ETE.
A reunião contou com a presença dos profissionais da Copasa, Cleber D’Assumpção, que trabalha na área de Operações, Nelson Cunha Guimarães, superintendente de Meio Ambiente e membro do CBH Rio das Velhas, Filipe Bicalho, atualmente gerente de Manutenção Eletromecânica de Esgoto da Metropolitana, e Karine Diniz, que trabalha na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Jardim Canadá. A apresentação por parte da Copasa teve início com Karine, que informou sobre uma reforma que está em andamento na estação. “Nós temos o conhecimento de que a ETE precisa de uma melhoria e estamos trabalhando para que isso aconteça. Estamos finalizando uma obra em fevereiro e a expectativa é que essa melhoria traga um benefício em termos de odor e em termos de condição de tratamento”.
O Subcomitê Águas da Moeda elaborou um ofício com questionamentos pontuais à Copasa que foi apresentado em reunião por Bruno Guerra, membro da equipe de Mobilização Social e Educação Ambiental do CBH Rio das Velhas. Algumas pautas que o colegiado solicita são um repasse de informações sobre o sistema de esgotamento sanitário do bairro, o envio do projeto de emissários de efluentes da ETE, informações sobre a adesão ao Precend (Programa de Recebimento e Controle de Efluentes Não Domésticos), apresentação do cronograma das obras da ETE e uma visita ao local.
Com ajuda de um mapa, Filipe Bicalho realizou uma apresentação sobre como funciona o sistema de captação na unidade. “O sistema de rede coletora é interligado em duas estações elevatórias de acordo com a bacia. São duas bacias distintas, uma ao norte do bairro Jardim Canadá e uma ao sul, que é a mais adensada. A ETE fica à margem direita da BR-040 e o Jardim Canadá é todo concentrado na margem esquerda, só tem um pequeno aglomerado aqui na margem direita”
Entre outras demandas do ofício, os conselheiros mencionaram dúvidas a respeito das estações elevatórias de esgoto existentes. Seguindo a apresentação, Bicalho explicou que “grande parte do bairro verte para esse ponto baixo, que é drenado para a elevatória de esgoto do Jardim Canadá. Essa elevatória tem capacidade de 18 litros por segundo e bombeia através de uma linha de recalque que joga depois pra ETE Jardim Canadá. Essa parte ao norte do bairro tem uma elevatória de 3 litros por segundo e é uma elevatória menor, mas que também tem capacidade para atender toda a região. Ela bombeia por essa linha de recalque de 200 metros e daqui em diante, o esgoto vai por gravidade para a ETE Jardim Canadá”.
Atualmente, a ETE capta toda a demanda de esgoto gerado pelo bairro, no entanto a capacidade limitada da estação faz com que o tratamento não seja totalmente efetivo e perca qualidade no final. Nelson Cunha aponta que, apesar desse déficit em relação às limitações da estação, ainda existem residências que não estão ligadas à rede da Copasa, o que também prejudica o sistema. “A Karine já pontuou a questão de que todo lodo que chega à estação está sendo tratado. Mas nós sabemos sim que nós temos problemas no bairro de ligações clandestinas de pessoas que ainda não aderiram à rede”.
Como mais uma solicitação do ofício, o Subcomitê pedia resultados de análise da qualidade da água da entrada e saída da ETE Jardim Canadá dos últimos 12 meses. Tendo em vista o déficit na qualidade do tratamento, Pedro Lima, do Condomínio Miguelão, questionou sobre o nível da eficiência no tratamento e como a reforma impactaria nesse aspecto. “Quando a gente fez uma visita na estação do Vale dos Cristais pelo Codema [Conselho de Desenvolvimento Ambiental], eles falaram com a gente que ‘hoje está em média 80% de eficiência e após a conclusão das obras subiu para 98%’. Vocês não têm essa média no Jardim Canadá para passar para a gente?”. Os profissionais da Copasa dizem que têm todos os dados das análises, mas que é um dado interno da companhia que necessita autorização antes de compartilhar com o público. Por fim, os profissionais da Copasa convidaram todos para uma visita à nova estação para que seja possível visualizar as mudanças, uma ação que também já estava proposta em ofício.
Os conselheiros e participantes também citaram a questão do bairro Vale do Sol, vizinho ao Jardim Canadá e que não possui rede de coleta de esgotos e, tampouco, tratamento. Os técnicos da Copasa disseram que estão terminando de resolver questões fundiárias e de licitação para realizarem a implantação de uma Estação Elevatória que bombeará os esgotos à nova ETE do Jardim Canadá.
Outras pautas do encontro
A reunião teve espaço também para discutir possibilidades de ações de Educação Ambiental e Sanitária do Subcomitê no bairro Jardim Canadá. A ideia é um espaço para debater ações conjuntas para lidar com os problemas de ausência de ligação domiciliar à rede de esgotamento sanitário e a ausência de tratamento primário dos esgotos não domésticos.
Rafael Aguilar, representante do Instituto Bacia Viva no Subcomitê, destaca que essa é uma questão urgente para a região. “Existe uma carência enorme no Jardim Canadá de entender a sua própria infraestrutura de saneamento, às vezes, até pela própria gestão pública”. Além dessa carência de debate, Rafael lembra que é um desafio levar a discussão sobre educação ambiental para além do contexto de reuniões do Subcomitê. “Essa questão que a gente fica discutindo aqui, ela fica aqui e às vezes é difícil levar pro bairro mesmo e divulgar isso.”
Foram sugeridas algumas intervenções pelos membros como a criação de folhetos informativos para empreendimentos maiores e uma fiscalização mais bem realizada pelos órgãos da Prefeitura a indústrias da região.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Yasmim Paulino
*Foto: Bianca Aun