Biomonitoramento realizado pelo Projeto Manuelzão, entre novembro de 2021 e março de 2022, constatou níveis baixos de oxigênio em trecho do Rio das Velhas entre as cidades de Santa Luzia e Santana do Pirapama. Principal contribuinte para a baixa qualidade da água é o Ribeirão da Mata. Estudo pretende contribuir para o diagnóstico da bacia tendo em vista a diminuição da mortandade dos peixes do Rio das Velhas.
O estudo foi publicado em artigo da Revista Manuelzão de agosto deste ano e apresenta as medições de oxigênio dissolvido na calha do Rio das Velhas. O monitoramento considera que “o ideal para manutenção do ecossistema aquático é um nível de oxigênio de 4 mg/L. Valores abaixo de 2 mg/L são considerados críticos, pois impactam diretamente a vida dos peixes e de boa parte do ecossistema ali existente”, argumentam os autores. Nesse sentido, despertou preocupação que o rio apresenta, no trecho citado, nível de oxigenação abaixo do valor necessário para preservar os peixes, mesmo em períodos de alta vazão.
A partir dessa constatação, o estudo avançou para o monitoramento dos afluentes do Velhas entre Santa Luzia e Santana de Pirapama em busca de verificar se a qualidade da água dos contribuintes estava afetando o rio principal. “Foi possível identificar que, entre os tributários avaliados, o Ribeirão da Mata tem contribuído negativamente para o Velhas e foi o corpo hídrico que apresentou os piores resultados. Além deste, os córregos Trindade e Grande, em Baldim, demonstraram a necessidade de avaliar detalhadamente a situação do município, sobretudo o impacto da ausência do tratamento de esgoto para a região, considerando a expansão da sede e dos seus distritos, além do crescente parcelamento de solo no entorno”, afirma o artigo.
Segundo os autores, o nível de oxigênio dissolvido no Ribeirão da Mata é de 2,7 mg/L, valor muito abaixo dos 4 mg/L considerados ideais para a manutenção do ecossistema. Entre os melhores contribuintes estão o Ribeirão Vermelho e o Córrego Grande, com 6,03 mg/L e 6,38 mg/L respectivamente.
Apresentação em Plenária do Comitê
Um dos autores do artigo, Marcus Vinícius Polignano, que também é secretário do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), apresentou os resultados do estudo em Plenária Extraordinária do Comitê. Ele enfatizou que a meta é que o rio esteja classificado como Classe 2 – o que implicaria que o nível de oxigênio dissolvido estivesse acima de 5 mg/L. Além disso, Polignano lembrou que conhecer a realidade do rio é essencial para que as ações do Comitê em prol da melhor qualidade da água sejam mais assertivas. “Isso que foi levantado no estudo é o epicentro da degradação do rio e da mortandade dos peixes. Quero solicitar ao Comitê e à Agência Peixe Vivo uma atenção especial à essa questão. Precisamos mapear quais são os grandes focos de poluição nessas sub-bacias. É importante a gente entender o que está acontecendo no rio para podermos agir. Ainda temos que investir muito para conseguir fazer um controle melhor dos parâmetros da qualidade de água para manter os peixes em boas condições”, finalizou.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Leonardo Ramos
*Foto: Fenando Piancastelli