Música, dança, contação de histórias, teatro, oficinas… Assim foi o 14º “Deixem o Onça beber água limpa”, que aconteceu no último sábado (11) no Espaço Vitrine do bairro Ribeiro de Abreu. Realizado pelo Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu (COMUPRA), com apoio do Subcomitê Ribeirão Onça e outras entidades, o evento concluiu mais um ano de luta pela revitalização do curso d’água e abre um novo período de atividades em prol do Ribeirão Onça.
Maria Luiza Lelis, conselheira do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e do Subcomitê Ribeirão Onça, ressaltou o caráter de celebração do evento e da conclusão de um ano de atividades e planejamento. Para ela, o momento é de confraternização e também de cobrança do poder público pela revitalização do ribeirão: “O evento é desenvolvido o ano inteiro. A gente se reúne todo mês para discutir e desenvolver as ações comunitárias. Hoje é o dia que a gente se encontra para celebrar tudo o que realizamos durante o ano, assim como para cobrar do poder público ações concretas para a região do Baixo Onça e sua população”.
Em sua 14a edição, o evento teve como tema “Famílias ribeirinhas… Ribeirão”, que se conecta com uma das cinco principais reivindicações das comunidades da região do Baixo Onça: a retirada das famílias inseridas nas áreas de risco do Ribeirão Onça; a implantação do Parque Ciliar Comunitário do Ribeirão Onça; 100% de coleta, interceptação e tratamento de esgoto do Ribeirão Onça; a municipalização da rodovia MG-20; e a construção de um novo acesso ao bairro Ribeiro de Abreu e adjacências. Essas reivindicações foram definidas no evento de 2021 e estão sendo colocadas em prática. Nesse sentido, o encontro deste ano comemora a retirada de cerca de 780 famílias que viviam em áreas de risco ao longo do ribeirão.
Ivonete Batista de Souza faz parte de uma dessas famílias e teve sua trajetória narrada no momento de contação de histórias. Como narrado, ela vivia sob lona com sua irmã às margens do Onça e enfrentava as águas das enchentes batendo em sua barriga de mulher grávida, pois dormia no chão. Ivonete é colaboradora da Escola Municipal Herbert José de Souza e, após a relocalização promovida pelo movimento, trabalha com a reciclagem de materiais jogados no ribeirão. “Essa foi a minha história, ela é um dos motivos de eu trabalhar com a reciclagem hoje. O povo joga, eu reciclo”, conta.
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Ela não é a única. Roneide Aparecida Dutra, moradora do conjunto Ribeiro de Abreu, professora municipal aposentada e integrante do COMUPRA, revelou que o evento contou com a presença de muitas famílias relocalizadas, e destacou a importância da parceria entre a entidade e o CBH Rio das Velhas. “Muitas das pessoas que estão aqui hoje são famílias relocalizadas. Elas continuam morando às margens do ribeirão, mas já não estão mais em áreas de risco. Todo esse trabalho do COMUPRA no Baixo Onça conta com a importante atuação do CBH Rio das Velhas e do Subcomitê Ribeirão Onça. O trabalho de revitalização da nascente fundamental do ribeirão e de outras nascentes é de extrema relevância para nossas ações. Este é um momento de culminância de todas as ações realizadas ao longo do ano”.
Luciana Gomes e Fernanda Costa, ambas da equipe de mobilização social do CBH Rio das Velhas e Subcomitês Onça e Arrudas, apontam a importância do evento para os trabalhos do Comitê. “Todas as vezes que eu participo deste momento de celebração eu fico muito feliz, porque eu vejo o quanto essas pessoas se prepararam para esse dia acontecer. Você vê o resultado do trabalho das escolas presentes aqui hoje, por exemplo. Ao longo do ano elas vêm discutindo esse processo de revitalização do rio, com as famílias, com a comunidade como um todo, e eu acho que este dia é um belo resultado da luta pelo rio”, resume Luciana.
Já Fernanda acredita que o evento aponta para um futuro ainda melhor. “Todas as ações do CBH Rio das Velhas e do Subcomitê Ribeirão Onça, juntamente com o COMUPRA e as demais entidades que fazem parte do ‘Deixem o Onça beber água limpa’, contribuem para que as comunidades que vivem no entorno do ribeirão possam voltar a pescar, nadar, tomar um sol à beira do rio… enfim, que possam voltar a ter um contato direto com a água do Onça”, concluiu.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Leonardo Ramos
Fotos: Leonardo Ramos