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História revisitada no Vale do Taquaraçu

29/05/2025 - 18:30

Entre os dias 22 e 25 deste mês, caiaqueiros e cavaleiros da ‘Expedição TaquaraDorff 2025’ revisitaram parte do caminho encravado na bacia do Rio das Velhas e que, há 200 anos, foi desbravado pelo histórico Barão de Langsdorff


A empreitada começou na quinta-feira (22), fim do dia, na Fazenda dos Motta, em Bom Jesus do Amparo, e seguiu até o domingo (25), quando terminou no distrito de Taquaraçu de Baixo, em Santa Luzia. Durante o percurso, os expedicionários, que se dividiram em duas equipes – uma embarcada em caiaques e outra montada no lombo de cavalos – buscaram relembrar o trajeto do expedicionário Barão de Langsdorff, que percorreu o Vale do Taquaraçu entre os anos de 1824 e 1825.

A atividade, que passou pelos municípios de Bom Jesus do Amparo, Nova União, Taquaraçu de Minas e Taquaraçu de Baixo, contou com o apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e do Subcomitê Rio Taquaraçu.

Etapas do caminho

Após um dia completo de expedição, na manhã de sábado, os expedicionários iniciaram a empreitada com um café farto e uma reza na capela da Fazenda Vargem Alegre, na zona rural de Taquaraçu de Minas. Derza Nogueira, vice-presidente da ONG ‘Pé de Urucum’, que trabalha com Educação Ambiental no território, puxou a palavra. “Quem não conhece o passado, não preserva o presente, por isso estamos aqui hoje, refazendo o caminho do Barão de Langsdorff. Queremos levar essa mensagem, de preservação da memória em prol do avanço ambiental”.

Pouco depois da oração, foi a hora de colocar os caiaques nas águas do Rio Taquaraçu e os arreios nos cavalos. O destino: a margem do rio, já no perímetro urbano de Taquaraçu de Minas. Lá, com a presença de representantes do poder público do município, uma roda de conversa ressaltou a importância da preservação do Rio Taquaraçu. O momento contou com relatos dos expedicionários que estavam embarcados nos caiaques.

“A nossa região é produtora de água, um berçário de peixes, temos que cuidar desse rio. Quero que as pessoas entendam que, sem esse ecossistema, não somos nada. Vamos preservar o Vale do Rio Taquaraçu, e contamos demais com a parceria do CBH Rio das Velhas e do Subcomitê Rio Taquaraçu”, ressaltou Jânio Marques, ex-coordenador do Subcomitê e liderança da equipe de caiaque da expedição. Demais caiaqueiros também falaram sobre a degradação percebida por eles ao longo do rio, como despejo irregular de lixo e de redes de pesca predatória.

“O que é o Rio Taquaraçu? Ele é um dos principais afluentes do Rio das Velhas e nosso esforço aqui na sub-bacia é transformá-lo em um rio classe 01, ou seja, melhorar, cada vez mais, a qualidade das águas desse território. Há 200 anos, o Barão de Langsdorff passou por aqui e, hoje, o que esperamos é um envolvimento da sociedade civil, da classe política, da população deste lugar. Este não é um projeto dos cavaleiros, dos caiaqueiros, é um projeto de todos dessa bacia”, apontou Walter Caetano, expedicionário e produtor rural na sub-bacia do Rio Taquaraçu.

João Sarmento, representante do Instituto Estadual de Florestas (IEF), conselheiro do CBH Rio das Velhas e coordenador do Subcomitê Rio Taquaraçu, também prestigiou a atividade e ressaltou a importância da expedição e da região para toda a bacia. “A Expedição TaquaraDorff chega em prol da questão socioambiental desse território, que é fundamental para toda a bacia do Rio das Velhas, visto que apresenta boa qualidade de água e potenciais turístico, socioeconômico e ambiental gigantescos. Esta nossa mobilização visa fomentar, justamente, uma consciência ambiental coletiva, em prol da melhoria da qualidade das águas dessa sub-bacia”, pontuou.

Após o almoço, a expedição ‘Taquaradorff 2025’ seguiu para a Fazenda dos Homens, outra parada histórica, que fez parte do caminho do expedicionário alemão. A fazenda serviu de pouso, onde os expedicionários jantaram e pernoitaram.


Veja todas as fotos da Expedição TaquaraDorff 2025:


Caminhar é preciso

No domingo, logo cedo, às 08h, a expedição saiu da Ponte das Lajes, na zona rural de Taquaraçu de Minas, e seguiu até Taquaraçu de Baixo, distrito de Santa Luzia, onde as atividades foram encerradas a cerca de 800 metros do encontro do Rio Taquaraçu com o Rio das Velhas. Uma roda de conversa, carregada de histórias da formação de Taquaraçu, foi realizada no Teatro São Francisco de Assis, conhecido como Teatro de Curral, um dos dois teatros desse tipo no mundo e ponto histórico da sub-bacia.

“O grande protagonista dessa expedição é o Langsdorff, queremos manter viva sua memória, seu trabalho. Só temos a agradecer a todos, dessas quatro comunidades, pela recepção” reforçou, Walter Caetano. Vicente Rodrigues, secretário de Meio Ambiente de Santa Luzia, representando o poder público dos quatro municípios visitados, finalizou os discursos e colocou a secretaria à disposição para novos projetos.

Ao todo, a expedição ‘Taquaradorff 2025’ percorreu 70 quilômetros – no caso dos cavaleiros – e 25 quilômetros – para os expedicionários embarcados em caiaques. Durante todo o percurso, os expedicionários eram uníssonos: a mensagem de preservação do Rio Taquaraçu, de sua sub-bacia, em prol da quantidade e qualidade das águas na bacia do Rio das Velhas.

Mais história

O Barão Georg Heinrich Von Langsdorff foi um zoólogo, botânico e médico alemão que, a serviço do governo russo, elaborou e executou uma grande expedição naturalista entre 1821 e 1829. A expedição contou com um grupo de pesquisadores e desenhistas, em uma viagem de 17 mil quilômetros, estudando a fauna, a flora e o modo de vida do interior do Brasil. A expedição passou, entre 1824 e 1825, pela da bacia do Rio Taquaraçu registrando e retratando os aspectos naturais e sociais da região.

Conheça a UTE Rio Taquaraçu

A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Rio Taquaraçu está localizada no Médio-Alto Rio das Velhas e seu território abriga os municípios de Caeté, Jaboticatubas, Nova União, Santa Luzia e Taquaraçu de Minas, em uma área total de 795,5 km².

Os principais cursos d’água da unidade são o Rio Taquaraçu, Rio Vermelho, Ribeirão Ribeiro Bonito e Rio Preto. Apesar de receber lançamentos de esgotos de várias cidades do seu entorno, o Rio Taquaraçu apresenta boa qualidade de água.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Arthur de Viveiros
*Fotos: Arthur de Viveiros e Bernardo Mascarenhas