Desde o último sábado (28), um incêndio de grandes proporções atinge a Área de Proteção Ambiental (APA) Cachoeira das Andorinhas, em Ouro Preto – região que abriga as primeiras nascentes do Rio das Velhas. O fogo teria começado pela manhã no entorno das obras de infraestrutura da Barragem do Doutor, localizado em Antônio Pereira, distrito ouro-pretano. No final do mesmo dia, o fogo já havia cruzado o divisor de bacias e atingido a região do Vale do Rio das Velhas.
O combate às chamas chegou no final da tarde de sábado em uma operação coordenada pelo Corpo de Bombeiros Militar, com participação da Secretaria de Meio Ambiente de Ouro Preto, da Defesa Civil e de brigadas contratadas pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e por mineradoras. Na quarta-feira (02), helicópteros e aviões somaram esforços aos bombeiros e brigadistas que atuam contra as chamas em solo.
Ronald Guerra, vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e morador da região, relatou o que tem observado no local e como os primeiros momentos do incêndio são definitivos nos acontecimentos dos dias seguintes. “Esse incêndio começou no sábado às 10h da manhã e não houve um combate preventivo que é no início do foco do incêndio. Passou o dia todo e entrou tarde afora. Ele tomou proporções subindo a Serra e atravessou para a vertente do Rio das Velhas, iniciando um grande foco de incêndio na APA da Cachoeira dos Andorinhas. Nessa área, por volta das 5 da tarde, iniciou uma estrutura de combate. Mas na origem do incêndio não havia nenhuma estrutura.”
Além da questão do atraso na mobilização, Ronald Guerra destaca um decreto do governador do estado que alterou a coordenação das equipes de combate aos incêndios, que antes ficavam na responsabilidade do IEF e agora são do Corpo de Bombeiros. Essa mudança demanda um período de adaptação e, segundo Guerra, acabou fragilizando a estrutura de prevenção e combate aos incêndios florestais.
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“É muito importante ter um sistema integrado. Ele era promovido pelo IEF e agora passou para a coordenação do Corpo de Bombeiros. Mas a gente olha com muito cuidado justamente porque todo o processo de transição causa um impacto e principalmente porque de alguma forma está sendo sucateado todo esse sistema que já estava instalado e operando nos territórios”, destaca o vice-presidente do CBH Rio das Velhas.
Os ventos fortes e o calor extremo contribuem para que o fogo se espalhe pela vegetação rapidamente. Até a última atualização, na manhã de quinta-feira (3), as chamas caminhavam para os lados do distrito de São Bartolomeu, próxima à Floresta Uaimií.
Para Guerra, a solução passa por ter “maiores investimentos e, principalmente, que as mineradoras que estão no entorno do território tenham infraestruturas adequadas para combater na origem esses focos de incêndio. Além da parte toda preventiva, que é um trabalho que se faz antes mesmo do período de ocorrência de incêndio.” As duas UC’S, Andorinhas e Uaimií, foram criadas para preservar e proteger as nascentes do Rio das Velhas e toda a biodiversidade que se encontra na região.
Nesta quinta-feira (3), o CBH Rio das Velhas promoveu algumas articulações a fim de contribuir com o fim do fogo na região. Junto à Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável), IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas), Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, o Comitê conseguiu aeronaves e brigadistas para atuar junto ao combate ao fogo.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Yasmim Paulino
*Fotos: Divulgação