Moradores pedem esclarecimentos sobre vazamento de mineradora e nível de contaminação de córrego em Sabará

22/03/2022 - 18:25

O vazamento de material industrial da AngloGold Ashanti atingiu o leito do Córrego Cuiabá e do Ribeirão Sabará, afluentes do Rio das Velhas, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que amanheceu no dia 12 de março com a coloração acinzentada. Moradores da região reclamam da situação e mineradora presta esclarecimentos em reunião realizada pelo Subcomitê Ribeirões Caeté-Sabará, pertencente ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), em reunião extraordinária realizada de forma virtual, no dia 18 de março.


O coordenador do Subcomitê Ribeirões Caeté-Sabará, Jefferson Paes, cobrou uma fiscalização mais efetiva e pediu explicações sobre o vazamento. “A população de Sabará está intensamente preocupada com a coloração das águas dos cursos d’água que receberam o material industrial. A água ficou acinzentada e estamos apreensivos com os impactos que podem causar para o meio ambiente e moradores. Precisamos de uma fiscalização mais eficiência e ágil nas mineradoras para evitar problemas como este”, afirmou.

A AngloGold Ashanti informou que houve vazamento de material industrial não tóxico e não perigoso da mina Cuiabá no dia 12 de março, o qual foi estancado no mesmo dia em que começou. Um segundo vazamento foi constatado nos cursos d’água em Sabará no dia 17 de março. De acordo com a Anglogold Ashanti, técnicos vistoriaram o local no dia 18 de março e foi verificado que o material tinha um odor forte de matéria orgânica e que não era de responsabilidade da mineradora.

Segundo a mineradora, o material vazado é parte da rocha extraída do subsolo e, após passar pelo processo produtivo, é classificado como rejeito não perigoso. A empresa comunicou ter contratado uma empresa especializada em atendimento a emergências ambientais, que está trabalhando na limpeza do córrego Cuiabá 24h por dia. Além disso, diz estar monitorando os cursos d’água envolvidos.


Reunião virtual organizada pelo Subcomitê Ribeirões Caeté-Sabará reuniu moradores e representantes da mineradora 


“A Anglogold Ashanti contratou empresa especializada que já percorreu os principais córregos da região e não encontrou mortandade de peixes. A empresa deu início imediato aos protocolos ambientais e de segurança, junto com as autoridades competentes, que foram comunicadas e acompanham a situação”, disse Luis Breda, gerente de licenciamento ambiental da AngloGold Ashanti.

A mineradora disse também que inspecionou toda a superfície da Mina Cuiabá e área externa (percurso ao longo do Córrego Cuiabá e Ribeirão Sabará). Foi implantado sistema preventivo de contenção de sedimentos ao longo das canaletas e áreas afetadas e a canaleta pluvial atingida e a calha do córrego Cuiabá foram limpas.

“Seguindo as exigências das autoridades, se encontra em curso um processo interno de investigação para identificação da causa da ocorrência e será feito um Plano de Ação contemplando todas as ações estruturantes visando evitar que ela se repita”, afirmou Luiz Breda.

Reparação

A AngloGold Ashanti terá que pagar R$ 7 milhões ao município de Sabará por causa do vazamento de rejeitos de minério nos córregos da cidade Cuiabá e Sabará. A mineradora fechou um Termo de Compromisso com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e será responsável por trabalhar na reparação ambiental.

A destinação dos R$ 7 milhões será indicada pelo MPMG com ações como projetos socioambientais, de fiscalização, de proteção e de reparação do meio ambiente; apoio a entidades cuja finalidade institucional inclua a proteção ambiental; fundos federais, estaduais ou municipais, regularmente constituídos e em funcionamento, para aplicação em proveito do meio ambiente na comarca.


Águas do Ribeirão Sabará e do Córrego Cuiabá ganharam coloração acinzentada após vazamentos de rejeitos


Barragem Cuiabá

Segundo a AngloGold Ashanti, o vazamento não tem relação com a barragem de contenção de rejeito de Cuiabá, que se encontra segura e estável. De acordo com o laudo enviado para a Agência Nacional de Mineração (ANM), a última inspeção na barragem foi em 24 de junho do ano passado. Ainda segundo o laudo, a barragem tem categoria de risco alto e caso de rompimento, o dano potencial associado é alto.

A barragem de Cuiabá armazena 7,6 milhões de metros cúbicos de rejeito. A estrutura tem 97 metros de altura e 395 metros comprimento. Atualmente a mineradora implanta um projeto de disposição de rejeitos 100% a seco até o final do ano de 2022 na Mina Cuiabá.

“As unidades de Minas Gerais estão encerrando o envio de rejeito em polpa para as barragens. A unidade já dispõe cerca de 76% a seco e, este ano, também encerra o envio de rejeito em polpa para a barragem. A iniciativa reforça a busca por alternativas ainda mais seguras de destinar o rejeito”, destacou Luis Breda.

 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiza Baggio
Fotos: Prefeitura de Sabará – Divulgação