Na última semana, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e o Subcomitê Rio Bicudo realizaram o Seminário Final para apresentação do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Municipal Morro da Garça, no Baixo Rio das Velhas. O documento, que propõe a utilização sustentável do território que compõe o imaginário da obra de Guimarães Rosa, foi entregue à população local através das mãos do prefeito Márcio Rocha na quarta-feira (30).
Para Luiz Felippe Maia, coordenador do Subcomitê Rio Bicudo, o documento reflete as demandas locais e representa o início de um processo contínuo. “A construção do plano de manejo foi democrática. Todo mundo conseguiu expor sua opinião, tanto o pequeno quanto o grande produtor. Normalmente os projetos são feitos e finalizados, mas este não, este não finaliza, continua. É um projeto que a comunidade pode acompanhar, pode levar para frente tudo aquilo que tinha vontade de fazer. Não parem de participar!”
O encontro também contou com a presença de Poliana Valgas, presidenta do CBH Rio das Velhas, que destacou o valor do documento para a preservação ambiental e lembrou a necessidade de colocá-lo em prática. “O primeiro passo foi dado em 2017, quando o plano foi solicitado pelo Subcomitê. Agora vem o passo mais importante, que é tirar as ações do papel. O plano não pode ficar numa gaveta. Nós precisamos que a comunidade não se esqueça de tudo o que foi construído aqui. É um trabalho em conjunto.”
A empresa Ecosoul esteve à frente da elaboração do plano e realizou seminários e oficinas para ouvir a sociedade civil e o poder público e entender suas necessidades. Além disso, um extenso estudo foi feito em campo a fim de mapear o território da APAM, sua fauna e sua flora. Quem descreve os resultados é Bruno Alves, coordenador geral do estudo.
“A APAM abrange duas Unidades Territoriais Estratégicas (UTEs), a do rio Bicudo e a do rio Picão. Encontramos 92 espécies de flora, 29 espécies de peixes, 34 de anfíbios, 26 de répteis, 377 de aves e 28 espécies de mamíferos, 5 delas em ameaça de extinção, como o lobo guará e a onça parda. Ela se estende por 19.900 hectares aproximadamente, quase 50% do território do município de Morro da Garça. Possui uma grande significância, uma vez que abrange o Morro da Garça, inspiração de obras de Guimarães Rosa como o “Recado do Morro”, e recursos hídricos de grande importância, bem como achados arqueológicos indígenas.”
Confira mais fotos da apresentação do Plano de Manejo:
Segundo ele, a APAM é um importante elemento da paisagem e da identidade regional, e tem como propósitos a preservação e conservação do meio ambiente, em especial do bioma cerrado, das nascentes, rios, afluentes e matas ciliares, proporcionando condições para produção rural sustentável da região.
“O que estamos entregando para o prefeito Márcio não é uma bola de cristal, mas um documento que tem como objetivo estabelecer o zoneamento da área e diretrizes para a utilização do território a partir de um diagnóstico prévio”, explicou Patrícia Pereira, também coordenadora geral do estudo. Ela também demonstrou seu encanto com o que, segundo ela, foi um dos projetos que mais contou com a participação ativa da comunidade.
Exemplo disso é o Luiz Eduardo de Souza, morador da APAM que tem apenas 10 anos de idade. Ele esteve presente em todos os encontros, exceto um, e contribuiu ativamente nas discussões em grupo, sua atividade favorita. Com a palavra, o jovem Luiz: “Gostei muito de tudo. Toda reunião eu gosto de vir, só uma que eu não pude vir. Gostei muito quando a gente se dividia em grupo para a gente poder conversar. A gente tem que preservar porque senão morre os animais, prejudica até a gente mesmo, né? Se a gente não cuidar, vão acabar os alimentos, os animais, porque sem cuidar não tem como ter, os bichos vão todos morrer. Eu queria que tudo fosse melhor, que ninguém desmatasse, que fosse tudo bom.”
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Leonardo Ramos
Fotos: Leonardo Ramos