Um impasse sobre a viabilidade hídrica impediu a anuência do Conselho Consultivo do Parque Estadual Serra do Rola Moça para o empreendimento CSul, uma das maiores obras de urbanização da região metropolitana de Belo Horizonte. O projeto precisa da concordância do colegiado da unidade de conservação para obter a licença prévia (LP). A votação estava prevista para reunião realizada nesta segunda-feira (07 de maio), mas os conselheiros do Parque do Rola Moça pediram vistas do processo do megaprojeto imobiliário CSul.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Marcus Vinícius Polignano, explica que não é uma questão de ser contra ou a favor do CSul. “O que estamos discutindo na reunião do Conselho do Parque do Rola Moça é se a região suporta o empreendimento”, afirmou.

Localizado entre os municípios de Nova Lima, Brumadinho e Itabirito, o CSul terá 27 km², com previsão de ocupação na estrutura geológica conhecida como Sinclinal Moeda de mais de 150 mil pessoas nos próximos 50 anos e com uma demanda de mais de 2.300.000 m3 de água por mês na sua capacidade máxima, segundo relatório da consultoria da CSul.

Representantes de organizações que atuam na defesa do meio ambiente denunciam que ainda não houve a comprovação, por parte dos empreendedores, de que a construção do loteamento não irá afetar a capacidade hídrica da região. A principal preocupação é que o local fica em uma das principais áreas de recarga hídrica das bacias dos rios das Velhas e Paraopeba. Juntas, elas são responsáveis por todo o abastecimento de água de Belo Horizonte e de grande parte da região metropolitana.

Para Marcus Vinícius Polignano, não tem como pensar em um empreendimento de tamanha magnitude sem pensar nos impactos que podem trazer para toda a região. “O empreendimento precisa fazer uma avaliação de impacto integrado do Sinclinal Moeda. A questão hídrica é limitante para esse projeto. Se não entendermos isso as consequências serão para toda a bacia. Quero que me provem que existe água para abastecer toda a população que o empreendimento prevê”, esclarece.

De acordo com os representantes da CSul, o projeto é completamente sustentável, não representa riscos ambientais e estudos hidrológicos já apontam a viabilidade hídrica do empreendimento.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba (CBH Rio Paraopeba), Denes Martins da Costa Lott, falou sobre a preocupação com os impactos que o CSul pode trazer principalmente para os aquíferos e nascentes da região e afirma: “Como entidades que congregam diversos setores da sociedade, poder público e usuários, o CBH Rio Paraopeba têm a função de fazer a gestão pública dos rios e garantir a qualidade de vida no entorno das bacias”, disse.

O Conselho Consultivo do Parque Estadual Serra do Rola Moça marcou uma reunião extraordinária para o dia 28 de maio de 2018, na sede do parque para analisar e votar sobre a anuência ao empreendimento CSul.

Confira as fotos da reunião: