Prefeitura de BH apresenta programas de educação e qualificação profissional na CTECOM

13/05/2022 - 17:15

A Câmara Técnica Educação, Comunicação e Mobilização (CTECOM) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) recebeu, em sua última reunião, realizada na terça-feira (10), representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) de Belo Horizonte. Em pauta, a apresentação de programas educativos e de formação profissional desenvolvidos pelo órgão.


Logo após a abertura dos trabalhos, a cargo do coordenador da CTECOM, Edinilson dos Santos, da Prefeitura de Contagem, Márcia Dias, da SMMA, graduada em Pedagogia, com mestrado e doutorado em Educação, discorreu sobre o programa “Ambiente em Foco Virtual”, pelo qual responde.

Segundo Dias, toda as ações de educação ambiental da SMMA “seguem os preceitos da Lei 9.795/99, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental” e orienta a construção de valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltados para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Reconhecido em 2005 pelo Ministério do Meio Ambiente com o título de Sala Verde – espaço formativo de educação ambiental, o programa deriva do formato presencial, que levava palestrantes ilustres para debater os temas da preservação ambiental e promovia diversas oficinas. Com a pandemia de Covid-19, em tempos de isolamento e distanciamento social, entra em cena sua versão virtual.

Abrindo o leque

Márcia Dias lembrou que o coordenador da CTECOM foi o primeiro palestrante virtual, ainda em 2020, em evento dirigido somente ao público interno em virtude das restrições impostas pela legislação eleitoral. O programa online ampliou a adesão do púbico local e agregou interessados de outros estados brasileiros, “até do Rio Grande do Sul”, além de compartilhar a expertise de palestrantes do exterior. Outro dado positivo é a formação de um repositório digital, em implantação, que poderá ser acessado sem limites.

As palestras, 28 ao todo, já reuniram 1760 participantes e são quinzenais, abordando temas mensais divididos em grandes áreas como águas, chuvas e riscos geológicos; solo e terra; biodiversidade; meio ambiente, consumo sustentável e sustentabilidade; ecossistema; vegetação; qualidade do ar, flora e fauna; crise hídrica e saneamento, entre outros. As diretrizes para a programação vêm dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

Questionada pela analista da Agência Peixe Vivo, Ohany Vasconcelos, a respeito dos efeitos da multiplicação de eventos online sobre o quantitativo de público, Dias explicou que o foco do programa é ”trazer temas emergentes e publicar ementas curtas, fortes e sedutoras, além de diversificar as formas de divulgação”, atraindo a participação. Houve edições, conta, “com grande número de inscritos, como a que tratou de barragens a montante de BH e segurança hídrica, que teve 250 pessoas na live”.

Diversos conselheiros elogiaram a iniciativa, como Tereza Bernardes, da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), que deu seu depoimento: “Tive a oportunidade de participar da apresentação do João Bosco Senra (ex-secretário Meio Ambiente da capital) e gostei muito do formato e da interação”.

Edinilson dos Santos comentou, a respeito da modalidade virtual: “No Comitê, o social é que manda, o encontro, as pessoas sentem falta do contato, mas é mais fácil e barato o virtual. Teremos que chegar num ponto de equilíbrio entre um e outro meio”.


Encontro virtual marcou reunião da CTECOM


Energia limpa e ação social

Humberto Martins Marques, gerente de Educação Ambiental da SMMA desde outubro 2021, conselheiro do CBH Rio das Velhas e membro da CTECOM, relatou a experiência da Usina Escola – Centro de Formação Ambiental e Inclusão Produtiva, que estará em funcionamento até agosto próximo.

A ideia ganhou vida com a instalação de usinas fotovoltaicas pela administração municipal de Belo Horizonte. “A primeira foi no Centro de Educação Ambiental da Pampulha. Depois veio a do telhado da Prefeitura, em plena Avenida Afonso Pena, como forma de chamar a atenção do cidadão para a viabilidade e a sustentabilidade da iniciativa, gerando energia e formando consciência”, diz Marques. O cálculo estima que o investimento se paga em apenas três anos. Vários prédios públicos já têm projetos em andamento.

Pensando nas pessoas em situação de rua e nos moradores dos abrigos municipais (número que varia de 2.200 pessoas, segundo Marques, até mais de 5 mil, de acordo com instituições que acompanham a problemática), a Usina-Escola será destinada à formação de mão de obra dessa população para a montagem de usinas fotovoltaicas em BH. O assunto virou objeto de Trabalho de Conclusão de Curso de Marques em programa de pós-graduação da Escola de Arquitetura da UFMG.

O gerente de Educação Ambiental informou que uma das escolas da PBH já conta com sua usina, e que pelo menos 40 outras também serão contempladas com a tecnologia.

Pioneiro na formação de mão de obra da população em situação de rua, o Usina-Escola conta com recursos da compensação ambiental. As atividades acontecerão na Sala Verde da SMMA às terças e quintas pela manhã. A Secretaria de Assistência Social da Prefeitura, em busca ativa, vai cadastrar os interessados e garantir sua condução ao curso, que terá aulas teóricas e práticas durante três semanas. Ao final, os alunos visitarão uma grande usina fotovoltaica situada em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana, receberão certificado e participarão de seleção para o mercado de trabalho.

O Conselheiro José de Castro Procópio, da Associação de Desenvolvimento de Artes e Ofícios (ADAO), saudou a iniciativa e assinalou: “Estamos perdendo oportunidade de mudar o panorama energético brasileiro com a geração distribuída, num modelo descentralizado, sem usinas gigantes e sem depender das opções pseudossustentáveis”

De acordo com Marques, só em conta de energia a Prefeitura gasta R$ 80 milhões por ano, 70% disso no consumo das escolas municipais. Ele citou estudo da Accenture, financiado pelo Banco Mundial, sobre a instalação de usinas do tipo nas unidades de ensino: “Se forem investidos R$ 40 milhões nessas usinas, as escolas seriam autossustentáveis”.

Para Tereza Bernardes, “possibilitar a ampliação da matriz energética adotando a tecnologia limpa é princípio básico da educação ambiental, descrito por lei”.

Outros assuntos

A CTECOM aprovou ainda a relação final que irá a votação pública para batizar o peixe-símbolo da bacia, o Dourado. Os nomes da lista são Piraju (que significa peixe amarelo), Dodô (diminutivo carinhoso), Aurélio (do latim ouro), Kûara (sol em Tupi) e Valente, que dispensa apresentações.

O conselheiro Edinilson trouxe o tema da sucessão na coordenação da CTECOM, que ele ocupa “já há 3 anos”. A questão deve ser examinada nas próximas reuniões da Câmara.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Paulo Barcala
Foto: Ohana Padilha