O Projeto Hidroambiental da Unidade Territorial Estratégica Rio Paraúna (UTE Rio Paraúna), que concluiu quase 30% das intervenções de preservação e recuperação ambiental nos cursos d’água e nascentes da microbacia do Córrego Engenho da Bilia, já está colhendo bons resultados, como a melhora na oferta de água.
Realizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e pelo Subcomitê Rio Paraúna, com apoio técnico da Agência Peixe Vivo e execução da Localmaq, o projeto, cujo recurso provém da Cobrança pelo Uso da Água na bacia do Rio das Velhas, orçado em mais de R$ 1 milhão, atende os municípios de Gouveia, Presidente Juscelino e Congonhas do Norte, localizados no Médio Baixo Rio das Velhas. Seu objetivo é realizar a manutenção da quantidade e da qualidade das águas, contendo os processos erosivos, protegendo as nascentes, preservando suas condições naturais de oferta.
Cenário preocupante
A decisão de executar o projeto foi em razão da região apresentar sérios problemas ambientais como danos graves no solo e o intenso assoreamento de córregos, resultado do seu uso para atividades como silvicultura, pecuária e agricultura de subsistência.
“Esse é um território que vem sendo assoreado há muito tempo. Essas práticas que o projeto vem fazendo como terraceamento, construção de barraginhas e plantio de mudas, traz para dentro da comunidade melhorias que evitam o assoreamento dos cursos d’água”, explica Izabel Nogueira, mobilizadora do CBH Rio das Velhas.
A região apresenta grave assoreamento do rio Paraúna. Crédito: Michelle Parron
Uma grande conquista para a comunidade
Os integrantes do Subcomitê Rio Paraúna, junto com o CBH Rio das Velhas, vêm trabalhando há algum tempo para mudar o cenário dos problemas ambientais da sub-bacia. A aprovação da execução do projeto chegou como um presente para os moradores da região. “A comunidade teve uma aceitação muito grande, até porque era um sonho ter um projeto dessa grandiosidade no sentido de contenção de voçorocas, conservação de estradas vicinais e assoreamento”, explica Adeliane Margarida Silva, que é presidente da associação comunitária quilombola da comunidade do Espinho, diretora cultural da Federação das Comunidades Quilombolas do Estado de Minas Gerais (N’Golo) e coordenadora de sociedade civil do Subcomitê Rio Paraúna.
Além das intervenções físicas do projeto, a população está recebendo oficinas de educação ambiental, sendo beneficiada duplamente. No dia 20 de março foi realizada a 1ª Oficina de Educação Ambiental com o tema manejo e conservação de solos degradados, um dos quatro temas selecionados pelos próprios moradores da sub-bacia.
Assista ao vídeo sobre o projeto:
Intervenções ambientais realizadas
Iniciadas em outubro de 2018 com a realização do cercamento para proteger as áreas de animais e dar início ao plantio de 11.100 mudas, com o aproveitamento do período de chuvas, as intervenções do projeto hidroambiental incluem ainda execução de barraginhas nas áreas necessitadas de recarga hídrica e disciplinamento da drenagem em focos erosivos; construção de terraços em gradiente associados a bacias de contenção em suas extremidades; recomposição vegetal, cercamento de Áreas de Preservação Permanente (APPs) de nascentes e de áreas a serem reflorestadas; mobilização social das comunidades com ênfase em iniciativas de educação ambiental.
Etapa já concluída do projeto, o reflorestamento garantiu o plantio de 11.100 mudas de plantas nativas. Crédito: Michelle Parron
Até então, 30% das ações definidas no plano de trabalho já foram executadas no território. Segundo João Juliano Rodrigues Casasanta, engenheiro civil que atua na equipe técnica da Localmaq, “são quase 8km de cercamento, 17 hectares de enriquecimento florestal, quase 1 hectare de semeadura, quase 8km de cercamento e 113 barraginhas” previstos no projeto.
Veja mais detalhes do projeto e quais as ações já realizadas:
Acompanhamento técnico
Para orientar os agricultores da região durante a implantação do projeto ambiental, a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) desempenha um papel fundamental de assistência técnica. “A gente trabalha junto com o Subcomitê na orientação dos agricultores para a necessidade dos terraceamentos nas propriedades, a função da barraginha, que vai receber a água da chuva, infiltrando e abastecendo o lençol freático”, relata Adriano de Carvalho Gomes, extensionista agropecuária da Emater de Gouveia. Ele explica ainda que as barragens e terraços vão ajudar a reter a água, abastecendo o lençol freático e aumentando a água das nascentes, quando as chuvas vierem em grande escala.
Segundo o técnico da Emater, as mudanças na região já são visíveis depois do início do projeto hidroambiental, aumentando, inclusive, a disponibilidade dos recursos hídricos. “A gente pode observar aqui o aumento de água na região. A parte que foram feitos os terraços, a pastagem está melhor. A gente tá vendo algumas nascentes, que antes estavam correndo menos água, com as barraginhas e terraços já estão aumentando essa quantidade de água.”
Veja as fotos da execução do projeto:
UTE Rio Paraúna
Localizada no Médio Baixo Rio das Velhas, a Unidade Territorial Estratégica (UTE) Rio Paraúna é composta pelos municípios de Conceição do Mato Dentro, Congonhas do Norte, Datas, Gouveia, Monjolos, Presidente Juscelino, Presidente Kubitschek, Santana de Pirapama e Santo Hipólito. A Unidade ocupa uma área de 2.337,61km² e detém uma população de 22.908 habitantes.
A UTE tem uma grande riqueza de cursos d’água com uma alta densidade de drenagens de tributários e tem como principal rio o Paraúna, com seus 150,23 quilômetros de extensão. Além disso, o Rio Paraúna é considerado um dos mais importantes afluentes do Rio das Velhas em sua margem direita e é crucial na depuração de suas águas, devido aos bons índices de qualidade verificados periodicamente, de acordo com o monitoramento anual apresentado pelo IGAM.
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Michelle Parron
Fotos: Michelle Parron