O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), em parceria com o Subcomitê Guaicuí e Agência Peixe Vivo, concluiu recentemente o Projeto Resgatando Jovens, que buscou capacitar a comunidade de Porteiras, em Barra do Guaicuí, no município de Várzea da Palma, sobre aspectos que envolvem a construção de um viveiro, manutenção das mudas e desenvolvimento e coleta de sementes.
O Projeto Resgatando Jovens foi o primeiro a ser contratado e finalizado em relação às demandas recebidas no 2° Edital de Chamamento Público do CBH Rio das Velhas. A demanda foi um pedido da própria comunidade e foi colocada como prioritária pelo Subcomitê Guaicuí.
Coube ao Comitê, através da Agência Peixe Vivo, a contratação da empresa Tema, com recursos da cobrança da água, para que pudesse acontecer a capacitação das pessoas envolvidas. “Buscamos parceiros para suprir outras demandas.
Por exemplo, o Grupo Mantiqueira, importante usuário de água do Rio das Velhas, disponibilizou maquinário para manutenção do terreno, roçadeira, trator e caminhão. Ainda doaram os insumos para início do viveiro. E a empresa Vallourec doou toda a madeira para montar a estrutura do viveiro”, destacou o coordenador-geral do Subcomitê Guaicuí, Eustáquio Pinheiro da Silva.
Confira fotos das ações do projeto:
Segundo o supervisor do Grupo Mantiqueira na região, Adalto Muniz, o grupo está muito feliz em participar do projeto e já se prontificou em ajudar nas próximas etapas da ação. “A Mantiqueira é uma empresa que se preocupa muito com a questão socioambiental e socioeducacional. Estamos atentos e dispostos a colaborar com os projetos que acontecem no município. Este em especial fiquei muito contente, pois sou membro do CBH Rio das Velhas e sei da importância dele para a comunidade. Então, pretendemos ajudar em todas as etapas do processo”, ressaltou Adalto.
Para a aposentada e conselheira do Subcomitê Guaicuí, Zita Ruas Rodrigues, que apresentou o projeto ao Comitê, ver a iniciativa sair do papel é a realização de um sonho. “É uma ideia que tive em 2014, porém só virou realidade ano passado, graças ao Comitê. No início estávamos perdidos, mas com persistência, com a boa vontade dos parceiros e com a capacitação que recebemos, o projeto andou. Atualmente temos um terreno preparado para receber o viveiro e já temos mais de 100 mudas, entre elas, pinha, atemoia, angico e pitanga”, conta de forma entusiasmada Dona Zita.
O terreno onde fica o viveiro é uma área de 16 hectares, localizado na margem direita do Rio das Velhas, em um ponto estratégico perto da captação de água da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e foi cedido para a comunidade pela prefeitura. O objetivo do projeto é fazer do local uma referência em sustentabilidade, além de gerar emprego e renda para os jovens.
De acordo com Dona Zita, o principal foco da iniciativa são os jovens da comunidade e região. “Nosso objetivo é ter a juventude trabalhando no local. Será uma forma de gerar um renda para esses jovens. A maioria não tem opção de emprego aqui e saem para trabalhar longe da comunidade e da família. A ideia é resgatar esses jovens, para que eles prosperem financeiramente num ambiente familiar. Estamos resgatando os jovens para o desenvolvimento sustentável da região”, explicou dona Zita.
Adalto Muniz (à esquerda) e Dona Zita (à direita) conselheiros do SCBH Guaicuí. Crédito: Tiago Rodrigues
Essa é a esperança da estudante Vanessa Silva, de 21 anos, que é de Porteiras, mas atualmente reside em Pirapora. “Nesse momento estou desempregada, então seria muito bom voltar para a comunidade empregada. Vou me envolver no projeto para que isso aconteça. É muito difícil, por exemplo, morar em Porteiras e trabalhar em outra cidade – o transporte, a logística, tudo é complicado, sem falar na parte financeira”, observou a estudante.
Para o aposentado Joaquim Domingos, 69 anos, ver os jovens indo embora de Porteiras, sem esperança de dias melhores, é muito triste. “Todo dia vou no viveiro e molho as mudas, quero que lá sirva de incentivo para a juventude, a maioria está sem perspectivas. Agora precisamos de novos parceiros, para que o projeto cresça ainda mais. O Ministério Público já se prontificou a ajudar, isso é um grande passo. Plantamos uma semente, agora temos que cuidar para colher bons frutos junto com essa garotada”, disse Domingos.
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Tiago Rodrigues
*Fotos: Tiago Rodrigues e Acervo Tema