A Serra do Cabral, na região Norte de Minas, faz parte da Cordilheira do Espinhaço e é um divisor das UTEs (Unidades Territoriais Estratégicas) Guaicuí e Rio Curimataí. A região apresenta incontáveis nascentes, cachoeiras e veredas, além de uma fauna e flora exuberantes, com algumas espécies endêmicas.
Na Serra do Cabral viveram povos indígenas nômades até aproximadamente 350 anos atrás, o que reforça a sua importância arqueológica e histórica. Eram conhecidos como Cabralinos e deixaram muitas pinturas rupestres.
É nesse território que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) está concluindo o projeto hidroambiental ‘Proteção das Águas do Cabral’, que construiu mais de 370 bacias de captação de água pluvial, mais conhecidas como barraginhas, e cercou 4 mil metros de nascentes e veredas nas comunidades de Bananal de Cima, Bananal e Baixo e Riacho Magro, em Várzea da Palma. “O objetivo desse projeto é aumentar a quantidade e qualidade das águas. A cerca irá evitar a entrada de animais, a contaminação das águas e queimadas, e as barraginhas vão segurar as águas de chuvas, alimentar o lençol freático e segurar os sedimentos que antes assoreavam o rio”, afirmou Jorge Olavo Mattos, responsável pelo projeto pela empresa executora Fortal Engenharia.
Assista ao vídeo sobre o projeto:
Ainda segundo ele, são as características climáticas da região que fazem do projeto ainda mais importante para a população local. “Várzea da Palma, a região Norte de Minas como um todo, é caracterizada por um período extenso de seca. Para essa população conviver melhor com a seca, essas barraginhas vão ajudar muito, porque essa água que vem da chuva que cai durante uns quatro ou cinco meses por ano vai ficar nas propriedades, infiltrar aos poucos, alimentar o lençol freático e vai minar dois, três meses depois em algum outro lugar, beneficiando essa população no período mais seco do ano”.
Todas as ações executadas visam à conservação e preservação das águas e a reversão dos processos de degradação do solo na área da UTE (Unidade Territorial Estratégica) Guaicuí. O coordenador do Subcomitê Guaicuí, Eustáquio Pinheiro, destacou a participação e engajamento da população em torno do projeto e como os benefícios já estão sendo notados. “O pessoal já está sentindo o efeito, as melhorias são visíveis. O córrego já não está assoreando como antes. A conscientização é outro fator que tem crescido graças a esses projetos que temos executado aqui no Baixo Velhas. O pessoal já está pedindo mais projetos e tem se interessado cada vez mais na área de meio ambiente e na proteção das nascentes”, disse.
O coordenador do Subcomitê Guaicuí, Eustáquio Pinheiro (à direita), destacou a participação e engajamento da população em torno do projeto. Crédito: Fernando Piancastelli
O atual projeto executado aconteceu como complementação de outra intervenção recentemente concluída pelo Comitê na região, que também construiu barraginhas e melhorou estradas rurais em Lassance e Várzea da Palma. O produtor rural e presidente da Associação Comunitária Lagoinha, Cipriano Carlos de Azevedo, foi um dos proprietários de terra da região que contou com benefícios do projeto anterior realizado pelo CBH Rio das Velhas com recursos da cobrança pelo uso da água na bacia. “Para mim foi uma maravilha, porque eu sempre tive o sonho de abrir barraginhas no meu terreno, mas as condições financeiras não davam. Aí veio o projeto e fez para mim. A vantagem que eu vi foi para evitar erosão na minha terra e fortalecer o lençol”, destacou.
Veja as fotos da intervenções:
O território
A UTE Guaicuí localiza-se no Baixo Rio das Velhas e é composta pelos municípios de Corinto, Lassance, Pirapora e Várzea da Palma. A Unidade ocupa uma área de 4.136,93 km² e detém uma população de 31.581 habitantes. Esta UTE envolve a foz do Rio das Velhas com o Rio São Francisco, onde o Rio das Velhas possui 153,66 quilômetros de extensão dentro da unidade territorial. Outros cursos d’água relevantes são o Ribeirão Bananal, Ribeirão do Corrente, Ribeirão do Cotovelo e Córrego do Vinho. Destaca-se a presença da Serra do Cabral, divisor de águas entre as UTE Guaicuí e UTE Rio Curimataí.
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiz Ribeiro
*Fotos: Fernando Piancastelli