Revista CBH Rio das Velhas Nº 2: Olhares

12/11/2015 - 20:12

É da riqueza do Rio que estamos falando. Caminho de muitas vidas, estrada que reflete sonhos, promessas, angústias e emoções. Olhar essas imagens aumenta a vontade de ver o Rio das Velhas vivo, cheio e limpo, para que continue a protagonizar histórias dentro e fora das águas. É parte de nós. Pertence a nós. Não é possível que o deixemos secar. Das mãos que tocam o Rio brota a esperança de inundar de novo, quem sabe um dia, essa estrada espelhada.

Poesia: Eliseu Rodrigues dos Santos
Fotos: Lucas Nishimoto (Acervo TantoExpresso)
Fernando Piancastelli (Acervo Projeto Manuelzão)

Estrada espelhada

por Eliseu Rodrigues dos Santos

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Rio Curimatai em Augusto de Lima – MG – Crédito: Acervo Projeto Manuelzão – Fernando Piancastelli

Os sonhos aveludados de príncipes e plebeus
levados ao trono branco,
como lágrimas de um pranto
desta estrada espelhada
jornada infinda se deu.

Viajantes incansáveis de barrancos e enxadas
a vida frutificada, deliciada
entre cheiros, sumos, massas e sabores
nesta estrada espelhada.

Rio das Velhas histórias,
quantos anseios segredaram a ti,
na calada da noite fria
entre a rede e o peixe,
somente ao Velho Chico constante, teu descanso enfim.

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Buenópolis – MG – Crédito: Acervo Projeto Manuelzão – Fernando Piancastelli

Amores contados em tuas águas,
poesias declamadas pelas damas do sabão,
no esfregar, no enxaguar
toda a verdade de uma coração.

Monstros, Sucuris e Cablocos povoaram
nos teus mitos realidades,
nas curvas e cachoeiras
teus Espíritos e divindades.

Serpentina entre serras,
banhando rochas e diamantes,
como uma longa estrada espelhada
sem pedir licença à vida,
tornando-a por amiga
no leito encravada.

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Buenópolis – MG – Crédito: Acervo Projeto Manuelzão – Fernando Piancastelli

Sublime fonte,
meu recanto, aconchego meu,
sempre a encontrar contigo,
voou nas asas do tempo,
infância saudosa, momentos felizes
outorgou-me “Deus”.

Os meninos vão na estrada espelhada,
deixando homens
no meio da jornada,
os sonhos aveludados
o tempo maquiou na face enrugada,
o trono branco era a fé
de manter vivo o rio que bebi ao nascer,
e poder navegar pra sempre
rumo ao destino, a flecha lançada,
na gloriosa estrada espelhada.

Meu amor, meu respeito, minha gratidão.
Rio das Velhas, minha poesia
minha lágrima e emoção.

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Rio das Velhas em Várzea da Palma – MG – Crédito: CBH Rio das Velhas – TantoExpresso – Michelle Parron

 

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