Rio das Velhas entra em estado de alerta e Convazão atua para não faltar água

10/08/2022 - 17:35

O Grupo Gestor de Vazão do Alto Rio das Velhas (Convazão), liderado pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), reuniu-se de forma extraordinária nesta terça-feira (09). Motivou o encontro as baixíssimas vazões registradas que fizeram o manancial entrar oficialmente no estado de alerta – o último estágio antes da necessidade obrigatória de restrição de uso da água.


Para considerar o estado de alerta, a média das vazões de sete dias deve ser inferior a 10,48 m³/s, índice chamado de Q7,10. Nos dias 2, 3 e 4 de agosto e no último domingo (7), a vazão chegou a 9,9 m³/s na região de Honório Bicalho, em Nova Lima, onde a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) capta água para abastecimento de metade da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

No dia 3, a captação da Copasa foi de, em média, 6,72 m³/s. A vazão residual – o que sobre do rio após a retirada – foi de apenas 3,18 m³/s.

“Até meados do mês de julho, o rio se mostrava um pouco mais resiliente se comparado com os anos anteriores, especialmente 2021. Com uma ingrata surpresa, no monitoramento das semanas de 21 a 27 de julho e de 28 de julho a 03 de agosto, a gente observou uma queda significativa nas vazões”, afirmou Renato Junio Constâncio, vice-presidente do Comitê, representante da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais).

Se esses valores reduzirem ainda mais, passando de 70% da Q7,10 e se repetirem nesse patamar por mais sete dias consecutivos, o rio entra em estado de restrição de uso. Nesse caso, será necessário reduzir, de forma obrigatória, o uso da água, de acordo com os tipos de consumo.



Convazão em ação

Criado com o intuito de pensar soluções para a segurança hídrica da RMBH, o Convazão reúne, além do CBH Rio das Velhas, a Copasa, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), o SAAE de Itabirito, além de Cemig e das mineradoras Vale e Anglogold Ashanti, que possuem barramentos de água na região do Alto Rio das Velhas.

Assim que as medições de vazão do Rio das Velhas passaram a registrar a queda preocupante, o coletivo passou a se movimentar de pronto. “Já na quinta-feira (04), a Copasa fez uma solicitação à Anglogold para que ela pudesse aumentar a defluência [do Sistema Rio de Peixe] em 500 litros por segundo, de forma que a gente conseguisse estabilizar a vazão do Rio das Velhas”, destacou Nelson Guimarães, superintendente de meio ambiente e representante da Copasa no Convazão e CBH Rio das Velhas.

A companhia anunciou também que reduziu a captação de água no Velhas. “Estávamos com uma produção em torno de 7,3 m³/s e, da semana passada pra cá, passamos pra algo em torno de 6,7 m³/s. A gente não consegue compensar ainda mais essa captação pelo Sistema Paraopeba, por conta da restrição de Serra Azul”, disse Sérgio Neves Pacheco, superintendente da unidade de negócio metropolitano da Copasa, em referência ao rompimento da adutora no Sistema Serra Azul, em março deste ano, causado por vandalismo e ainda não normalizado.

Na mesma terça-feira em que se deu a reunião da Convazão, Belo Horizonte viu uma fraca chuva após 91 dias de tempo seco. De posse das informações de previsão meteorológica da Cemig, Renato Constâncio destacou que isso não trará impacto para a vazão do rio. “Há uma frente fria no sul de Minas, vinda de São Paulo, mas ela será pouco representativa aqui para a região nesses dias. Talvez comece mais cedo do que nos anos anteriores, mas chuva mesmo só daqui quase um mês. A previsão é de chover algo em torno de 15mm somente em 3 de setembro”, disse.

Na próxima reunião do Convazão, na terça-feira (16), a Cemig apresentará a previsão meteorológica detalhada para o Alto Rio das Velhas.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiz Ribeiro
*Foto: Leo Boi