
A cidade de Santa Luzia, situada na região fisiográfica do Médio-Alto Rio das Velhas e integrante da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), instituiu, pela lei 4.811, o Dia Municipal do Rio das Velhas.
A data é a mesma escolhida pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) em outubro de 2018, pela Deliberação Normativa número 05, para celebrar o patrimônio hídrico, histórico e cultural representado pelo mais comprido afluente do Rio São Francisco. Conforme registra a DN, tratava-se de estabelecer “uma data comemorativa para a comunicação e integração com a sociedade, visando fortalecer na população o sentimento de pertencimento à Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas”. A razão da data de 29 de junho? É quando “se comemora o Dia de São Pedro, guardião das chuvas”, lembra a Deliberação, além de ser o dia da criação do colegiado.
A lei, sancionada pelo prefeito Paulo Henrique Paulino e Silva (Avante) em 2 de abril último, foi concebida pelo covereador Glaucon Durães, que compõe, juntamente com a vereadora Suzane Duarte, o mandato coletivo Luzias (PT). Além do Dia do Rio, a nova legislação também adota o Dourado (Salminus franciscanus) como símbolo do rio no município.
“Santa Luzia, já dizia o médico Jafet Dolabela, nasceu do rio, mas hoje contribui para sua destruição. Reconhecer o dia oficialmente significa que o rio é muito importante para a cidade. Não passou nem um mês da sanção e já recebemos denúncia de descarte irregular de esgoto industrial, um sinal de que a data começa a mexer com as pessoas”, comemora Durães, que é professor de Sociologia da rede pública estadual e mestre em Ciências Sociais pela PUC Minas.
O covereador ressalta que “antes do mandato coletivo, já acompanhávamos o Subcomitê Poderoso Vermelho [órgão do CBH Rio das Velhas que reúne ao bacias dos ribeirões batizados com esses dois nomes] e participávamos da defesa do meio ambiente e das águas pelo Movimento Salve Santa Luzia”.
Suzane Duarte e Glaucon Durães, que juntos formam o mandato coletivo ‘Luzias’
Para Vicente Rodrigues, secretário do Meio Ambiente de Santa Luzia e antigo ativista do tema – já foi conselheiro em nada menos que sete Subcomitês do CBH Rio das Velhas –, “essa lei veio coroar a importância que o rio tem, não só pela história da cidade, que nasceu quando pescadores encontraram uma imagem de Santa Luzia em suas águas, mas também pela importância econômica do rio, que tinha um porto onde os barcos se abasteciam”.
Entre as grandes metas da secretaria, diz Rodrigues, está “fazer Santa Luzia voltar a ter uma qualidade de vida como antes, com muita arborização e conservação dos corpos hídricos, com destaque para o Poderoso, cuja bacia concentra 70% da nossa população no distrito de São Benedito, e o Ribeirão Vermelho, que é na nossa área rural, mas recebe todo o esgoto de Ravena [distrito de Sabará]. Já abrimos uma picada, mas tem que pensar grande”.
O covereador Durães também sabe que a nova lei é um tijolo nessa construção que precisa ser permanente: “Com a nossa luta conseguimos progresso na defesa das águas na sede municipal. Agora precisamos avançar no distrito de São Benedito, por onde passa o Ribeirão Poderoso. Queremos que as pessoas entendam que elas têm um rio lá e que ele precisa ser defendido”. Assim seja.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Paulo Barcala
*Fotos: Glaucon Durães – Acervo Pessoal; Bianca Aun