O inverno em Minas Gerais é, tradicionalmente, um período com pouca chuva. No entanto, as mudanças climáticas pelas quais o planeta tem passado e o El Niño tendem a fazer com que os eventos meteorológicos como o da seca fiquem mais extremos e mais frequentes. Belo Horizonte já ultrapassou 100 dias sem chuva e, em Minas Gerais, 134 cidades decretaram estado de emergência devido à seca – entre elas Baldim, Buenópolis, Joaquim Felício, Lassance, Pirapora e Várzea da Palma, cidades da Bacia do Rio das Velhas.
A distância do litoral, a presença de montanhas e o bloqueio atmosférico que impede a formação de nuvens são ingredientes para que a seca em Minas Gerais e outros Estados do interior do Brasil se intensifique. Na Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, o maior impacto da falta de chuva atinge principalmente a região do Baixo Velhas, onde estão localizados os municípios que se encontram em estado de emergência, à exceção de Baldim. Algumas delas, como Pirapora e Joaquim Felício, estão em estado de emergência desde abril, segundo relatório do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). Outras, como Várzea da Palma e Lassance, decretaram emergência em junho, de acordo com a pasta.
Além dos impactos diretos sobre a disponibilidade de água na bacia, as secas podem gerar perdas para atividades como a agropecuária, a geração de energia e o setor industrial. Com o reconhecimento do estado de emergência por parte dos governos estadual e federal, as prefeituras podem solicitar recursos para ações de defesa civil como compra de cestas básicas, água mineral, refeição para trabalhadores e voluntários, kits de limpeza de residência, higiene pessoal e dormitório, entre outros.
Recorde incômodo
Belo Horizonte enfrentou sua maior seca registrada entre junho e setembro de 2019, quando passou 113 dias secos, mas, se as previsões meteorológicas se confirmarem, esta estiagem pode superar esse recorde da série histórica. Sem chuva desde abril e com projeções de que as precipitações retornem apenas em setembro, a seca pode chegar a 150 dias. Isso gera preocupação com a segurança hídrica, inclusive para as cidades em estado de emergência, uma vez que a capital mineira capta água diretamente do Rio das Velhas.
Convazão acompanha de perto a situação
O Grupo Gestor de Vazão do Alto Rio das Velhas (Convazão), do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), tem acompanhado de perto a situação da vazão na bacia. Com reuniões mensais, membros do grupo e empresas como a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) monitoram diariamente a vazão nos principais pontos de aferição do Alto Rio das Velhas.
No último encontro, que aconteceu na segunda quinzena de julho, o grupo analisou a previsão do tempo para o período e as atividades de desassoreamento do Rio das Velhas. A meteorologista da Cemig, Ruany Maia, afirmou, nessa reunião, que a massa de ar seco ganhará força no Brasil. “As chuvas estão dentro da média e dá para ver que, mesmo com essa ausência de precipitação, estamos dentro do normal para essa época do ano. Estamos no ápice do período seco, e as chuvas têm se concentrado no sul do Brasil, que é o normal neste período”.
Renato Constâncio, secretário do Comitê, sugeriu intensificar as reuniões mensais do Convazão para acompanhar de perto a previsão do tempo e tomar decisões em caso de necessidade. Ele também propôs que a Cemig disponibilize um meteorologista para participar das reuniões com frequência de 15 em 15 dias. “O que a gente pode fazer aqui no Convazão é assumir o compromisso de manter a Cemig nas atualizações meteorológicas, e também até intensificar essas reuniões mensais. A partir de um certo momento, podemos fazer essas reuniões com uma frequência maior, de 15 em 15 dias”, sugeriu.
O grupo volta a se reunir na próxima quinta-feira (1).
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Leonardo Ramos
*Foto: Leo Boi