Semana Rio das Velhas chega a BH e discute enquadramento, mobilização e rios urbanos em seu 4º dia

28/06/2024 - 9:15

Nesta quinta-feira (27), a programação da Semana Rio das Velhas chegou à capital mineira, Belo Horizonte. Em sua quarta parada, em um primeiro momento, com discussões cruciais para construir uma bacia mais preservada e limpa, a programação recebeu o Diálogo Regional do Alto Rio das Velhas na sede do Comitê da bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas). Mais tarde, em um segundo momento, o Bairro Lagoa, na região do Córrego do Capão, recebeu um cortejo do bloco ‘Vejo Flores em Você’ e o Cine Velhas, com a exibição do filme ‘ReconCiliar’, de André Carvalho.


O Diálogo Regional tem desempenhado um papel crucial em diversas regiões fisiográficas, fortalecendo a integração entre os Subcomitês e seus parceiros para melhorar a governança, o diálogo e a gestão dos recursos hídricos locais. No momento, as consultas públicas híbridas, nas quais será apresentado o relatório em andamento do Prognóstico da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, estão em discussão.

Ronald Guerra, vice-presidente do CBH Rio das Velhas, destacou a importância dessa fase atual de debates sobre o enquadramento da bacia, especialmente no Alto Rio das Velhas. De acordo com Guerra, este estágio é caracterizado pela apresentação de prognósticos que abrangem cenários diversos, incluindo abordagens mais desenvolvimentistas, conservadoras e voltadas para a proteção dos mananciais. “Independentemente dos cenários apresentados, todos conduzem a uma discussão ampla essencial para orientar o enquadramento, fundamental para estabelecer metas e revitalizar os cursos d’água”, afirmou.

O vice-presidente também enfatizou a urgência de direcionar a atenção para rios como o Ribeirão Arrudas e o Ribeirão Onça, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). “Estes são rios frequentemente ‘invisíveis’ para os habitantes da cidade devido à canalização ou cobertura parcial”, observa. Ele destaca que, apesar de não estarem visíveis, sua importância é indiscutível, destacando a necessidade de integrá-los aos programas de revitalização. “É crucial que as cidades aprendam a conviver melhor com seus rios, córregos e ribeirões, incorporando-os integralmente em iniciativas de melhoria ambiental”, concluiu Guerra.

O tema “Enquadramento dos Corpos D’Água em Classes” está em alta entre os membros e técnicos do CBH Rio das Velhas, já que nas próximas semanas haverá consultas públicas sobre o Prognóstico do Enquadramento dos Corpos Hídricos da bacia do Rio das Velhas.


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Cine Velhas e o filme Reconciliar

No final da tarde, no bairro Lagoa, a comunidade local pôde acompanhar o cortejo do Bloco ‘Vejo Flores em Você’, grupo carnavalesco que tem a sua origem no próprio bairro, e assistir ao média metragem “ReconCiliar”. O filme narra a história do Córrego Capão, permeada por desafios, destacando problemas urbanos como poluição, esgoto não tratado e expansão desordenada.

Presente no evento, o diretor do filme “ReconCiliar”, André Carvalho, enfatizou a importância vital de iniciativas como o Cine Velhas no contexto do Córrego Capão. “É uma região muito carente. A maioria dessas crianças nunca frequentou uma sala de cinema, e arrisco dizer que até os adultos não tiveram essa oportunidade”, observa Carvalho. Ele destacou que eventos como esse têm o poder de despertar novas possibilidades e ampliar horizontes. “Isso é muito gratificante, pois abre um mundo de possibilidades para essas crianças e adultos, tornando o mundo muito maior”, concluiu o diretor.

Ao discutir a mobilização em torno do córrego, André destacou a necessidade urgente de mudança de perspectiva. “A situação de mobilização ainda é limitada. Converso muito com os vizinhos e muitos ainda pensam em transformar o córrego em uma avenida, planejando abrir comércios sem considerar a água como recurso de lazer, beleza ou qualidade de vida. O córrego se tornou um depósito de lixo e entulho, afastando as pessoas”, lamentou. Ele ressalta o trabalho colaborativo com grupos como CBH Rio das Velhas e o Projeto Manuelzão para despertar a conscientização sobre a importância da recuperação do córrego. “Mostramos que revitalizar o córrego é muito mais econômico do que grandes obras de asfalto ou concreto”.

Uma moradora que relembra com nostalgia sua infância nadando na região onde hoje se encontra o Capão é a Nívia Maria Brígida Ribeiro. Com 65 anos, ela relembrou os dias que nadava ali perto. “Tinha uma lagoa maravilhosa e acho muito importante preservar isso, cuidar do Capão, acabar com o lixo, incentivar o plantio e a preservação. Aqui existem algumas nascentes, então é crucial renovar e educar as crianças, nas escolas e também os adultos que não conheceram essa região como eu conheci”, enfatizou Nívia.

Ela lamentou a transformação da paisagem devido ao concreto e reforçou a importância da preservação do Capão. “Quando vejo tudo cimentado, penso como era antes, quando nadava aqui. Vamos preservar o Capão”, pediu. Sobre a mobilização local e os esforços de preservação ambiental, Nívia ressaltou: “É importante porque conscientiza as pessoas sobre a responsabilidade de preservar. É crucial não destruir, não jogar lixo, não fazer queimadas. O mais importante é preservar a natureza, plantar hortas, árvores. Isso é muito importante.”

Semana Rio das Velhas 2024

Após passar por Joaquim Felício (24), Morro da Garça (25), Sete Lagoas (26) e Belo Horizonte (27), a programação da Semana Rio das Velhas 2024 chega ainda mais próxima à nascente do Rio das Velhas, em Acuruí (28), distrito de Itabirito. Entre as atividades previstas estão a Plenária comemorativa de 26 anos do CBH Rio das Velhas, Visita técnica, Exposição Itinerante e o Cine Velhas.

O ponto alto será no próximo 29 de junho, Dia do Rio das Velhas, quando o Comitê promoverá uma cicloexpedição pelo Ribeirão Arrudas, na capital mineira.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Fotos: João Alves