
Na última quarta-feira (28), membros do Subcomitê Ribeirões Caeté-Sabará, vinculado ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), visitaram as obras de esgotamento sanitário da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) em Sabará para acompanhar o andamento da atual fase de implementação do sistema.
A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Ribeirões Caeté-Sabará, situada no Alto Rio das Velhas, exerce forte influência sobre a qualidade da água do Rio das Velhas. O lançamento de esgotos e efluentes nos corpos d’água da região compromete significativamente os parâmetros ambientais, especialmente na confluência do Ribeirão Sabará com o Rio das Velhas. Nessa área, a classificação atual do Rio das Velhas sofre rebaixamento, deixando de ser Classe 2 — própria para abastecimento humano após tratamento convencional — para Classe 3, que exige tratamento convencional ou avançado para o mesmo fim. Portanto, o tratamento sanitário da cidade de Sabará é de grande importância para o Comitê, para o Subcomitê Caeté-Sabará e para a população.
De acordo com a Copasa, o Sistema de Esgotamento Sanitário de Sabará está na terceira fase de implementação. Para atender ao município, a companhia utilizará mais de 30 Estações Elevatórias de Esgoto, responsáveis por levar os resíduos até a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Arrudas, em Belo Horizonte. Ao todo, serão instalados mais de 3.600 metros de redes coletoras, 7 mil metros de interceptores e 12 mil metros de linhas de recalque para garantir a eficiência do sistema.
Na prática, as Estações Elevatórias de Esgoto localizadas nos bairros Sede/Centro Histórico, Nações Unidas, Malheiros, Rosário, Galego, Roças Grandes, Vila Mariana, Adelmolândia, Paciência/Vila Real, General Carneiro, Borges, Amélia Moreira, Borba Gato, entre outras regiões do município, serão responsáveis por bombear os resíduos até a Estação Elevatória Final. Nessa etapa, haverá a trituração de materiais sólidos e a separação mecânica de areia e detritos, antes do envio à ETE Arrudas, com capacidade para atender até 1,6 milhão de pessoas.
Segundo Júlio César de Brites Cruz, engenheiro fiscal da obra pela Copasa, 19 Estações Elevatórias de Esgoto estão em fase de construção, outras cinco ainda serão implantadas e duas já foram concluídas, encontrando-se atualmente em fase de testes. A previsão é de que a obra seja finalizada em 2026, com início imediato das operações após a conclusão.
Veja mais fotos:
Subcomitê
Para Renato Mattarelli, membro do Subcomitê Ribeirões Caeté-Sabará e integrante do movimento social “Eu Rejeito Barragens”, a visita às obras representou um momento importante de diálogo institucional. “Considero o encontro positivo na medida em que há uma interação direta com quem está executando um serviço de alta complexidade. Realizar o saneamento em uma cidade como Sabará, marcada por uma geografia acidentada entre vales e montanhas, não é uma tarefa simples. Ver de perto as dificuldades enfrentadas pela empresa nos dá uma dimensão mais concreta dos desafios, tanto no curto quanto no médio prazo”, avaliou.
Mattarelli também destacou que o processo de implantação do sistema de esgotamento sanitário está sujeito a diversas variáveis, que vão além do aspecto técnico. “Estamos submetidos a uma série de questões — técnicas, econômicas e políticas — que precisam ser compatibilizadas para que o resultado tenha eficácia. Por isso, considero essencial o diálogo com a empresa e os entes envolvidos. Muitas vezes, surgem soluções a partir da troca de experiências, inclusive com olhares que vão além da técnica e ajudam a enriquecer o processo”, concluiu.
Edna Araújo, conselheiro do Subcomitê e representante da ProBiomas, reforçou a importância da visita às obras para ampliar a compreensão sobre os desafios do saneamento em Sabará. Segundo ela, o acompanhamento próximo permite uma fiscalização mais efetiva e uma melhor percepção das dificuldades técnicas enfrentadas, agravadas pelo crescimento urbano desordenado. “A situação do esgoto na cidade é mais crítica do que se imagina, e esse avanço desorganizado dificulta ainda mais a execução das obras. Por isso, é fundamental acompanhar todo o processo, cobrar transparência da Copasa e garantir que o sistema seja concluído dentro do prazo, considerando os impactos na saúde pública e no meio ambiente”, afirmou.
Como encaminhamento, o Subcomitê Caeté-Sabará decidiu solicitar visitas periódicas às obras, além de uma recapitulação de todo o processo desde o seu início, com o objetivo de mapear os principais obstáculos técnicos enfrentados até o momento. Esses encaminhamentos visam aumentar a transparência, possibilitar uma fiscalização mais eficaz e fortalecer o diálogo entre a comunidade, o Comitê e a Copasa.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Fotos: João Alves