Subcomitês Onça e Arrudas discutem a segurança hídrica de Belo Horizonte

16/12/2019 - 12:32

Reunião conjunta dos Subcomitês dos Ribeirões Arrudas e Onça, realizada na última quinta-feira (12), em Belo Horizonte, discutiu um assunto de extrema importância e urgência para mais de 5 milhões de habitantes: a segurança hídrica da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), tão fragilizada e ameaçada nos últimos anos.

Paulo Rodrigues, Doutor em Mineralogia/Geologia e pesquisador do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), explicou a importância do Aquífero Cauê no abastecimento de água da região e os impactos da mineração na escassez hídrica. Segundo ele, as características do Quadrilátero Ferrífero são essenciais para que a água da precipitação seja armazenada e sirva de recarga para os cursos d’água da região. “80% de toda água subterrânea profunda que abastece a região está na formação Cauê. O Aquífero Cauê é formado de ferro, e as características físico-químicas do minério de ferro são especiais para o armazenamento de água, pois o minério de ferro não se mistura com a água, mantendo-a pura. Dessa forma, podemos chamá-lo de Quadrilátero Ferrífero e Aquífero.”

Segundo ele, há algumas situações que ameaçam a segurança hídrica da RMBH: 1) a mineração direta destrói o aquífero, uma vez que, nessa região, é o próprio minério de ferro que armazena a água; 2) as barragens de rejeitos de minério constituem grande perigo, pois, caso se rompam, como aconteceu em Brumadinho, podem contaminar as águas dos rios e, consequentemente, inviabilizar a captação; 3) a atividade de mineração por si só, mesmo que não haja rompimento de barragens, impacta a qualidade da água, visível no fato de que a margem esquerda do Rio das Velhas possui qualidade de água menor que o lado direito, onde ainda não há mineração de grande porte; e 4) a especulação imobiliária agora ameaça exatamente as principais áreas de recarga hídrica – como é o caso da CSul, que pretende construir condomínios para 140 mil pessoas na região da Lagoa dos Ingleses.

“Se estamos vivendo um cenário de apocalipse dos aquíferos, também estamos preocupados com a irregularidade das chuvas que afeta a recarga desses aquíferos. Quanto maior a irregularidade das chuvas, maior a necessidade de preservar os aquíferos, que são nossas reservas naturais de água”, finaliza Paulo.

Veja as fotos da reunião:

Diante desses alertas, Jeanine Oliveira, representante do Subcomitê Arrudas, destacou sua atuação de combativa junto aos órgãos públicos e empresas privadas pela preservação da bacia do Rio das Velhas e indicou como os Subcomitês devem agir na atual situação de crise hídrica que vivemos. Segundo ela, “o conhecimento, seja ele técnico ou popular, tem sido a única ferramenta que, de fato, nos tem ajudado a resguardar, preservar ou recuperar qualquer área. É necessário conhecer as estruturas políticas, as esferas de governança e suas competências para entender de quem são as responsabilidades e onde buscar as soluções.”

Ao final da reunião, Eric Machado, coordenador do Subcomitê Ribeirão Onça, enfatizou a importância de todos estarem presentes na discussão sobre a remodelagem de gestão das águas no dia 17 de dezembro, às 9h30, na sede da SUPRAM Central.

 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
* Texto e fotos: Leonardo Ramos