Ambientalistas querem a ampliação do Parque Estadual da Baleia, em Belo Horizonte. Em reunião provocada pelo Subcomitê Ribeirão Arrudas e requerida pela deputada Beatriz Cerqueira (PT), na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quarta-feira (22), eles cobraram a incorporação da mata que fica no entorno do Hospital da Baleia a essa unidade de conservação.
A Mata da Baleia fica em um terreno pertencente ao Estado localizado entre os bairros Taquaril e Paraíso, na zona leste de Belo Horizonte. Como lembrou a deputada Beatriz Cerqueira, que solicitou a realização da audiência pública, a região tem um papel importante para a proteção de aquíferos e para a preservação de espécies endêmicas ameaçadas.
Em 1932, foi criado o Jardim Botânico da Fazenda da Baleia, a primeira unidade de conservação da Capital. Em 1988, essa área deu origem ao Parque Estadual da Baleia, que protegeu a parte mais alta da Serra do Curral, mas deixou de fora a maior parte da mata, ao longo do Córrego Navio Baleia.
Para os ambientalistas e pesquisadores, também é preciso assegurar a conservação da Mata da Baleia. A área, com vegetação de mata atlântica, abriga plantas e animais ameaçados, como lobo guará, jacu, quati e esquilo. Segundo a bióloga Marina Peres Portugal, a manutenção dessa biodiversidade depende da proteção da mata.
O Córrego Navio Baleia é um dos últimos cursos d’água que ainda não foram canalizados em Belo Horizonte, de acordo com a geógrafa Márcia Marques, coordenadora do Subcomitê Ribeirão Arrudas. Ela frisou que tanto a mata quanto o Parque da Baleia integram um grande corredor verde ao redor da Serra do Curral, considerado essencial para garantir a preservação dos recursos hídricos e a qualidade do ar e do clima na Capital.
“É um cenário magnífico, mas fica em uma área rica em minério com alto teor de ferro, que sofre pressão do complexo minerário”, explicou. Ainda de acordo com ela, a região também vive sob pressão do mercado imobiliário.
Márcia Marques explicou que a Mata da Baleia já é protegida por diversas normas. Mas, na sua avaliação, nenhuma delas garante a proteção efetiva da vegetação. Ela lembrou que, em 2023, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) solicitou ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) a redução da área de amortecimento do Parque da Baleia.
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Incêndios florestais também são ameaça
Além da pressão da mineração e da especulação imobiliária, a Mata da Baleia também é ameaçada pelos incêndios florestais. No início de outubro, um incêndio que durou três dias consumiu parte da vegetação. O Hospital da Baleia foi tomado por fumaça e teve que suspender atendimentos e realocar pacientes.
A superintendente jurídica Lilian Katiusca Melo Nogueira disse que o hospital está comprometido com a preservação da Mata da Baleia. Segundo ela, o hospital está há 18 anos buscando regularizar sua situação fundiária, um passo necessário para definir os limites da unidade de conservação. “Estamos de braços abertos para contribuir com essa regularização e ampliar as medidas de proteção da Mata da Baleia”, afirmou.
Plano de manejo do parque ainda foi concluído
O Instituto Estadual de Florestas (IEF), responsável pela gestão do Parque Estadual da Baleia, é favorável à incorporação da Mata da Baleia. De acordo com a diretora de Áreas Protegidas do órgão, Letícia Horta Vilas Boas, as negociações não avançaram porque o plano de manejo do parque ainda não foi concluído.
Para a elaboração desse plano, será preciso fazer estudos de fauna e flora e realizar uma consulta livre, prévia e informada à comunidade quilombola Manzo Ngunzo Kaiango, que utiliza a mata para fazer seus rituais religiosos.
A deputada Beatriz Cerqueira criticou a demora na aprovação do plano de manejo. “Em sete anos, o Governo do Estado não criou nem ampliou nenhuma unidade de conservação ambiental”, lamentou.
No final da reunião, ela disse que vai fazer uma visita técnica à Mata da Baleia e elaborar um projeto de lei para garantir a sua incorporação ao parque estadual.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Com informações da Assessoria de Comunicação da ALMG
*Fotos: Daniel Protzner/ALMG
