CBH pede investigação sobre possível vazamento tóxico no Alto Velhas

28/03/2023 - 17:52

Mortandade de peixes, forte turbidez das águas e uma lama brilhante e escura amontoada nas margens do Rio das Velhas. O fato, noticiado já em 21 de março por veículos de imprensa da região, vem preocupando a população ribeirinha dos municípios de Nova Lima e Rio Acima, no alto curso do rio.

Observações preliminares apontaram que a origem do problema pode estar no córrego Fazenda Velha, que nasce em Rio Acima e deságua no Rio das Velhas nas proximidades da MG-30.

 

Prefeituras

 As prefeituras de Itabirito, Nova Lima, Rio Acima e Ouro Preto vêm mantendo contato permanente no acompanhamento do caso, segundo o secretário de Meio Ambiente itabiritense e coordenador do Subcomitê Rio Itabirito, Frederico Leite, e devem produzir nota conjunta nos próximos dias.

Frederico Leite, secretário de Meio Ambiente de Itabirito e coordenador do Subcomitê Rio Itabirito.

Segundo Leite, “recebemos a denúncia pelo Subcomitê [Rio Itabirito] na terça da semana passada, dia 21, pelo grupo de WhatsApp que monitora as águas. Começamos a averiguação e acionamos as prefeituras das cidades imediatamente a jusante”.

O secretário informa ainda que foram feitas “varreduras no ribeirão Mata Porcos [em Itabirito] e nos ribeirões Mango e Sardinha [em território ouro-pretano] e algumas análises”, o que também foi solicitado à Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e à Polícia Ambiental, que não teria encontrado anormalidades na água, entre os dias 23 e 24, nem peixes mortos. Além disso, conforme Leite ouviu da Polícia, “as imagens fornecidas são de espécies que não seriam da bacia”.

Leite conclui informando que “no baixo Itabirito, não encontramos nada, mas continuamos fiscalizando as cabeceiras, com equipamentos e vistoria em campo”.

 

Comitê age rápido

 O Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) também oficiou o IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas) na manhã desta terça-feira (28), solicitando “a devida fiscalização, para que assim possamos ter mais informações sobre a situação”.

“As águas não mentem. Tudo aparece. Não é um tapete que se joga a sujeira por baixo”, diz Marcus Vinícius Polignano, secretário do CBH. A pronta ação do Comitê vem da capilaridade de sua atuação na bacia: “Temos os ‘Amigos do Rio’, pessoas que sistematicamente nos informam sobre qualquer alteração. Fomos comunicados pelas pessoas daquela região sobre essa mudança repentina, a água com característica mais barrenta e densa”, completa.

Polignano informa: “Estamos tentando identificar a causa. Temos certeza de que foi algum tipo de estrutura que provocou esse derramamento para dentro do rio. Há muitas empresas de mineração na região, mas quem faz nunca aparece, ainda relutam em assumir responsabilidades, o que é nefasto para todo mundo”.

Marcus Vinícius Polignano,

Vinícius Polignano, secretário do CBH Rio das Velhas.

 

Subcomitê no mesmo tom

 O Subcomitê Rio Itabirito, um dos 19 organismos de base no CBH Rio das Velhas, também está atento ao problema. Ronald Guerra, um dos coordenadores do colegiado, conta que o tema, já objeto de conversas entre os membros do coletivo, será pautado na próxima reunião.

Para ele, a ocorrência não ter se dado “em período chuvoso” reforça “a possibilidade de ser fruto de ação humana”. Guerra explica que a região tem a atuação de diversas mineradoras, como a Vale [no Complexo de Vargem Grande], a Namisa [hoje Minérios S/A, da CSN e de um consórcio asiático, com o Complexo Fernandinho] e outra de sílica, na Serra da Santa, na região conhecida como Gata Branca [Anex Mineração, em Itabirito]”.

Ronald Carvalho, membro do Subcomitê Rio Itabirito.

O IGAM foi procurado pela reportagem, mas não se pronunciou até o fechamento da matéria.

 


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Paulo Barcala
Foto:Reprodução/Rede Record e TantoExpresso