O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) apresentou a moradores e produtores rurais das sub-bacias dos córregos Riachão e das Abelhas, em Jequitibá e Santana de Pirapama, o resultado da aplicação das metodologias Zoneamento Ambiental e Produtivo (ZAP) e Indicadores de Sustentabilidade em Agroecossistemas (ISA) da região. O objetivo foi detalhar as informações sobre as áreas a fim de proporcionar melhoria da atividade econômica de forma sustentável nas propriedades, a sua preservação e, principalmente, o aumento da quantidade e qualidade da água nos córregos locais.
O Seminário de Apresentação e Conclusão do Projeto ZAP-ISA foi apresentado na comunidade de Perobas, em Jequitibá, no início da noite da última segunda-feira (05). A área de atuação do estudo abrangeu aproximadamente 24 mil hectares das sub-bacias do Riacho Riachão e Córrego das Abelhas, formadas pelos córregos Vargem Formosa, da Estiva, das Perobas, da Lapa, Riachão, dos Moreiras, das Abelhas e Riacho do Barro. A região pertence a Unidade Territorial Estratégica (UTE) Peixe Bravo, no Médio Baixo Rio das Velhas. O seminário foi abrilhantado com a apresentação da Orquestra Mineira de Viola Caipira.
A presidenta do CBH Rio das Velhas, Poliana Valgas, considera que a iniciativa é de extrema importância para a economia da região e para o meio ambiente de maneira geral. “Os próximos passos agora são realizar as ações que foram apresentadas neste estudo. Sabemos o panorama de toda bacia e, principalmente, dos índices de sustentabilidade de cada propriedade, seja econômica ou ambiental. Agora é buscar os recursos financeiros e executar as ações prioritárias. As fontes de recursos são diversas, como o próprio Comitê de Bacias, os governos municipal, estadual e/ou federal, além de recursos a fundo perdido. Cabe agora ao produtor rural, que tenha condição financeira, buscar adequar sua propriedade conforme o proposto pelo estudo e que será repassado para cada um deles”, completou.
Poliana Valgas participou do seminário de conclusão do projeto
Foram visitadas e cadastradas 102 propriedades por pessoal devidamente identificado. Neste universo foram identificadas 23 nascentes e 30 focos erosivos. Além disso, foram apontadas também 18 áreas totalmente degradadas, sem qualquer vegetação, com o índice de sustentabilidade das sub-bacias do Riacho Riachão e Córrego das Abelhas, de uma escala de 0 a 1, sendo de 0,57.
Dentre as obras a serem executadas nas propriedades estudadas, foram sugeridas construção de bacias de captação de águas pluviais (mais conhecidas como barraginhas), o cercamento de áreas de proteção, plantio de mudas nativas em áreas degradadas, instalação de bigodes isolados, construção de terraços em gradiente, além da mobilização social da comunidade local.
De acordo com o sociólogo Nilson Lopes, da Profill Engenharia, empresa executora do levantamento, 51% das sub-bacias estão preservadas, mas muito ainda tem que ser feito. “25% de toda a região estudada está em APP [Área de Preservação Permanente] e apresentam rastros de atividades humanas. A comunidade da Onça, por exemplo, tem uma conservação insatisfatória dos cursos de água. As 102 propriedades estudadas nos indicaram uma amostragem de que 47% das áreas apresentam boa conservação do solo e água. Porém, ambos apresentam um risco de contaminação inaceitável. Hoje a região sofre, principalmente, com a falta de inovação tecnológica para fazerem o que precisa ser feito em relação a melhorias”, avaliou.
A região que abrange as sub-bacias dos córregos Riachão e Abelhas é de produção agrícola, onde há muitos agricultores familiares e com alta demanda hídrica. O prefeito de Jequitibá, Luiz Carlos Pinheiro (Luiz da Ambulância), participou da apresentação e prometeu ser um aliado na busca de recursos financeiros. “O estudo será muito importante para nortear as ações do município. Sem água não vivemos e é bom ver o envolvimento de toda a comunidade no sentido de preservar nossas nascentes e solo. Jequitibá é grande, 70% da população está na zona rural e depende dos recursos hídricos, daí a importância do envolvimento de todos. Agora, a campanha é pela busca de recursos para a execução do projeto”, ressaltou.
Para Geraldo Ribeiro Tinoco, produtor rural na comunidade de Raiz, o trabalho é de extrema importância, sobretudo quando as benfeitoras se tornarem realidade. “Todas as ações favorecem para o aumento da disponibilidade de água e de sua qualidade. Somente no meu terreno, em 2018, foram abertas 36 barraginhas – graças a um outro projeto do próprio CBH Rio das Velhas. E os benefícios já são visíveis e favorecem a produção: o solo fica mais úmido, o que o torna mais fértil, além de garantir bebida para o gado sem depender dos cursos naturais de água. O estudo foi positivo e os moradores colaboraram muito no sentido de passar informações e permitir a entrada dos profissionais para que fizessem um levantamento mais aprofundado dentro das propriedades cadastradas”, afirmou.
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ZAP e ISA
O Zoneamento Ambiental e Produtivo (ZAP) é o estudo que avaliou as características de relevo e paisagens da região, uso e ocupação do solo, e a necessidade e disponibilidade de água na área. Um dos seus resultados foi a indicação das melhores áreas para produção, conservação e recuperação no território.
Já o Indicadores de Sustentabilidade em Agroecossistemas (ISA) foi o estudo aplicado em algumas propriedades rurais. Mais detalhado, permitiu avaliar as atividades produtivas desenvolvidas nas propriedades e as possibilidades de adequações para ganhos na produção e melhoria das condições ambientais.
Ação é fruto da cobrança pelo uso da água
O projeto de Zoneamento Ambiental e Produtivo (ZAP) e Indicadores de Sustentabilidade em Agroecossistemas (ISA) da UTE Peixe Bravo foi realizado com os recursos arrecadados através da cobrança pelo uso da água na bacia. Instrumento de gestão implementado em 2010, a cobrança é uma importante fonte financiamento de diversas ações, como educação ambiental, produção de água, recuperação de áreas degradadas, proteção de nascentes e cabeceiras de rios e muitas outras, como também um convite ao uso racional da água.
O projeto é uma realização do CBH Rio das Velhas, com apoio da Agência Peixe Vivo, a um custo de R$ 430 mil. A execução foi da empresa Profill.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Celso Martinelli
*Fotos: Celso Martinelli