Após realizar uma visita técnica em uma das minas de ouro mais antigas do mundo, a Câmara Técnica de Outorga e Cobrança (CTOC) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das velhas) se reuniu nesta última segunda-feira (14), de forma online, para discutir o parecer sobre o processo de outorga solicitado pela mineradora AngloGold Ashanti. Essa é uma das últimas etapas do processo de requerimento de outorga.
Após desativar as minas de ouro Velhas e Grande, a mineradora Anglogold Ashanti vem buscando formas de revitalizar o espaço que antes foi o centro administrativo da empresa e devolver ao Córrego do Cardoso, importante curso d’água existe na região, a água subterrânea que inundou as minas em questão. Para regularizar este lançamento, em setembro a empresa entrou com o processo de Outorga de Grande Porte (nº 15219/2024) no CBH Rio das Velhas, sendo responsabilidade da CTOC avaliar o pedido.
Desde o requerimento, esta é a terceira vez que membros da câmara se reúnem para discutir o pedido e encaminhá-lo para votação na plenária extraordinária do CBH Rio das Velhas. O parecer da CTOC abordou diversos pontos, mas praticamente todos seguem a decisão favorável já indicada no parecer técnico do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) e da Unidade Regional de Gestão das Águas (URGA).
No documento elaborado pela Câmara Técnica de Outorga e Cobrança do CBH Rio das Velhas e pela Agência Peixe Vivo (APV), ambas avaliam que “a intervenção proposta é relevante para evitar o extravasamento de água subterrânea, de forma não controlada, impedindo a inundação da área, ao possibilitar a manutenção do nível da água no interior da galeria estabilizado”. O despejo e a vazão da água subterrânea existentes nas minas Velha e Grande, no Córrego do Cardoso, são de 40 metros cúbicos por hora (m³/h).
Durante a apresentação do parecer, algumas questões também foram levantadas, como a qualidade da água presente no interior das minas Velhas e Grandes. O membro Rodrigo Lemos questionou a necessidade de a água passar por um tratamento antes de ser canalizada e despejada no Córrego do Cardoso. A Gerente de Hidrogeologia e Meio Ambiente da Anglogold Ashanti, Kenia Guerra, explicou que existem sedimentos devido a atividade minerária na água, por isso a necessidade de tratamento. “Muitas partículas são transportadas na água devido ao processo de detonação, que cominui a rocha em partículas menores. Esse processo de mineração expõe a rocha, e o contato da água com essas partículas exige tratamento para remoção. É necessário reduzir a turbidez utilizando agentes de suspensão, garantindo que a água devolvida tenha qualidade superior”, explicou a gerente.
O parecer técnico foi aprovado pela câmara e agora segue para ser deliberado em uma plenária extraordinária, prevista para 24 de outubro.
Empreendimento
Com a regularização, a empresa planeja executar o Projeto Nova Vila em uma área de 260 mil m² do antigo sítio de mineração. Esse projeto incluirá centros culturais, espaços de convivência, corredores ecológicos, áreas de lazer, comércio, serviços e residências. O projeto será executado em parceria com o poder público e privado.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Fotos: João Alves