Defesa Civil de Itabirito pede ação da Vale em ECJ para reduzir risco de enchente

10/01/2023 - 17:55

A Defesa Civil de Itabirito apresentou, em novembro passado, ao Subcomitê Rio Itabirito, do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), relatório sobre possíveis efeitos da Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ) da mineradora Vale, localizada no complexo Mina de Fábrica, na divisa desse município com a cidade de Ouro Preto, sobre a velocidade com que a água vertida da estrutura chega à sede municipal.


Segundo Filipe Delabrida, coordenador do órgão, a diferença entre vazão de entrada e de saída na água no reservatório “aumenta a pressão e, em consequência, a velocidade da água”, reduzindo “pela metade o tempo de resposta” da Defesa Civil para ações preventivas em caso de inundações.

Muro gigante

A ECJ em questão, um muro com nada menos que 95 metros de altura e 330 de comprimento, tem a função de conter os rejeitos das barragens de Forquilhas I, II, III, IV e Grupo, em caso de rompimento. Forquilhas III é um dos dois barramentos da empresa em nível 3 de emergência em Minas. Forquilha IV está em nível 1 e Forquilhas I, II e Grupo, em nível 2. A megaconstrução está localizada na região do Ribeirão Mata Porcos, a 11 quilômetros do complexo de barragens.

Em 14 de dezembro, a mineradora encaminhou notificação de intervenção emergencial em recursos hídricos ao CBH Rio das Velhas. De acordo com a companhia, as obras, que “já foram finalizadas”, são “importantes para prevenção e mitigação de impactos na região da estrutura durante o atual período chuvoso” e “fazem parte das ações de melhoria da região a montante da ECJ, impactada pelas intensas chuvas do início de 2022”.

A Vale assegura estar prestando “todos os esclarecimentos à prefeitura e órgãos competentes sobre o funcionamento da ECJ, inclusive para análises sobre a possibilidade da influência da estrutura no controle de cheias em períodos chuvosos”.

Preocupação

Estrutura semelhante da mesma mineradora, no distrito nova-limense de São Sebastião das Águas Claras (Macacos), já ocasionou problemas para as comunidades do entorno. O muro de 33 metros de altura potencializou os danos causados pelas fortes chuvas que atingiram a região no início do ano passado, com várias casas inundadas e estradas bloqueadas. Muitas famílias ficaram sem água e o rastro de lama tomou conta do lugar que já foi um dos mais concorridos destinos turísticos da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A Vale conta 83 barragens de mineração no estado, das quais “18 construídas pelo método de alteamento a montante, já desativadas e parte do Programa de Descaracterização”. A companhia informa que “desde 2019, outras nove barragens desse tipo foram eliminadas em Minas Gerais” e que, “atualmente, são quatro ECJs: ECJ da barragem B3/B4, em Nova Lima; ECJ da barragem Sul Superior, em Barão de Cocais; ECJ das barragens Forquilhas e Grupo, entre Itabirito e Ouro Preto; e ECJ Coqueirinho, dos diques Minervino e Cordão Nova Vista, da barragem do Pontal, em Itabira”, todas “para atender as barragens a montante que estão em processo de descaracterização”.


Confira mais fotos da estrutura, que recebeu visita técnica do Comitê, em 2020:


Monitoramento

Conforme Delabrida, a Defesa Civil de Itabirito esteve, “junto com o Ministério Público, a Agência Nacional de Mineração e a Fundação Estadual do Meio Ambiente”, visitando as obras na ECJ, cujo objetivo seria “impedir que material se acumule nas comportas e impeça seu funcionamento”.

O órgão vai iniciar monitoramento para avaliar o controle da vazão, com a instalação de sistemas de ultrassom às margens do rio Itabirito, a jusante da ECJ. A ideia, diz o técnico, “é monitorar no futuro também os afluentes”.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Paulo Barcala
*Fotos: Leo Boi