Empresas apresentam fertilizante natural inovador ao CBH Rio das Velhas

14/06/2024 - 17:15

Na última quinta-feira (12), a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas gerais), junto a Cemig (Companhia energética de Minas Gerais), a Transplantar Tree e a empresa Compost Tree, promoveram uma visita junto a membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) para conhecerem a iniciativa que trata e prepara o lodo de esgoto doméstico em fertilizante para terras e plantas. Representantes do Comitê e das empresas conheceram a Usina de Compostagem de Compost Tree em Esmeraldas, na região Central do Estado, e discutiram os possíveis usos do fertilizante natural em áreas degradadas e de recuperação florestal.


A partir de um processo já desenvolvido pela empresa Transplantar Tree, na qual produzia um fertilizante Classe A, que possui matéria-prima de origem vegetal ou animal em sua composição, a engenheira sanitarista da Copasa, Frieda Keifer Cardoso, viu a chance de unir tal processo com o conhecimento adquirido em uma especialização feita na Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). Na ocasião, Frieda Cardoso estudou os processos de compostagem feitos no Japão, a partir dos resíduos produzidos em operações de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), o lodo de esgoto.

Por se tratar de uma mistura que possui matéria orgânica, microrganismo, fragmentos de sólidos inorgânicos e água, esse material era destinado a aterros sanitários, gerando assim uma problemática, já que muitos municípios não possuem áreas adequadas para descarte. Contudo, após estudos, ambas as empresas uniram esforços e desenvolveram um processo de compostagem natural a partir de três resíduos, sendo eles a de podas urbanas, fornecido pela Cemig, o lodo de esgoto das ETEs, providenciado pela Copasa, e o excremento e urina de animais como das vacas, fornecido pela usina Compost Tree.

A junção desses três materiais, junto a um processo muito minucioso e complexo físico-químico, atendendo todos os parâmetros da instrução normativa nº 26 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA), criou uma biossólido Classe B, fertilizante produzido a partir de matéria-prima de atividades urbanas, rico em nutrientes e que pode ser usado para usos agrícolas e de recuperação florestal.

Os fertilizantes Classe A e Classe B poderão ser utilizados pelo Comitê, em parceria com as empresas, em projetos de recuperação de áreas degradadas. A presidenta do CBH Rio das Velhas, Poliana Valgas, que participou da apresentação do biossólido, espera executar em breve um projeto piloto de utilização do fertilizante. “O Comitê tem total interesse em utilizar esse produto e ser parceiro da Copasa e da Cemig. Tanto que isso já está em processo, já que a Copasa está nos doando uma parte desse fertilizante para ser usado em projetos de recuperação de áreas agradáveis no Alto Rio das Velhas, especialmente na bacia do Rio Maracujá. Essa primeira doação vai para lá e iremos realizar um piloto para entender o seu uso e como que vai avançar o processo de recuperação ambiental através também da utilização do produto”, comentou Valgas.


Veja mais fotos da visita técnica:


A engenheira sanitarista, Frieda Keifer Cardoso, ressalta a importância dessa parceria entre as empresas e o CBH Rio das Velhas, justamente por possibilitar uma série de ações e quebra de paradigmas diante do biossólido. “Queremos possibilitar o uso desse fertilizante, orgânico rico em micro e macronutrientes, nas áreas degradadas do Rio das Velhas. Isso vai melhorar a saúde do solo, irá ajudar no processo de criação de mudas e recuperação de nossas nascentes. Além disso, temos o compromisso de quebrar o paradigma de que esses resíduos, como lodo de esgoto e podas urbanas, são contaminados e não poder fazer nada com eles. Esses biossólidos são subprodutos que possuem nutrientes que são capazes de fertilizar um solo que hoje não tem esses componentes. Então, conseguir consagrar essa quebra de paradigma é algo fundamental”.

O técnico da Gerência de Gestão Ambiental da Cemig, Igor Messias da Silva, reflete que hoje, tanto a Cemig, como a Copasa, compreendem que esses materiais possuem um potencial enorme para o meio ambiente. “São duas grandes empresas com potencial de geração enorme desses dois resíduos, e o nosso objetivo é reduzir gradativamente aquilo que é levado para os aterros sanitários. Do ponto de vista ambiental, os ganhos são grandes, pois esses fertilizantes possuem nitrogênio, fósforo, potássio e por aí vai. São ganhos excelentes para o meio ambiente”, explicou Igor Messias.

A aplicação do fertilizante Classe A e Classe B na bacia do Rio Maracujá ainda será acordada com os projetos em vigências na região.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Fotos: João Alves