Fórum Final celebra o encerramento do projeto EcoÁguas Gandarela, com lançamento do Guia do Visitante

08/11/2022 - 9:25

O local para acontecer o Fórum Final do Projeto EcoÁguas, que teve o objetivo principal de estimular a preservação de três pontos ecoturísticos do Parque Nacional Serra do Gandarela, foi escolhido a dedo: na sede da Casa de Gentil, no bairro Várzea do Sítio, em Raposos, bem próximo do Marco Zero do parque. Na prática, a iniciativa promoveu ações estruturais e estruturantes, ou seja, não apenas com obras físicas, como a instalação de cercas e placas, mas também com intuito de mobilização popular para que o projeto, apesar de encerrado formalmente, pudesse continuar por meio das pessoas envolvidas.


Em clima de festividade, o evento, que trouxe os resultados e as etapas desenvolvidas durante o processo, aconteceu no domingo (6), com diversos representantes tanto do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Subcomitê Águas do Gandarela, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Poder Executivo e Legislativo de Raposos, bem como da sociedade civil.

Ações estruturais

Quem abriu e conduziu o Fórum Final foi Marina Guimarães, do Grupo Myr Projetos Sustentáveis, empresa executora do projeto. Ela trouxe as etapas e os resultados alcançados ao longo do processo. “Fizemos os encontros iniciais, seleção de monitores, capacitação, mobilização, pesquisa de percepção, produção de peça gráfica, oficinas, mutirões, até chegarmos ao Fórum Final e com as instalações das estruturas”. Em sua apresentação, ela citou as cabeças de trilhas, que afixam mapas iniciais, presentes geralmente nas entradas de parques; placas de sinalização de trânsito e de diretrizes com localização, com educação ambiental, contendo mensagens positivas e não proibitivas, e com os atrativos da região; cercamento de nascentes, bloqueios, guarda corpo em locais que possuem ribanceiras, entre outras estruturas que foram instaladas.

Outros frutos

Para ela, os monitores tiveram papel fundamental por conhecerem as realidades, fazerem a comunicação, além de trazerem mais pessoas para agregarem ao projeto. “Os grupos de acompanhamento da Cachoeira de Santo Antônio e Morro Vermelho era o menor e hoje é o maior. Inclusive, há um novo projeto, realizado pelas monitoras, que iniciará na próxima semana, com a primeira feira de produtores de Morro Vermelho, de queijo, pães, bolos, mel, biscoitos, e que será mensal”.

O morador de Raposos, que já esteve à frente do Subcomitê Águas do Gandarela como coordenador-geral, Glauco Gonçalves, completou que o projeto EcoÁguas é, de certo modo, imensurável. “Porque construímos tantas coisas. Quem imaginou que teríamos tantas outras ramificações, fruto desse projeto?”.

Criação de rede

Mobilização porta a porta, cadastros de todos os moradores que estão nos pontos ecoturísticos foco do projeto, capacitação teórica sobre a qualidade da água, mutirões ambientais, com orientação sobre queimadas e incêndios florestais, bem como com orientações sobre como agir em risco de afogamento, coleta de lixo, encontro de artes, caminhadas ecológicas, exposição fotográfica, oficinas de construção de placas de educação ambiental e de plantas medicinais, além da oficina de turismo, quando nasceu a ideia de construir o Guia do Visitante – com mapa, fotos e dicas de passeios, trilhas e cachoeiras. Este foi outro material gerado a partir do projeto, citado por Marina, e entregue a cada um dos presentes, na cerimônia de encerramento.

“Criamos uma rede e as pessoas viram que podem ter poder sobre o território. Se tivemos esse projeto, podemos ter outros. Já temos vários frutos. A criação do mapa foi incrível. Tudo só foi possível pelo envolvimento de todos”, afirmou Ana Passos, conselheira do Subcomitê Águas do Gandarela e monitora do projeto EcoÁguas.


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Importância do pertencimento

Outra conselheira histórica do Subcomitê Águas da Moeda é Maria Teresa Corujo (Teca), que enfatizou a importância das ações estruturantes. “Vimos que as ações estruturais por si só não ajudariam, porque precisávamos ter sementes e continuidade. Era preciso ter acompanhamento de comunidades, com monitores de cada lugar, e atividades. Sabemos que o projeto se encerra agora, mas as sementes que ficaram, em cada um de nós, são muito fortes para que haja continuidade”, reiterou.

Um exemplo do que foi dito por Teca foi a lembrança compartilhada por Marina. “Quando as placas foram colocadas, todo mundo que passava, que participou do projeto, tirava foto, mas, no dia seguinte, elas tinham sido depredadas e retiradas. Só que o pessoal se mobilizou e conseguimos reunir novamente algumas placas e estamos reinstalando. Talvez, se não tivesse tido essa relação com a comunidade, as placas perdidas poderiam continuar perdidas”, avaliou.

Agradecimentos

O secretário municipal de Meio Ambiente de Raposos, Evandro Augusto Zeferino, agradeceu em nome do Governo Municipal e se colocou à disposição de qualquer demanda. O chefe substituto do Parque Nacional Serra do Gandarela e analista ambiental, Gabriel Lage, também esteve presente e reforçou a importância do projeto. “É muito gratificante ver a implementação desse projeto, que traz mais estrutura e qualidade na experiência de visitação do Parque Nacional, além de capacitar as pessoas, por meio de oficinas e orientações, o que qualifica ainda mais a experiência. Sou grato a todo o trabalho que há, aproximadamente, quatro anos foi concebido. Foi trabalhoso, mas é muito gratificante ver esse momento”, agradeceu Gabriel.

Também estiveram presentes outros vereadores, integrantes do projeto e sociedade civil, que puderam prestigiar a toada das crianças do projeto cultural da Casa de Gentil, que finalizou o fórum.

Projeto EcoÁguas

A Serra do Gandarela se localiza no Alto Rio das Velhas, na Cordilheira do Espinhaço e no interior do Quadrilátero Ferrífero, abrangendo Raposos, Rio Acima e Caeté. Esses municípios apresentam atrativos naturais que há́ anos são utilizados para o ecoturismo. Nesse contexto, as ações propostas no projeto visaram promover a proteção dos recursos hídricos para garantir as atividades sustentáveis vinculadas à balneabilidade, turismo, lazer e educação ambiental desses pontos.

O projeto tem como área de atuação três pontos turísticos: complexo da cachoeira do Viana e do Índio, em Rio Acima; Parque Municipal Ribeirão da Prata (Poço da Barragem, Poço da Pedra e Poço Azul), em Raposos; e Cachoeira de Santo Antônio, localizada na divisa entre Caeté e Raposos. As áreas escolhidas se encontram na bacia do Rio das Velhas e são as mais visitadas e, consequentemente, as que mais sofrem impactos com a visitação.


Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Mariana Lacerda
*Foto: Robson Oliveira