Como ações sustentáveis promovidas pelo setor produtivo contribuem para a melhoria da qualidade e quantidade de água
A sustentabilidade é uma prática cada vez mais necessária para a preservação de recursos naturais e o desenvolvimento das próximas gerações. Para alcançar esses objetivos, a produção sustentável é um caminho importante.
Em setembro de 2015, representantes dos 193 estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniram em Nova Iorque e reconheceram que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável. Em vista disso, foi lançada a Agenda 2030 que contêm 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), sendo um deles, o de número 6, o de garantir disponibilidade de água potável e saneamento para todos.
O CBH Rio das Velhas tem investido em ações de melhorias ambientais relacionadas ao ODS 6. As ações são financiadas com recursos da cobrança pelo uso da água e servem de modelo a serem replicados em toda a bacia.
O secretário do Comitê, Renato Junio Constâncio, esclarece que a cobrança é um instrumento que proporciona melhorias nas bacias hidrográficas. “Na prática, os recursos pagos pelos usuários dos recursos hídricos são investidos em ações de revitalização e conservação das bacias, gerando água em qualidade e quantidade. O recurso pago pelos usuários volta ao setor produtivo com águas de melhor qualidade e em quantidade, o que muitas vezes pode reduzir o tempo ou os gastos com a produção”, explicou.
Representantes da Cemig e Copasa no CBH Rio das Velhas, Renato Constâncio e Nelson Guimarães destacam que a cobrança pelo uso da água se reverte em benefícios aos próprios usuários de água.
Um exemplo é o Projeto de Controle e Recuperação de Erosão na Bacia do Rio Itabirito, projeto desenvolvido pelo CBH Rio das Velhas em parceria com o Subcomitê Rio Itabirito, no Alto Rio das Velhas, que é uma área importante para a produção de água e que abastece a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
O projeto foi concluído em dezembro de 2022 e promoveu a recuperação das microbacias dos Ribeirões Carioca e Silva, do Córrego do Bação e do Baixo Rio Itabirito. Ao todo foram implantadas 63 bacias de contenção de água das chuvas, 844 metros de cercas em Áreas de Preservação Permanente (APPs), 15 hectares de áreas reflorestadas com espécies nativas, 4.800 metros de terraços de níveis e 59 caixas de infiltração/dissipação, além da capacitação e educação ambiental para os moradores da região.
As bacias de contenção de água da chuva contêm enxurradas com sedimentos e abastecem os lençóis freáticos. Já as cercas e o plantio de espécies nativas auxiliam a conservação de nascentes e cursos d`água. “O projeto é muito importante, não só para os afluentes, mas para toda a bacia do Rio Itabirito. Em alguns anos vamos ver os resultados com águas de melhor qualidade e quantidade”, esclareceu a conselheira do Subcomitê Rio Itabirito e representante da secretaria municipal de Meio Ambiente de Itabirito, Fabíola Nonato.
A cobrança pelo uso da água na Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas foi implementada em 2010. De lá para cá, o Comitê destinou mais de R$ 51 milhões em 73 projetos. Boa parte dos recursos foram investidos em projetos hidroambientais (36,37%) e nas ações de educação ambiental, mobilização e comunicação social (27,14%), totalizando 63,51%.
Os investimentos em prevenção e controle de processos erosivos e de proteção de Áreas de Preservação Permanente (APP) deram os seguintes resultados:
- 63 mil mudas nativas plantadas;
- 230 hectares de área plantada;
- 122 km de áreas de APP e de áreas reflorestadas cercadas;
- 124 mil m2 de aceiros de proteção contra o fogo;
- 1.094 nascentes urbanas mapeadas na bacia;
- 1.044 nascentes urbanas com plano de ação para a recuperação e conservação;
- 4.332 barraginhas (bacias de contenção da água da chuva) construídas;
- 2.116 bigodes;
- 800 lombadas;
- 800 metros de mecanismos para a contenção de voçorocas.
15,5 hectares restaurados no Ribeirão Jequitibá
Investir em medidas que visam a aplicação de práticas sustentáveis na cadeia produtiva são ações que diversas empresas estão adotando para aperfeiçoar processos, reduzir o impacto ambiental e atrair consumidores. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que os brasileiros estão interessados em consumir marcas preocupadas com o meio ambiente e com a qualidade de vida de todos os envolvidos na cadeia produtiva.
Buscando alternativas sustentáveis, a cervejaria Ambev ajudou a conservar, desde 2016, mais de 7,5 mil hectares de vegetação no Brasil, uma área equivalente a 50 vezes o Parque Ibirapuera, em São Paulo. Isso foi possível graças ao Projeto Bacias, iniciativa da companhia em parceria com as ONGs The Nature Conservancy (TNC) e World Wide Fund for Nature (WWF-Brasil). O projeto tem como principal objetivo a recuperação do solo e da mata ciliar no entorno de importantes bacias hidrográficas, firmando parcerias com agricultores e produtores rurais para conservar a qualidade da água nesses locais.
Na bacia do Rio das Velhas o Projeto Bacias foi desenvolvido em Sete Lagoas, na sub-bacia do Ribeirão Jequitibá, no Médio Alto Rio das Velhas. As diferentes frentes do projeto envolveram a restauração de 15,5 hectares e mais de 30 hectares de fragmentos florestais conservados.
O trabalho de saneamento rural do Projeto Bacias foi acompanhado de mobilização social e educação ambiental em escolas públicas municipais, no qual foram instaladas 12 fossas ecológicas (TEvap – tanque de evapotranspiração) e 26 biodigestores, atendendo a mais de 30 famílias. Esses esforços tiveram como objetivo melhorar a qualidade e quantidade dos recursos hídricos para os mais de 250 mil habitantes que residem na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Jequitibá.
O engenheiro sanitarista ambiental responsável pela instalação dos sistemas de fossas combinados a biodigestores na bacia do Ribeirão Jequitibá, Alvânio Ricardo Neiva Júnior, esclarece que com a tecnologia de biodigestor, somente no ano de 2021, aproximadamente 187 mil litros de efluentes foram tratados e 3,7 milhões de litros de água deixaram de ser contaminados por efluentes domésticos.
“Cuidar da água é prioridade na Cervejaria Ambev. Ela sempre foi um dos nossos principais pilares de sustentabilidade, até porque sem água, não tem cerveja. O Bacias é um projeto muito bacana e com muitos desdobramentos. Sabemos que, para ampliar o alcance de nossas ações, é importante atuar para fora dos muros das nossas cervejarias. No Bacias, são muitas as pessoas envolvidas, tanto da Cervejaria Ambev, como das ONGs e dos próprios municípios. É importantíssimo ver todo mundo trabalhando em parceria para preservar o meio ambiente”, conta Filipe Barolo, gerente de sustentabilidade da cervejaria.
Mais de 63 mil mudas nativas foram plantadas pelo CBH a partir da cobrança pelo uso da água.
Mobilização e recuperação de 21 mananciais
A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) é outra empresa usuária de água que tem investido em uma produção sustentável. Com o objetivo de proteger e recuperar as microbacias hidrográficas e as áreas de recarga dos aquíferos utilizados na captação de água para tratamento e distribuição ao público, a Copasa desenvolve desde 2017 o Programa Socioambiental de Proteção e Recuperação de Mananciais da Copasa, o Pró-Mananciais.
O programa atua na mobilização de comunidades e instituições parceiras para construir coletivamente o sentimento de pertencimento da população à microbacia da região em que está inserida. Entre as principais ações estão cercamento de áreas de proteção ambiental (APP), plantio de mudas, construção de barraginhas e adequação de estradas, além do treinamento e capacitação da população local e de estudos ambientais.
O superintendente de Desenvolvimento Ambiental da Copasa, Nelson Guimarães, conta que na bacia do Rio das Velhas o programa já investiu mais de R$ 11,5 milhões. “Com os recursos foram realizados o plantio de 87 mil mudas, cercamento de 171.630 metros para a proteção de APPs, recuperação de 148 km de estradas e instalação de 3 mil bacias de contenção de água pluvial”, destacou Nelson, enfatizando ainda que o Pró-Mananciais é uma ação adicional aos recursos da cobrança pelo uso da água que também são investidos em melhorias para a bacia.
Para Nelson Guimarães, a parceria com o CBH Rio das Velhas tem sido fundamental para o sucesso do programa da Copasa.
“Principalmente no planejamento e desenvolvimento de ações ambientais para proteção do Rio das Velhas nos municípios em que temos a concessão, mas que estão localizados a montante da principal captação que é em Bela Fama, em Nova Lima, responsável pelo abastecimento de água da RMBH”.
O Pró-Mananciais é desenvolvido em 21 municípios da bacia do Rio das Velhas: Ouro Preto, Itabirito, Rio Acima, Nova Lima, Corinto, Curvelo, Diamantina, Inimutaba, Jaboticatubas, Jequitibá, Matozinhos, Morro da Garça, Nova União, Presidente Juscelino, Sabará, Santa Luzia, São José da Lapa, Vespasiano, sendo que no ano de 2022 foram incluídos os municípios de Buenópolis, Capim Branco, Santana do Pirapama e Taquaraçu de Minas.
Terraceamento promovido pelo Programa Pró-Mananciais, da Copasa.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiza Baggio